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Mercado de produtos usados para crianças alivia o orçamento familiar

Pesquise o preço do artigo novo; é atrativo se o usado representar de 40% a 50% do valor - Getty Images
Pesquise o preço do artigo novo; é atrativo se o usado representar de 40% a 50% do valor Imagem: Getty Images

Louise Vernier e Amanda Sandoval

Do UOL, em São Paulo

04/04/2015 07h15

Pais de crianças pequenas conhecem o drama de ver o filho perder roupas e sapatos que mal foram usados e que precisam ser repostos. Para não comprometer o orçamento familiar, aderir à moda de comprar artigos seminovos em mercados on-line ou grupos fechados no Facebook pode ser uma boa alternativa.

“Comprei o vestido de aniversário de um ano da minha filha em um desses sites por R$ 60. Em lojas convencionais, gastaria, no mínimo, R$ 200”, afirma a cabeleireira Carla Vasconcelos, 30, de Belo Horizonte. “O vestido nunca tinha sido usado e, depois da festa, ainda vendi pelo mesmo preço que paguei.”

Eduara Fernanda Ribeiro, 28, de Pelotas (RS), é outra frequentadora assídua desses endereços. Para fazer bons negócios, a orientação da consumidora é pesquisar bastante e, se possível, checar a mercadoria de perto.

“Geralmente, marco com o vendedor em um local público para ver o produto antes de comprar. Se gosto, pago na hora”, diz a estudante.

Carla também gosta dessa estratégia, mas conta que nunca teve problemas ao receber encomendas de outros estados pelos Correios. “As peças sempre chegaram limpas e cheirosas”, fala a cabeleireira.

Quando a negociação acontece por meio de grupos do Facebook, se o comprador e o vendedor forem da mesma região, geralmente, o pagamento e a entrega do produto são feitos pessoalmente. Mercadorias de outros estados são despachadas pelos Correios somente após o pagamento ser efetuado.

Também existem sites que contam com os serviços de empresas de gerenciamento de pagamentos, como o PagSeguro, para tornar a transação livre de riscos.

Como funciona

Os grupos do Facebook proporcionam o encontro de vendedores e compradores e, na maioria das vezes, não cobram taxa de administração pelos negócios feitos. “Os usuários trocam os objetos que desejam, eu apenas zelo pela organização e pelo respeito entre os membros”, afirma a moderadora do Desapegos Infantil BH, Roberta Duval Martins Vieira de Assis, 32, de Belo Horizonte.

Já nos sites, como é o caso do Mercadinho Kids Club, embora toda a negociação seja feita pelo vendedor, são cobradas taxas quando o produto anunciado é vendido.

“O anunciante arca com a taxa da empresa responsável pelo gerenciamento dos pagamentos, mais 12% do valor do produto, que é revertido para a manutenção do clube” diz Daniela Corrêa Simão, 39, de São Paulo, idealizadora do projeto. 

A seleção dos produtos anunciados, em geral, também não sofre interferência dos moderadores e idealizadores dos grupos. “Contamos com o bom senso das pessoas, de saber discernir o que ainda está ou não em condições de uso para ser posto à venda”, declara Cynthia Besteiro Barreto, 30, de Niterói (RJ), moderadora do grupo Vendinhas Infantis.

Ainda assim, todos os usuários são orientados a dar detalhes e a  fornecerem imagens dos artigos anunciados.

Vender também é bom negócio

Além de economizar na compra de produtos para as crianças, é possível fazer algum dinheiro com os itens infantis que estão sem uso ou que já não servem mais. “Às vezes, compramos algo, a criança cresce e sequer tem tempo de usar. Para não ficar no prejuízo, vale a pena vender. Todos saem ganhando”, diz Eduara.

A dica da estudante é pesquisar o preço cobrado pelo produto novo e estabelecer um valor que corresponda a 40% ou 50% desse total para a venda on-line.

“Se o valor for muito alto, fica mais difícil vender. As pessoas preferem ir à loja para comprar a peça nova e parcelar”, afirma.

Carla tem a mesma opinião. “Quem está procurando no mercado de usados quer preço bom, então, os artigos anunciados têm de ser acessíveis. Sem contar que o produto perde valor ao sair da loja, mesmo que ainda esteja embalado”, declara a cabeleireira.

Consumo consciente

As mães admitem terem ficado com o pé atrás antes de realizarem a primeira compra. Mas o preconceito de dar algo usado ao filho passou assim que começaram a pesquisar nesses espaços de compra e venda. “Comecei a olhar os grupos e vi que valia a pena. Hoje, tenho a cabeça aberta, higienizo as peças assim que chegam e pronto”, fala.