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Camisa branca é um clássico que se renova; aprenda a escolher a sua

16/03/2010 06h01

A camisa branca é uma das peças mais versáteis que o homem pode ter no guarda-roupa: combina com todo mundo, nunca sai de moda, pode ser usada com terno, jeans e até bermuda. O Hora H desta semana conversou com Christiano D’Carlos, estilista especializado em camisas sob medida, para revelar os segredos deste clássico que sempre se renova.

“Até meados do século 18, somente os colarinhos das camisas ficavam à mostra. No século seguinte, a história começa a mudar, pois as camisas brancas ganharam notoriedade e valor. Elas traduziam o status e o poder da aristocracia já que apenas os aristocratas podiam usar e trocar quantas camisas brancas fossem necessárias”, explica D’ Carlos.

Hoje, a camisa branca ficou mais democrática e tem inúmeras variações de preços. Os modelos, à primeira vista, podem parecer todos iguais. Mas não são. A seguir, Christiano D’Carlos dá dicas para você não errar na escolha da sua camisa branca.

Divulgação

 

A camisa branca em seis partes

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01 - Colarinho
Opte pelo colarinho adequado ao seu rosto e na medida certa do seu pescoço. O ideal é que esteja com um dedo de folga para não te apertar muito e nem deixar muita sobra caso use com gravata. 

As variações em torno do colarinho são muitas e cada marca escolhe o nome mais adequado para os modelos mais abertos ou fechados, longos ou curtos, pontudos ou arredondados, os que vêm fechados com botão aparente ou interno. Ainda existem as golas padres, bem informais, e as de colarinho levantado, para uso com smoking, bem tradicionais e formais.

A regra é simples: se você tem rosto redondo, opte por colarinhos mais pontudos. Rosto fino pede colarinhos mais abertos. Para o formato quadrado, um colarinho tradicional tipo inglês é o ideal.

O colarinho também define o tipo de nó da gravata: quanto mais aberto o colarinho, maior o nó e vice-versa. Preste atenção também ao usar uma camisa sem gravata: o colarinho deve ser firme, mas nunca ficar muito duro, com aspecto de engomado. Na hora da compra, diga que quer um modelo para usar com e sem gravata.

02 - Punho

O punho da camisa ideal deve ter cinco cm a mais que a medida exata do seu punho. Existem vários modelos, desde o simples (com um botão), simples com botão extra de ajuste, simples com dois botões, assim como os duplos com botão ou com caseado para abotoaduras.
D’Carlos conta que antigamente as abotoaduras eram usadas em ocasiões muito formais ou por altos executivos. Com o advento das abotoaduras feitas de nós de seda, isto vem mudando. “Muitos jovens vêm adotando estes nós porque são mais casuais, além de conferir um toque de cor e estilo nas camisas”. 

03 - Ombros
Olhe no espelho e repare se os ombros da camisa estão proporcionais ao seu corpo. Uma dica para saber onde termina seu ombro é apalpar com a mão seu ombro até sentir aquele osso, quase na ligação onde começa seu braço. 

04 - Tórax
O ideal é que não sobre nem falte tecido nesta região do corpo. Do contrário, ou você vai ficar desconfortável usando uma camisa apertada, ou poderão aparecer algumas pregas quando estiver com paletó ou casaco. 

05 - Manga
Solte o botão do punho da camisa, estique o braço e repare no comprimento da manga da sua camisa. O ideal é que o punho esteja uns 2 ou 3 cm abaixo do seu pulso (com as mãos fechadas). 

06 - Corpo
Sem seguir modismos ou tendências que ultimamente sugerem camisas mais justas, o ideal é que o corte da camisa esteja próximo ao seu corpo. Eu disse próximo, e não colado ao seu corpo. Desta forma você pode se movimentar sem perder a elegância.

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  Modelos de camisa branca da Ermenegildo Zegna

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Os diferentes tipos de tecidos

De um modo geral, prefira as camisas 100% algodão, pois este material oferece melhor conforto térmico ao clima brasileiro. Evite as de tecido sintético.

O tecido é o resultado do entrelaçamento de diversos fios em dois sentidos, na horizontal, a trama (largura do tecido) e na vertical o urdume (comprimento do tecido). O entrelaçamento desses fios determina o tipo de tecido, já a espessura, determina a sua qualidade.
Quanto maior o número ou titulagem (fio 40, 50, 80, 100, 120, etc), melhor é a qualidade do tecido, pois quando o fio é mais fino exige uma quantidade maior de fios por cm² de tecido. Desta forma, a durabilidade, o toque e o caimento tornam-se superiores.

Para D´Carlos uma camisa ideal seria uma fio 120. “Claro que uma camisa de algodão egípcio com fio 200 é como se fosse uma Ferrari. O toque e caimento são excelentes, porém elas amassam como muita facilidade. Já as de fio 120, o toque e caimento são muito bons, e se mantém alinhadas por mais tempo durante o dia.”

Conheça quais são os tipos de tecidos usados na camisaria.

 

 Pronta x sob medida

Assim como o terno, uma camisa pronta se refere a um processo industrial de fabricação em que há uma padronização de medidas. Já uma camisa sob medida é um processo artesanal feito peça a peça, com moldes criados especialmente para uma pessoa.

 

Moldes de camisas feitas sob medida

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A grande dificuldade na hora de escolher uma camisa pronta é achar medidas do colarinho que batam com as medidas do corpo em geral. Um homem com pescoço mais largo e com estatura baixa, por exemplo, com certeza vai ter problemas com a manga que vai ficar muito longa.

Em determinadas lojas, acertos são possíveis, como diminuir o comprimento da manga. Outras, optam por oferecer diferentes tamanhos de colarinhos para uma mesma numeração.

Nas camisas sob medida, as opções de escolhas e combinações são maiores. Pode-se escolher tecido, colarinho, punho, cor e até bordar monogramas personalizados. É claro que isto tem um preço adicional. Nestes casos, os valores começam em torno de R$ 250.

 

Manga longa x manga curta

Se a camisa branca de manga longa é uma unanimidade em termos de estilo e combinações possíveis, os modelos de manga curta ainda sofrem com alguns dogmas.

Para os mais tradicionais, o uso de manga curta com terno ou gravata é um pecado gravíssimo. Mas desde que bandas de rock, como The Libertines, resgataram gravatas, gravatas borboletas, coletes, suspensórios e paletós mais justos, tudo mudou.

Um conjunto que se tornou cada vez mais comum pelas calçadas e noites de diferentes cidades ao redor do mundo é a camisa branca de manga curta com gravata preta mais fina ou mesmo borboleta, calça mais justa preta com sapato social preto.

Já o uso da camisa de manga curta com terno é mais controverso. Quando você estica a manga do paletó e não aparecer nada por baixo, saiba que todos vão achar estranho. Por isso, prefire evitar o uso em ambientes formais.

Se estiver com dúvida na hora de optar, prefira uma camisa branca de manga longa e dobre os punhos. A regra diz que devemos dobrá-los somente duas vezes, porque se precisar desdobrar, o aspecto será menos amassado. Mas se este não for seu caso, arregace as mangas até a altura dos cotovelos que está tudo certo!


Colaborou com esta coluna Paula Baraldi
Hora H agradece a Christiano D’Carlos, estilista de camisas sob medida da Turquesa São Paulo