Pronto-socorro não substitui consulta com pediatra; saiba mais
Os serviços de emergência oferecidos pelos hospitais estão sendo usados para substituir o atendimento pediátrico em consultório. Essa é a conclusão da SPSP (Sociedade de Pediatria de São Paulo), que divulgou nota recente sobre o hábito. Um levantamento está sendo feito pela entidade para comprovar essa observação e deve ser publicado em junho deste ano.
De acordo com o presidente da SPSP, Mário Roberto Hirschheimer, atualmente existem 0,7 pediatra para cada mil crianças. “Com falta de profissionais e a demora em marcar consultas, o pronto-socorro tem sido a opção de muitos pais e está superlotado”, afirma.
Apesar das dificuldades, o acompanhamento pediátrico deve ser prioridade para os pais. Depois do atendimento em um pronto-socorro, o ideal é levar a criança ao consultório para dar seguimento ao tratamento.
“O pronto-socorro é só um paliativo, uma resolução rápida para os sintomas da criança. Se ela apresenta uma crise de asma, por exemplo, é no consultório do pediatra que se fará o acompanhamento e a prevenção de novas crises”, diz Wylma Hossaka, chefe da pediatria do pronto-socorro do hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo.
Para Hirschheimer, a consulta rápida em um hospital impede a análise completa do paciente. “Tem de ser mais rápido, pois tem mais gente esperando. Nesta época do ano, em que as gripes são frequentes, muitas mães lotam o pronto-socorro, quando o problema poderia ser resolvido em um consultório, com um médico que já conhece o paciente”, fala.
Wylma, da Beneficência Portuguesa, afirma que também é importante levar em consideração a preocupação dos pais diante de alguns sintomas apresentados pelo filho.
“Na dúvida, sempre digo que é melhor recorrer ao PS, mas também é saudável usar o bom senso. Quando uma criança vem ao hospital, está mais exposta ao contágio de doenças de outros pacientes”, afirma.
A pediatra afirma que a análise do quadro completo da criança é essencial na hora dos adultos decidirem se devem ir ao serviço de emergência ou esperar uma consulta. São indicativos de urgência:
- Quadros súbitos que alterem a condição da criança;
- Febres muito altas que não cedem;
- Criança muito prostrada, que não consegue brincar, por exemplo;
- Febre associada a uma dificuldade respiratória, como falta de ar;
- Diarreia, principalmente, quando associada ao vômito;
- Desidratação;
- Traumas com pus, traumatismos cranianos, luxações, fraturas;
- Quedas em que a criança bate a cabeça.
“Há quadros que não dá para esperar o atendimento em consultório, mas nada substitui o acompanhamento do pediatra, que deve ser procurado, inclusive, após a consulta em pronto-socorro”, diz Wylma Hossaka.
A chefe de pediatria recomenda que até os seis meses de idade, a consulta aconteça mensalmente, depois disso pode ser a cada dois meses. A partir de um ano, o ideal é ir ao consultório, pelo menos, uma vez por ano.
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