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Figurino dos personagens do lixão é destaque na novela "Avenida Brasil"

O figurino de "Avenida Brasil" transmite a realidade cruel do lixão de uma maneira suave e com elementos lúdicos, explorando principalmente a sobreposição de roupas e acessórios descombinados - Divulgação/TV Globo
O figurino de "Avenida Brasil" transmite a realidade cruel do lixão de uma maneira suave e com elementos lúdicos, explorando principalmente a sobreposição de roupas e acessórios descombinados Imagem: Divulgação/TV Globo

Julia Guglielmetti

Do UOL, em São Paulo

02/04/2012 09h55

A trama de  "Avenida Brasil", nova novela da Globo que estreou no dia 26 de março, é divida em duas épocas: a primeira se passa no ano de 1999 e a segunda, que deve ter início no episódio que vai ao ar nesta segunda (2), acontece nos tempos atuais.

Na fase inicial da história, o pai de Rita (Mel Maia) morre e sua madrasta Carminha (Adriana Esteves) a abandona em um lixão, onde a menina precisa trabalhar em troca de comida.

É neste cenário de exploração e sujeira que o figurino da primeira semana da novela ganha destaque. A produção artística de Ana Maria Magalhães e os looks da figurinista Marie Salles (que trabalhou na novela "Cordel Encantado") transmitem a realidade cruel do lixão de uma maneira suave e com elementos lúdicos.

O maior aterro sanitário da América Latina, o Jardim Gramacho, em Duque de Caxias (RJ), foi um dos locais de pesquisa de criação. A equipe, além de poder entender o dia-a-dia dos moradores destes locais, ainda recebeu orientação de profissionais que lidam com reciclagem. Os filmes "O Lixo Extraordinário", "Oliver Twist" e "Estamira" também ajudaram a criar este universo.

Mesmo com referências reais, as roupas dos personagens não são uma cópia do que estes trabalhadores realmente usam. A figurinista Marie Salles explorou principalmente as sobreposições de peças, trazendo um toque lúdico aos looks, ao mesmo tempo em que revela a realidade por meio da intenção de proteger o corpo da sujeira e do sol.

Camisetas de manga longa são usadas por baixo de blusas de manga curta ou vestidos estampados, assim como calças volumosas são usadas com shorts, criando uma silhueta ampla. A sobreposição de meias coloridas (com cada pé de uma cor) transmite a ideia de que os personagens estão usando o que pegaram no lixo, sem condições de tentar combinar os pares.

Para intensificar este efeito de "achado no lixo", as peças foram escurecidas através de uma lavagem especial, criando uma cartela de cores composta por tons sujos. Ainda, capas de plástico, chapéus, viseiras, gorros e luvas reforçam a intenção dos trabalhadores do aterro de se protegerem.

Os personagens Nilo (José de Abreu), Lucinda (Vera Holtz) e as crianças que trabalham no núcleo do lixão precisam chegar em média três horas antes do início das gravações, para preparar a maquiagem e caracterização. Manchas nas peles, cabelos com tonalidade amarelada e dentes e unhas com aspecto de sujos e maltratados fazem parte deste processo.