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Fernanda Machado teve de vencer a endometriose para engravidar

A atriz Fernanda Machado, que está grávida de um menino - Reprodução/Instagram
A atriz Fernanda Machado, que está grávida de um menino Imagem: Reprodução/Instagram

Marina Oliveira

Do UOL, em São Paulo

05/03/2015 07h15

 

Em 14 de janeiro de 2015, a atriz Fernanda Machado, 34, revelou em seu perfil no Instagram que estava grávida. A notícia comoveu muitos fãs –mais de 13 mil pessoas curtiram a publicação– não só porque o primeiro filho da artista estava a caminho, mas porque a notícia da gravidez confirmava o fim da luta dela contra a endometriose, doença que dificulta a gestação e havia sido diagnosticada há três anos.

Na endometriose, o tecido que reveste a cavidade uterina –endométrio– não é eliminado na menstruação. Em vez disso, sobe pelas tubas uterinas e cai na cavidade abdominal. Deslocado, ele provoca lesões e processos inflamatórios bastante dolorosos nas áreas onde se instala.

“Do início dos sintomas até o diagnóstico, pode-se levar mais ou menos sete anos”, afirma o ginecologista Alexander Kopelman, responsável pelo Centro de Endometriose do Hospital Santa Catarina, em São Paulo.

Em decorrência do problema, Fernanda sempre sofreu com cólicas fortes. Mas, por achar que estavam relacionadas apenas ao ciclo menstrual, não deu a esse sintoma a atenção adequada. “Aos 30 anos, as dores pioraram bastante e começaram a limitar as minhas atividades. Foi então que descobri um cisto no ovário direito, que depois soube que era endometrioma, um reflexo da doença”, diz a atriz, aos seis meses de gestação.

Situações como a de Fernanda são comuns, de acordo com Kopelman. “Muitas mulheres não dão a devida atenção à cólica menstrual forte. Muitos médicos também não. Mas, se a mulher toma analgésicos, e, ainda assim, continua sentindo muita dor, é preciso investigar”, fala o especialista.

Cólicas fortes são bem comuns em mulheres com endometriose, assim como dor durante a relação sexual e desconforto para evacuar ou urinar durante o período menstrual. Segundo o ginecologista Sérgio Podgaec, médico do Setor de Endometriose do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), esses são sintomas característicos de endometriose.

Outro sintoma da doença é a dificuldade de engravidar. Nesse caso, o endométrio adere às trompas que, sem mobilidade, não conseguem encaminhar o óvulo até o útero.

Um problema, vários tratamentos

Como muitas mulheres, Fernanda também se assustou ao ouvir do médico o que a afetava. “Quando descobri a endometriose, fiquei bastante preocupada com a possibilidade de não poder ser mãe. Confesso que me senti um pouco perdida, sem saber direito o que fazer”, diz.

Uma vez diagnosticada, a mulher tem à disposição diversas formas de tratamento. A começar pelos clínicos, com medicamentos. Há a possibilidade de usar anticoncepcionais, remédios que provocam uma pausa na menstruação e uma fórmula à base de um tipo de progesterona (hormônio), que causa atrofia dos pontos de endometriose.

Fernanda Machado fez um implante de progesterona, o que melhorou bastante as cólicas. No entanto, o tratamento não foi efetivo para diminuir o cisto no ovário, resultado que também era esperado pelo médico da atriz. “Quando percebi que o cisto estava em um tamanho que colocava o meu ovário em risco, decidi operar para não perdê-lo”, afirma.

Foi então que ela se submeteu a uma videolaparoscopia, uma cirurgia minimamente invasiva em que são feitas cerca de três pequenas incisões, próximas ao umbigo, para inserir um equipamento com câmera de alta resolução e os instrumentos cirúrgicos, que retiram os tecidos doentes. No procedimento, Fernanda descobriu que a endometriose tinha atingido a bexiga e o intestino, além do ovário direito –e todos os focos foram removidos.

Final feliz

Após o procedimento bem-sucedido, Fernanda colocou mais um implante de progesterona com duração de seis meses para bloquear a menstruação e impedir que os focos de endometriose voltassem até que ela decidisse engravidar, o que aconteceu em setembro de 2014.

“Tirei meu implante em agosto e engravidei no comecinho de outubro, no primeiro mês de tentativa”, diz a atriz. “Os médicos me garantiram que a gestação de quem teve endometriose é normal, a única dificuldade seria engravidar.”

A atriz conta que está curtindo bastante a primeira gestação, mas sabe que o cuidado com a saúde deverá ser permanente. “Enquanto houver menstruação, existe chance de a endometriose voltar. Por isso, preciso estar sempre de olho. Depois que o meu bebê nascer, voltarei a bloquear a minha menstruação até resolver engravidar novamente.”