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Para ficar saudável, esqueça o mito de que grávida come por dois

Um aumento de 30% no consumo de proteína magra já garante uma nutrição adequada à futura mamãe - Getty Images
Um aumento de 30% no consumo de proteína magra já garante uma nutrição adequada à futura mamãe Imagem: Getty Images

Fabiana Gonçalves

Do UOL, em São Paulo

17/01/2014 07h15

Um dos principais cuidados que a mulher tem de ter ao descobrir que está grávida é com a alimentação. O primeiro passo para uma gestação saudável e um bebê idem é esquecer o mito de que grávida come por dois.

Para a ginecologista e obstetra Mary Uchiyama Nakamura, professora livre docente do departamento de obstetrícia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), basta a mulher aumentar em 30% o consumo de proteína magra (como frango). "A futura mãe não precisa de um ganho de peso grande para dar à luz uma criança saudável", afirma a especialista.

Ana Carolina Costa, nutricionista esportiva e funcional da Abnutri - Clínica de Nutrição, no Rio de Janeiro, diz que a dieta adequada de uma grávida segue os mesmos princípios básicos da de um adulto: deve ter uma boa variedade de legumes, frutas e verduras, pães e massas, de preferência integrais, e fontes de proteína magra, como peixe e frango. "A gestante necessita de apenas 300 calorias a mais por dia, e que venham de alimentos nutritivos".

Engordar excessivamente na gestação não só torna mais difícil eliminar o excedente após o nascimento do filho, como também aumenta os riscos de a mãe desenvolver diabetes gestacional e pré-eclâmpsia (hipertensão arterial específica da gravidez), que pode evoluir para eclâmpsia, doença que põe em risco a vida de mãe e filho.

Receber mais atenção de amigos e família na gestação é uma delícia, mas cuidado com os famosos desejos, principalmente se a vontade for comer doces e alimentos gordurosos. "Eles estão relacionados com o lado emocional da gestante, por isso, os desejos devem ser acompanhados e controlados para evitar ganho excessivo de peso", fala Alessandra Coelho, nutricionista clínica do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo.

O consumo de alimentos pouco nutritivos é o que costuma aumentar na gravidez. Segundo a ginecologista e obstetra Mary Uchiyama Nakamura, outro fator que contribui para mulheres engordarem é o fato de estarem engravidando mais tardiamente. "Em outras décadas, a maioria das mulheres engravidava com 20, 21 anos. Hoje, boa parte engravida com idade entre 27 e 31 anos. Faixa em que o metabolismo fica mais lento".

Fome de leão

Se a necessidade de comer pelo bebê é mito, é fato que a fome aumenta. "Durante a gestação, o gasto energético aumenta de acordo com o desenvolvimento do bebê. Em determinadas fases, principalmente após o primeiro e no último trimestre, é normal que a futura mãe sinta mais fome do que o normal. Por isso, é fundamental ajustar a dieta", declara a nutricionista Alessandra Coelho.

Por essa razão, antes de sair por aí achando que pode comer de tudo ou, o que também é ruim, fazendo dieta sem orientação, converse com o médico que cuida do seu pré-natal sobre o que é saudável engordar, no seu caso.

De acordo com a nutricionista Ana Carolina Costa, depois de avaliado o IMC (Índice de Massa Corpórea) da grávida, em geral, fica estabelecido que mulheres com peso adequado devem ganhar entre 11 kg  e 16 kg durante os nove meses. Quem está acima do peso, pode ganhar entre 7 kg e 11 kg. Já as mulheres que estão abaixo do peso podem ganhar entre 12 kg e 18 kg.

"Uma grávida de gêmeos pode até ganhar um pouco mais de peso, mas sempre com orientação médica", afirma Ana Carolina.

Tenha uma dieta equilibrada desde o início da gestação, porque é no terceiro trimestre que o bebê vai ter um gasto energético maior para se desenvolver, o que, naturalmente, vai levar a um aumento de peso considerável da mãe.