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Não basta ter a mesma idade para que as crianças se tornem amigas

Se a criança estabelece relações sociais e está feliz com elas, não há motivo para interferir  - Stefan/UOL
Se a criança estabelece relações sociais e está feliz com elas, não há motivo para interferir Imagem: Stefan/UOL

Cristina Moreno de Castro

Do UOL, em Belo Horizonte

19/03/2013 07h15

Seja por antecipar dificuldade do filho em lidar com alguma situação, como uma viagem ou uma festa, ou pelo simples impulso de ajudar sempre, há pais –principalmente de crianças até sete anos–  que forçam a aproximação com outras da mesma idade, como se a faixa etária fosse por si só garantia de empatia.

Às vezes, o empurrãozinho é bem-vindo, como no caso de crianças tímidas ou mais introspectivas, mas é consenso entre os especialistas ouvidos pelo UOL Gravidez e Filhos que o ideal é deixar que o filho escolha suas amizades.

“A criança não fica amiga de outra por uma imposição do adulto. A amizade acontece de forma espontânea. Se ela tem boas relações sociais e afetivas com os pais, naturalmente, vai buscar relações de amizade. O ideal é deixar que ela escolha com quem se relacionar”, afirma a psicóloga Jacqueline de Vicq, especialista em terapia de família e infantil que atua no IFF (Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira), no Rio de Janeiro, instituição ligada a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

A criança tem seus próprios critérios para fazer amizades. Em um primeiro momento, procura amigos que se pareçam com ela, inclusive na faixa etária, mas não necessariamente.

“É interessante conviver com colegas não só com idades diferentes, mas também com características diferentes”, afirma a psicóloga Simone Ferreira, professora e coordenadora do curso de pós-graduação em psicopedagogia da AVM Faculdade Integrada, no Rio, e especialista em educação de crianças.

Supervisão

O que cabe aos adultos é supervisionar se o filho está feliz com as relações que escolheu. “Às vezes, o grupo todo é mais velho e ele é menorzinho e vai se sentindo muito diminuído. Nesse caso, pode-se buscar aproximar a criança a um grupo mais compatível com sua faixa etária. Mas é importante valorizar suas escolhas. Se ela está feliz e se relacionando, não há motivo para interferir”, declara a psicóloga Jacqueline de Vicq.

O risco do excesso de interferência dos adultos nas relações do filho é que ele se torne excessivamente dependente para tudo. Ou, ainda pior, torne-se um adolescente e depois um adulto que também depende dos outros para tomar suas decisões. “Quando a família fica o tempo inteiro fazendo isso pela criança, ela acaba se acomodando. Depois transfere o comportamento para tudo em sua vida, não só nas amizades. Existem crianças que são passivas e a família acaba, sem querer, reforçando a postura”, declara Simone.