Topo

Veja respostas a sete dúvidas sobre pintar os cabelos na gestação

Mesmo se optar pela hena, alternativa natural, a mulher deve checar no rótulo se não há outro componente - Getty Images
Mesmo se optar pela hena, alternativa natural, a mulher deve checar no rótulo se não há outro componente Imagem: Getty Images

Maria Laura Albuquerque*

Do UOL, em São Paulo

14/02/2014 17h45

Na gravidez, a mulher passa a questionar a segurança de seguir com certos cuidados rotineiros de beleza. No topo da lista de dúvidas está o uso de tinturas, tonalizantes e técnicas como luzes nos cabelos.

Para responder a perguntas sobre esse tema, o UOL Gravidez e Filhos conversou com Alessandra Bedin, ginecologista e obstetra do Hospital Albert Einstein, em São Paulo; Davi de Lacerda, dermatologista de São Paulo com residência médica no Hospital Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos; Edilson Ogeda, ginecologista do Hospital Samaritano de São Paulo, e Renata di Sessa, ginecologista e obstetra do Hospital Santa Catarina, também na capital paulista. Confira as respostas:

1. Por que o uso de tinturas desperta a preocupação de médicos e gestantes?

Embora não existam estudos comprovando que os componentes das fórmulas químicas que mudam a cor dos fios afetem o bebê, vários profissionais de saúde preferem não recomendar a aplicação desse tipo de produto. A justificativa é que o couro cabeludo é uma área muito vascularizada, que pode absorver, ainda que em pequena quantidade, esses elementos, que, por sua vez, podem chegar à corrente sanguínea da mulher e serem transmitidos à criança.

A amônia é uma das substâncias presentes na tintura e que pode ter efeito tóxico para o embrião. "Adoto uma postura de precaução máxima: não recomendo o uso de tintura. No entanto, como não existem relatos de casos comprovados cientificamente, caso uma mulher chegue ao consultório dizendo que pintou o cabelo sem saber que estava grávida, procuro tranquilizá-la", afirma o ginecologista Edilson Ogeda.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) alerta, em suas resoluções, que alguns ingredientes devem ser evitados durante a gestação ou então que o médico que acompanha a mulher deve ser consultado sobre eles. Presente em tinturas, o acetato de chumbo é um que, segundo o órgão, não deve ser utilizado pela mulher grávida. Já o uso de formulações para o cabelo com ureia deve ser avaliado pelo obstetra.

2. O tonalizante tem o mesmo potencial tóxico da tintura?

Segundo a ginecologista e obstetra Alessandra Bedin, esse tipo de produto também pode ter amônia e ureia na sua composição, mas em uma concentração que não oferece risco nem para a mulher nem para o bebê. Ainda assim, a especialista diz que só libera suas pacientes para aplicarem tonalizantes nos cabelos após a 14ª semana de gestação. E, também nesse caso, não deixe de perguntar ao seu médico qual é a opinião dele a respeito antes de usar. 

3. Alguns médicos recomendam não mexer na raiz, somente no comprimento. Isso faz algum sentido?

De acordo com os especialistas, ao manter a raiz branca, evita-se o contato do produto químico com o couro cabeludo. "Luzes que não encostem na raiz também podem ser feitas depois da 14ª semana", afirma Renata. Porém, mais uma vez, depende do médico: há quem não libere nem no comprimento, justificando que não só o contato com a pele preocupa. A inalação durante o processo pode prejudicar a criança, embora também não exista comprovação científica.

 

4. Deixar passar os três primeiros meses da gestação para pintar os fios é outra indicação feita por alguns profissionais. Qual a razão disso?

O primeiro trimestre é o momento em que as estruturas básicas do feto estão sendo formadas. "O risco de abortamento é sempre maior", diz Ogeda.
Sendo assim, muitos médicos preferem adotar uma postura bastante cautelosa, e mesmo os que permitem o uso desses produtos desaconselham produtos químicos no cabelo antes de 90 dias de gestação.

5. O uso da hena, um tipo de tintura natural, é uma alternativa aos produtos industrializados nessa fase?

Sim. Ela é uma tintura extraída de uma planta (Lawsonia Inermis Linné) e não contém os ingredientes que preocupam os médicos, como a amônia. Porém, a hena não garante a mesma durabilidade que as tinturas industrializadas nem é muito eficiente na cobertura de fios brancos. Um alerta: quem optar por ela deve ficar atenta aos rótulos, pois algumas empresas acrescentam ingredientes para potencializar o poder de colorir, principalmente, se a cor prometida for escura. Originalmente, a planta é capaz de proporcionar a cor marrom avermelhada.

Outro detalhe importante: mesmo sendo um produto natural, é sempre indicado experimentar um pouco do produto em uma pequena área, como o pulso, para detectar possíveis alergias.

6. Existem outras estratégias para disfarçar as raízes brancas?

Sim. Algumas marcas de cosméticos nacionais e várias internacionais têm produtos em bastão (como se fossem um rímel) com essa finalidade. O efeito é temporário e, para retirar, basta lavar com água. Lenços e turbantes também podem ajudar a disfarçar as raízes brancas.

7. Quanto tempo depois do parto é permitido voltar a colorir os fios?

Segundo o livro "Aleitamento Materno – Um Guia para Pais e Familiares" (Editora Atheneu), na prática, não há problema em pintar o cabelo durante o período de amamentação. Porém, os pediatras costumam pedir muita cautela, tal como os obstetras, e não recomendam o uso de fórmulas com amônia e acetato de chumbo.

*Colaborou: Thais Carvalho Diniz