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A partir dos sete anos, criança já pode andar de skate e patins

O adulto tem de estar atento aos limites da criança - Thinkstock
O adulto tem de estar atento aos limites da criança Imagem: Thinkstock

Ludmilla Ortiz Paiva

Do UOL, em São Paulo

21/06/2013 08h05

Ficar em pé sobre patins, fazer uma manobra radical no skate ou andar de bicicleta sem rodinhas, pela primeira vez, são conquistas inesquecíveis para qualquer criança. Mas, antes de estimular seu filho a se aventurar sobre rodas, é importante estar ciente de algumas informações, como a idade indicada para essas atividades.

Segundo Bruno Massa, ortopedista infantil do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, o ideal é que a criança comece a praticar após os sete anos.

"Em geral, as crianças desenvolvem até essa idade um equilíbrio chamado propriocepção [capacidade de reconhecer a localização espacial do corpo, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais]. Antes de desenvolvê-la, é difícil que a criança consiga usar patins ou skate. É possível que alguns se desenvolvam mais precocemente, mas a maioria demora até os sete anos", afirma Massa.

Na dúvida sobre o desenvolvimento da propriocepção da criança, é possível fazer uma avaliação colocando alguns desafios para ela, como conseguir mudar de direção na corrida, saltar alternando os pés e permanecer em um pé só, sem apoio, e com os olhos fechados. Se ela conseguir realizar essas tarefas perfeitamente, os patins, o skate e a bicicleta podem ser introduzidos com alguns cuidados.

"Existem dois tipos de incentivo: o ótimo e o perigoso. No ótimo, o adulto considera a capacidade da criança e vai um pouco além dela. No perigoso, o adulto incentiva logo de início manobras difíceis ou muito radicais", diz Luiz Dantas, professor do curso de licenciatura da Escola de Educação Física e Esporte da USP.

Ir além dos limites pode provocar acidentes. O ortopedista Massa conta que as lesões provocadas por quedas podem causar desde contusões, escoriações e fraturas a trauma craniano.  Segundo o médico, o número de lesões em praticantes dessas atividades está em ascensão, assim como o número de praticantes.

"As fraturas mais frequentes são dos membros superiores, principalmente do punho, antebraço e cotovelo. Entre elas, as do punho são as mais numerosas. A grande maioria pode ser tratada sem necessidade de cirurgia, mas a prática mais radical aumenta a gravidade das fraturas, e algumas demandam intervenções cirúrgicas."

Para evitar machucados, é imprescindível usar equipamentos de segurança adequados, como joelheiras, cotoveleiras, luvas e capacete, além de roupas mais robustas, que evitam o contato da pele com o chão, como calças jeans. E, sobretudo, respeitar os limites de cada criança.

"Os equipamentos são uma maneira de incentivar a criança a continuar tentando. Quando ela cai e se machuca, pode ficar com medo e nunca mais voltar a usar os patins, por exemplo. Se ela não se machuca, o trauma da queda será menor. Além disso, crianças sentem medo quando estão sobre rodas. Com o equilíbrio desenvolvido, conseguem se antecipar na hora da queda e se defendem melhor de lesões", fala o professor Dantas.

Dicas para começar bem

Para crianças que estão começando agora nos patins, o professor Luiz Dantas indica os modelos com duas rodas de cada lado –aquele mais antigo, usado até hoje em competições de patinação artística. "O modelo ‘in line’, com as quatro rodinhas emparelhadas, reduz a área de equilíbrio do corpo, deixando os joelhos instáveis."

A bicicleta deve ser adequada à estatura da criança, assim como o skate. Neste último, o ideal é que os dois pés da criança encaixem-se no shape (a estrutura de madeira), que é vendido em vários tamanhos.

"Segurança, às vezes, implica em comprar equipamento bom, que não trava de repente ou estraga no meio da prática", afirma Dantas.

Os pais também devem ficar atentos ao ambiente: a escolha de um chão liso é fundamental. Para crianças menores, um terreno liso, mas com algumas ranhuras, pode ajudar a controlar a velocidade por meio do atrito.

Todo apoio é bem-vindo

Para o professor Luiz Dantas, ensinar é dar suporte emocional e segurança para a criança aprender sozinha. O adulto tem de levar em consideração que é difícil andar pela primeira vez de skate, patins e bicicleta depois de apenas ouvir algumas instruções teóricas sobre o uso desses equipamentos.

"Nosso cérebro é meio surdo para entender o passo a passo de como praticar esses esportes. Não é como o vôlei, por exemplo, em que você estuda posições adequadas para melhorar seu desempenho. Patins, skate e bicicleta só podem ser aprendidos via experiência direta com o objeto. O que ajuda muito no aprendizado é o encorajamento, o abraço, o carinho e a paciência. Enquanto a criança se sentir, por si só, motivada a continuar tentando, é legal encorajá-la, policiando-se para dar incentivos ótimos e não perigosos."