Fashion Business cresce e ameaça negócios do Fashion Rio

CAROLINA VASONE

Enviada especial ao Rio

  • Rafael Andrade/Folhapress

    Fashion Business, feira voltada ao mercado, paralela ao Fashion Rio (11/01/2011)

    Fashion Business, feira voltada ao mercado, paralela ao Fashion Rio (11/01/2011)

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"Desfile é instrumento para alavancar as vendas". Idealizadora do Fashion Rio, Eloysa Simão, em entrevisa ao UOL Estilo,  faz a controversa declaração dentro de um contexto: o da moda comercial, pensada para vender nos quatro cantos do Brasil no maior bolsão de negócios do país.

Desde que a Luminosidade, produtora de Paulo Borges, assumiu a organização do Fashion Rio, há pouco menos de dois anos, Eloysa tem se dedicado à versão independente do Fashion Business, evento de venda de moda por atacado que ela idealizou como temporada complementar à fashion week carioca na época em que estava à frente do Fashion Rio.

Ao perder a direção do que seria a "cereja" do bolo fashion, a empresária apostou todas as suas fichas nos negócios. Em três edições, mais do que triplicou o número de marcas participantes: na última edição em que foi parceiro do Fashion Rio, o Fashion Business tinha 90 grifes convidadas distribuídas num espaço de seis mil metros quadrados. Três temporadas mais tarde, o evento, que aconteceu nesta semana, contabilizou 310 marcas em trinta mil metros quadrados.

"A única maneira de fidelizar o consumidor é mostrar todo o universo que cerca o produto", acredita Eloysa. Por isso, além de roupas, bolsas, sapatos e bijuterias, são oferecidos aos visitantes serviços de todos os tipos; de fornecedores de manequins de vitrine de loja a exposições como a dos vestidos confeccionados pela extinta Casa Canadá, do Rio de Janeiro. A parceria com o Senac e com o Sesc também deu um bom "upgrade" na parte cultural, com muitas mostras e uma livraria com títulos de moda. Há ainda palestras de tendências direcionadas aos lojistas, monitores para cada grupo de dez compradores e 16 desfiles.

OS EVENTOS EM NÚMEROS (INVERNO 2011)

  FASHION BUSINESS RIO-À-PORTER
Marcas participantes 310 169
Visitantes 60 mil 90 mil (estimativa soma visitantes do Fashion Rio e do Rio-à-Porter)
Investimento R$ 16 milhões R$ 15 milhões para Fashion Rio e Rio-à-Porter
Número de desfiles 16 10
Tamanho do espaço 30 mil m² 8.150 m²
Movimentação de negócios R$ 690 milhões R$ 610 milhões (divulgado em 18/1/2011)

Sem o compromisso de propor novos conceitos e tendências de moda (o que configura a alma de uma fashion week), Eloysa não tem medo de dizer que o principal objetivo é vender. "Moda não pode não ir para as araras", afirma, sobre uma realidade comum nas semanas de moda em geral: a coleção apresentada na passarela quase sempre é bem diferente da vendida nas lojas. "O foco são o produto e a distribuição. Porque não adianta vender e não entregar, ou não entregar no prazo", afirma. E completa. "A imagem não pode ser o foco principal [do desfile]", contradizendo o princípio básico do desfile de criação de moda, que tem como principal objetivo vender o conceito e não necessariamente a roupa da estação.

Embora deixe claro que sua praia - ou seu pedaço na areia - não é a criação, mas a venda de moda, na prática, alguns desfiles do bolsão de negócios acabam passando a mesma mensagem apresentada no Fashion Rio. Grifes que desfilaram pelo Fashion Business, como Carlos Miele e Patrícia Vieira mostraram coleções comerciais com o mesmo nível de informação de moda e performance de passarela que as marcas participantes da fashion week oficial.

Para não ficar atrás da concorrência, o grupo Luminosidade tratou de substituir o Fashion Business pelo Rio-à-Porter, que aconteceu até a última quinta (13) no cais do Porto, mesmo endereço do Fashion Rio. Com formato parecido, o bolsão de negócios da semana de moda carioca oficial reúne, porém, pouco mais de metade de participantes do Fashion Business (169 nesta edição) e tem perdido boa parte dos antigos lojistas. Grifes como Mara Mac, Lenny e Cavendish exibiram suas coleções de inverno em estandes do evento de Eloysa Simão. Alexandre Herchcovith (a linha jeans, mais casual) e a Ellus 2floor - que desfilam a linha principal no São Paulo Fashion Week - não quiseram perder as oportunicades de vendas e compraram espaços nos dois salões.

Como a maioria de feiras, as de moda também vendem seu espaço. E Eloysa Simão não esconde números. "Um estande de 40 metros quadrados custa em torno de R$ 16 mil". Ela garante, porém, que não é só chegar e pagar. "Há uma seleção de inscritos, para que atendam o perfil do evento, voltado para o consumidor A e B", diz. O Rio-à-Porter não divulgou o valor médio de um estande.

Na comparação entre os valores referentes às estimativas de negócios fechados, o Rio-à-Porter ficou na frente nas últimas edições: segundo a assessoria de imprensa do evento, movimentou cerca de R$ 900 milhões na temporada para o Verão 2010-11 e R$ 526 milhões na edição para o Inverno 2010 (o verão é sempre muito melhor que o inverno para ambos os salões). Já as estimativas do Fashion Business foram de R$ 770 milhões na edição de verão 2010-11 (passada) e 550 milhões na edição de inverno 2010 (retrasada).

Com movimentação de R$ 690 milhões neste Inverno 2011, 25% maior em relação ao último inverno, o Fashion Business, sob direção de Eloysa, tem planos ambiciosos para o futuro próximo. "Vamos investir agora no mercado internacional. Já estamos em contato com lojistas e compradores de países como o Peru e a Argentina. Nosso objetivo é ser o maior bolsão de negócios da América Latina."

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