Top nº2 do mundo, russa Sasha Pivovarova não se reconheceu em nova campanha da Dior

FERNANDA SCHIMIDT

Da Redação

  • Divulgação

    Sasha Pivovarova nos bastidores da campanha da Santa Lolla, em São Paulo

    Sasha Pivovarova nos bastidores da campanha da Santa Lolla, em São Paulo

“Nem eu acreditei que fosse eu”, disse a modelo russa Sasha Pivovarova sobre o excesso de Photoshop em foto da nova campanha de beleza da Dior para o Inverno 2010. A top nº2 do mundo, segundo o site models.com, veio ao Brasil na semana passada para fotografar o Verão 2011 da marca de acessórios Santa Lolla.

Em entrevista ao UOL Estilo, Sasha contou que pediu para que seu agente ligasse para a Dior para confirmar que era de fato ela quem estampava as imagens. “Eles confirmaram e eu continuei sem acreditar”, disse. Até seu marido, o fotógrafo Igor Vishnyakov, entrou da disputa do “é, não é”.

Apesar de se mostrar incrédula com o resultado das alterações digitais excessivas, a modelo de 25 anos vê o uso do Photoshop como algo que faz parte do mercado atualmente. “Como modelo, não me importo se usam ou não, desde que me deixem bonita”, afirmou.

Sasha tocou, sem se comprometer, ainda em outro assunto polêmico: as peles. Para a top, o uso das peças tem um valor diferente, não estético, mas de sobrevivência. “Na Rússia, as peles são algo que você precisa usar para não morrer de frio”, disse ela, que mora em Nova York há cinco anos, desde quando fechou seu primeiro contrato, com a Prada.

  • A top russa Sasha Pivovarova no íncio da carreira, quando fechou contrato com a Prada e fotagrafou para celular (foto), acessórios e prêt-à-porter da marca, e posteriormente em campanhas da Giorgio Armani e H&M

Ex-estudante de história da arte, a modelo começou a carreira tardiamente, aos 20 anos, e já no topo. Sua primeira passarela foi a abertura do desfile da Prada, com um contrato exclusivo de três anos para a marca. De lá para cá, apareceu em campanhas de marcas como Chanel, Giorgio Armani, H&M, John Galliano, Longchamp e Tiffany.

Sua principal característica na passarela é o “olhar da morte”, composto pela cabeça um pouco mais baixa e os olhos azuis, fixos à frente, ligeiramente para cima. A cara de mau, acredita ela, é fruto da timidez, desde a infância. “Minha professora na quinta série me perguntava ‘por que você está sempre olhando deste jeito?’”. Hoje, observa uma leva de modelos com ares marrentos. “Era uma época [quando comecei] em que as meninas eram todas bonitas e fofinhas, e apareci como essa garota da máfia russa atravessando a passarela”, contou aos risos.

  • A modelo Sasha Pivovarova e seu "olhar da morte" nas passarelas da Dior, D&G e Roberto Cavalli

Seu lado artístico, Sasha mantém aceso desenhando e pintando sempre que pode. A casa em que mora, no bairro do Brooklyn, faz vezes de ateliê, mas quando não possui material adequado usa o que tiver como tela. “Sinto que tenho de expressar naquele instante algo que está dentro de mim. É como uma meditação”, disse. Em fevereiro de 2008, durante a semana de moda de Nova York, teve sua primeira exposição de retratos e ilustrações, intitulada “I Spy”. Atualmente, faz desenhos para um livro do estilista Karl Lagerfeld sobre contos de fadas russos, ainda sem previsão de lançamento.

Veja abaixo os melhores momentos da entrevista com a top russa Sasha Pivovavora.

Você largou um curso de história da arte para ser modelo. Como mantém seu lado artístico produtivo?
Sempre desenhei e pintei. Estudei história da arte na universidade, mas quando comecei a modelar, ficou difícil conseguir ir à aula todos os dias. Estou em uma fase autodidata. Às vezes, sinto que tenho de expressar naquele instante algo que está dentro de mim. É como uma meditação. Estou fazendo ilustrações para um livro de contos de fadas russos, que vai ser publicado pelo Karl Lagerfeld. O conto se chama “Snegorotchka” (“Garota feita de neve”), será em preto e branco e sobre belas garotas.

  • Sasha Pivovarova, irreconhecível, na campanha de beleza da Dior para o Inverno 2010

As modelos brasileiras, que fazem sucesso no exterior, costumam voltar ao país para desfilar nas semanas de moda locais. Isso é comum no mercado mundial? Você faz desfiles em Moscou?
Não faço. Não sei, acho que se as modelos têm tempo e recebem bons convites de bons estilistas, por que não?

Você tem algum estilista russo favorito?
Tenho alguns estilistas favoritos trabalhando na Rússia. Um deles é Denis Simachev, que é muito talentoso, e Sveta Tegin, também muito talentosa, que cria peças em cashmere.

Você não come carne vermelha e adora verduras orgânicas. Como se sente em relação às peles?
Na Rússia, as peles são algo que você precisa usar para não morrer de frio. Você não sobrevive apenas com uma jaqueta. Nos países mais ao norte, até a comida é diferente, muito mais pesada, porque você precisa de mais gordura para se esquentar.

Você é conhecida pelo “olhar da morte”. Foi algo pensado ou que apenas surgiu com o trabalho?
Nunca pensei a respeito. É como eu olho. Até minha professora na quinta série me perguntava “por que você está sempre olhando deste jeito?”. É da minha natureza, talvez faça assim porque sou tímida quando não conheço as pessoas. Mas foi legal para a minha carreira, porque, pelo que sei, fui a primeira a fazer este olhar. Era uma época em que as meninas eram todas bonitas e fofinhas, e apareci como essa garota da máfia russa atravessando a passarela. As pessoas passaram a me reconhecer por isso. Mas não faço o mesmo olhar para todas as sessões de fotos. É uma das minhas assinaturas.

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