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Veja como funciona o intestino do bebê e saiba identificar problemas

Para interpretar as mudanças no ritmo intestinal do bebê, é importante entender cada fase - Getty Images
Para interpretar as mudanças no ritmo intestinal do bebê, é importante entender cada fase Imagem: Getty Images

Juliana Zambelo

Do UOL, em São Paulo

30/09/2013 14h08

No primeiro ano de vida do bebê, muitas mudanças acontecem em seu organismo e, como consequência, seu cocô se altera a cada nova fase. As alterações podem se tornar motivo de atenção e preocupação para os pais, mas, ainda que algumas vezes elas indiquem possíveis problemas de saúde, em outras, estão apenas acompanhando o amadurecimento de todo o corpo.

Para Moises Chencinski, pediatra da SPSP (Sociedade de Pediatria de São Paulo), qualquer mudança nas fezes da criança merece ser observada e investigada, mas nem sempre é sinal de alerta. Segundo o médico, para afirmar que ela indica um problema de saúde é importante observar se a criança apresenta outros sintomas associados, como vômitos, náuseas, distensão abdominal e gases, ou sintomas gerais, como febre, suor, tremores, mudanças no apetite e no humor, perda ou ganho não  adequado de peso.

Para Gerson Matsas, pediatra do Hospital Samaritano de São Paulo, os pais não devem, então, considerar o estado do cocô como único indicativo da saúde do bebê. “Nunca se deve ver a criança só por um aspecto, não dá para se basear só nisso.”

Mudanças normais

Para interpretar as mudanças no ritmo intestinal do bebê, é importante entender as transformações normais dessa fase.

As primeiras evacuações do recém-nascido eliminam um tipo especial de fezes chamado mecônio. “São fezes que foram produzidas no período intrauterino, antes de a criança se alimentar”, afirma Gerson Matsas. Elas possuem cor escura e consistência amolecida e grudenta, difícil de limpar.

Após a eliminação total do mecônio e com o início da alimentação com leite materno, o cocô se torna mais líquido e, em geral, amarelado, podendo ser também esverdeado ou amarronzado.

Com o passar dos meses, se o bebê é alimentado, exclusivamente, com leite materno, o cocô começa a ser acompanhado por pequenos grumos, mas que não são consistentes.

“As fezes ainda vão ser um pouquinho líquidas. Às vezes, os pais estranham, acham que é diarreia, mas não é”, diz Alessandra Cavalcante, pediatra do Hospital e Maternidade Rede D’Or São Luiz, também na capital paulista. Apenas após o terceiro ou quarto mês de vida, as fezes começam a ficar mais pastosas.


Se o bebê é alimentado com fórmulas ou possui aleitamento misto, essas características podem mudar e variam de acordo com cada produto. “Geralmente ficam mais consistentes, mas existem tantas fórmulas no mercado com tantas características diferentes, então cada fórmula vai ter fezes características.”

A frequência de evacuações também pode variar bastante. Segundo os especialistas, é normal que, nas primeiras semanas, o bebê evacue todas as vezes que mama. “A gente chama isso de reflexo gastrocólico. A mãe acaba trocando várias fraldas ao longo do dia”, diz o pediatra Gerson Matsas. Com o tempo, em média após o primeiro mês de vida, essa frequência diminui e passa a três ou quatro vezes ao dia.

No entanto, nos três ou quatro primeiros meses, pode também acontecer de o bebê ficar sem evacuar por até seis dias. Para os especialistas, se a criança está mamando, esperta, ganhando peso, não demonstra estar incomodada com cólicas e as fezes não estão endurecidas, não há nada de errado. Isso pode acontecer, principalmente, com bebês que se alimentam apenas de leite materno.

Quando novos alimentos passam a ser introduzidos na alimentação, em geral no sexto mês de vida, as fezes começam a mudar novamente. A partir de agora, a cor e a consistência vão depender de quais alimentos a criança está consumindo.

Cada criança, portanto, vai apresentar um padrão próprio tanto de características do cocô quanto de frequência de evacuação. Cabe aos pais reconhecer quando o filho sair do que é considerado normal para a sua rotina.

Sinais de alerta

São duas as causas mais comuns de preocupações dos pais: a diarreia e a constipação.

Como a frequência e a característica das fezes variam para cada bebê, os adultos devem considerar que o bebê está com diarreia quando houver uma alteração. “A definição de diarreia é quando ocorre um aumento no número de evacuações ou uma diminuição das consistências”, declara Gerson Matsas. Segundo os especialistas, o quadro pode ter muitas causas e deve ser informado ao pediatra.

Já se o bebê ficar dias sem evacuar e isso não for seu ritmo normal, ele pode estar constipado. Segundo Alessandra, do São Luiz, é um problema comum que muitas vezes não precisa ser levado ao médico. “Se o bebê tiver cólicas, os pais podem fazer uma massagem na barriguinha, estimular o intestino mexendo a perninha, normalmente resolve”, afirma a médica. “Mas se ele estiver muito choroso, muito irritado, com a barriga muito inchada, nesse caso, tem de ligar para o pediatra.”

Para bebês que já possuem uma dieta variada para além do leite materno ou das fórmulas, as mudanças nas fezes podem estar apenas refletir uma alteração na alimentação, e a família precisa estar atenta a isso. “Os pais devem avaliar se foi introduzido um alimento novo na alimentação ou se outro foi retirado”, diz Alessandra Cavalcante.

Mudanças menos comuns que devem sempre ser investigadas são a presença de sangue ou muco nas fezes.

“Sangue nas fezes não é bom nunca. Nessa fase inicial, a presença de sangue é um sinal que deve ser sempre comunicado ao pediatra por poder representar, por exemplo, um dos primeiros sinais de alergia à proteína do leite de vaca”, diz Moises Chencinski. Já a presença de muco pode representar sinal de inflamação do intestino.

Outro ponto importante é que as fezes sempre têm de ser coradas, afirma Gerson. “Elas podem ser marrons, amarelas ou verdes, mas um sinal de alerta são fezes sem cor. Se elas forem brancas, isso deve ser um motivo de preocupação.”