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Mulher emagrece 47 kg em 7 meses para realizar o sonho de ser mãe

Cintia antes, com 116 kg, e, à direita, com 69 kg, após usar um aplicativo de dieta - Reprodução/Arquivo pessoal
Cintia antes, com 116 kg, e, à direita, com 69 kg, após usar um aplicativo de dieta Imagem: Reprodução/Arquivo pessoal

Melissa Diniz

Do UOL, em São Paulo

09/11/2015 07h05

O sonho de ter um filho levou a publicitária Cintia Bonatto Tyska Schölzel, 34 anos, de São Paulo, a fazer uma mudança radical em seus hábitos alimentares. Com a ajuda de um aplicativo que soma os pontos das refeições, ela perdeu 47 quilos em sete meses, sem passar por cirurgia ou fazer uso de remédios. “Já havia feito muitas dietas sem sucesso. Dessa vez, eu me senti mais livre para fazer minhas escolhas e consegui me controlar melhor.”

Hoje, mãe de Felipe, dez meses, ela afirma estar realizada. “De repente, virei um modelo de sucesso entre meus amigos e familiares. Até meu obstetra usava minha história como exemplo para incentivar outras pacientes”, conta.

A motivação de Cintia para perder peso veio do fato de ela saber que sendo obesa passaria por uma gestação perigosa, com a possibilidade de desenvolver doenças como diabetes gestacional e pré-eclâmpsia, que poderiam colocar sua vida e a do bebê em risco. “Antes de ficar grávida, minha pressão já era alta e tinha muito medo de que o quadro piorasse durante a gestação.”

Embora afirme nunca ter sido magra, a publicitária, que mede 1,76 m, chegou a pesar 116 kg logo após seu casamento, em 2010, quando seu marido, Richard, 34, foi transferido no trabalho para Porto Alegre. “Ele ficou 11 meses fora e fiquei muito sozinha, deprimida mesmo, não tinha motivação para me cuidar. Chegava em casa, comia e ia direto para a cama.”

Foi preciso muita força de vontade e disciplina, mas os resultados logo apareceram. “No primeiro mês, perdi cinco quilos e minha motivação aumentou. Tanto que minha meta era chegar aos 75 kg, mas consegui chegar aos 69 kg.”

Com o corpo dos sonhos, Cintia decidiu aproveitar a vida por algum tempo e, dez meses depois, estava grávida. “Ganhei 23 kg na gestação, o que é muito, mesmo assim tudo correu bem. A pressão sanguínea estava controlada e trabalhei até o dia do parto.”

Hoje, adepta da alimentação saudável, ela perdeu 16 kg desde que o bebê nasceu. “Meu filho ainda mama no peito e, embora esteja acima do peso, sei que não posso fazer dietas muito restritivas por enquanto, então estou tranquila.”

Aumento de fertilidade

De acordo com Marcio Coslovsky, especialista em reprodução humana e membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, mulheres obesas produzem mais androgênios (hormônios masculinos) e não ovulam todos os meses como deveriam, o que diminui a fertilidade.

A boa notícia é que perder cinco quilos, segundo o médico, faz muita diferença nesse quadro. “O tecido gorduroso tende a armazenar esteroides sexuais convertidos, no caso da mulher, em androgênios. Perder um pouco de gordura, principalmente a da barriga, pode aumentar bastante as chances de engravidar”, explica.

A obesidade também diminui a fertilidade dos homens, causando uma diminuição da testosterona e alterações no número e na motilidade dos espermatozoides. “Quando o casal é obeso, os dois precisam emagrecer para terem mais chances de serem pais”, diz.

Mesmo no caso das mulheres que optam pela fertilização in vitro, se a paciente estiver muito acima do peso, há maior possibilidade de ter resultado adverso pela má qualidade dos óvulos e dos embriões.

Segundo o médico, problemas hormonais podem ser detectados por exames de sangue simples, que fazem a contagem de estrogênio, progesterona, hormônios da tiroide, além das taxas de insulina, glicemia e colesterol. “Menstruação irregular também é um sintoma de disfunções hormonais”, afirma.

Gestação de risco

De acordo com Maria Edna de Melo, diretora do Departamento de Obesidade da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), além de terem maior probabilidade de sofrer de hipertensão e doenças metabólicas (como diabetes), as gestantes obesas também estão sujeitas a ter problemas no parto, maior necessidade de cesárea e de dar à luz bebês prematuros. 

Os riscos também atingem as crianças. “Filhos de mães obesas tendem a ser obesos na infância e na vida adulta. Se a mulher teve aumento da insulina durante a gestação, o bebê pode nascer muito pesado, com cerca de cinco quilos, e ter hipoglicemia, o que requer uma atenção maior do pediatra,”

Mesmo que consiga emagrecer antes de engravidar, a especialista alerta que é muito importante controlar o ganho de peso durante a gravidez. “O ideal seria a paciente obesa ganhar somente de cinco a nove quilos.”

A médica explica que, após emagrecer, é importante tentar manter o peso por um ano. “Isso diminui as chances de a paciente recuperar o que perdeu”, diz.