Topo

Novos talentos da moda: Silvia Ferraz acredita que moda infantil tem de ser lúdica e fugir dos "miniadultos"

Silvia Ferraz é estilista da marca de moda infantil Spirodiro e desfilou na Casa de Criadores pela primeira vez este ano - Divulgação
Silvia Ferraz é estilista da marca de moda infantil Spirodiro e desfilou na Casa de Criadores pela primeira vez este ano Imagem: Divulgação

JULIA GUGLIELMETTI

Da Redação

09/08/2011 07h00

O trabalho da estilista Silvia Ferraz é regido pelo resgate dos valores da infância, com uma moda lúdica e divertida. Aos 25 anos de idade, ela é fundadora da marca infantil Spirodiro, voltada para crianças de 2 a 10 anos, e integra a programação da Casa de Criadores desde a última edição, na temporada Verão 2012. 

Indo na direção oposta à tendência “miniadultos”, a moda de Silvia tem linguagem infantil, é feita para crianças reais, de maneira que se identifiquem com o que vestem. "Não gosto de 'miniadultos' e acredito que a criança é muito mais do que isso, ela traz referências de um mundo sem tamanho e sua moda também deve ser assim, sem barreiras para a imaginação", conta Silvia.

A estilista se formou pela Faculdade Santa Marcelina e em seguida mudou-se para Belo Horizonte, onde foi assistente de Ronaldo Fraga, seu maior ídolo da moda, e trabalhou como estilista da marca infantil do mineiro, Ronaldo para Filhotes. “Admiro muito o trabalho dele e sempre me identifiquei com a linguagem lúdica e as histórias que suas roupas carregam”, diz.

De volta a São Paulo, em 2010, Silvia Ferraz participou e venceu o concurso “Ponto Zero”, realizado pela Casa de Criadores, em parceria com a Associação Brasileira da Indústria Textil (Abit) e o Mercado Mundo Mix. Com o desfile da coleção “Tire o monstro do armário”, ganhou a oportunidade de desfilar em três edições do evento e participar do Mercado Mundo Mix de Portugal.

Hoje, a estilista vende suas peças em São Paulo na Galeria Mundo Mix, nos Jardins, e na loja Voga, no bairro da Pompéia. Suas camisetas vão de R$ 75 a R$ 80.

Abaixo, Silvia conta um pouco do seu universo lúdico e de como a moda infantil vê as crianças hoje em dia.

UOL Estilo: Por que escolheu ser estilista de moda infantil e qual o maior diferencial do seu trabalho?
Silvia Ferraz: Eu gosto de trabalhar com o público infantil, pois penso como eles. Tenho uma imaginação muito fértil e vejo magia em tudo. Sinto esta grande vontade de mostrar para as crianças que vale muito a pena curtir a infância nos mínimos detalhes.

A visão de mundo da minha marca é o principal diferencial. Para mim tudo é possível e pode se tornar mais fácil a partir de um sorriso.  O papel do estilista é mostrar para seu público uma visão de mundo, contando uma história e trazendo emoção para quem veste sua peça e, no meu caso, quero resgatar os valores da infância.

Quais são suas principais inspirações e como funciona seu processo criativo?
Meu trabalho é uma troca, retiro todas as minhas referências do mundo das crianças e devolvo em forma de roupa e de moda. Estou sempre de olho nos pequenos, nas fases da infância e temas que tenham a ver com o crescimento deles. Faço pesquisas com eles, questionando sobre o tema e pedindo para que me ajudem a desenhar. 
 

Desfile de Verão 2012 de Silvia Ferraz na Casa de Criadores

Por que você acha que esta tendência de “miniadultos” vem acontecendo?
Acredito que seja decorrente de uma sequência de acontecimentos e comportamentos da sociedade em geral. Vivemos exigindo que as novas gerações sejam fortes, qualificadas para o mercado e para a concorrência. Infelizmente isto também é transmitido para as crianças.

Hoje, a maioria deixa de fazer aulas de artes e música para começar aula de russo e reforço em matemática.  É justamente na infância que se desenvolve as qualificações e os interesses pessoais de cada um. Se não houver referências lúdicas, de um universo próprio, os pequenos começam a viver no mundo dos adultos. Eles não têm culpa alguma, apenas se comportam de acordo com o ambiente em que vivem.

Qual sua dica para quem está começando e quer seguir carreira como estilista?
Costumo dizer que eles devem se tornar esponjas e absorver o máximo que o mundo os proporciona.  É muito importante se conhecer e saber bem do que se gosta, para ter para onde seguir.

Por que moda infantil é tão cara, considerando que é usado pouco tecido?
A confecção das roupas infantis é mais complicada do que parece. Há poucos profissionais qualificados nesta área. A modelagem, por exemplo, requer uma atenção maior e um estudo especial sobre o crescimento do corpo e das diferenças entre as idades para uma boa ampliação. As peças infantis são mais trabalhosas, pois são pequenas, e os recortes, miúdos.