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Camisas de futebol vão além da paixão pelos clubes; aprenda a usar fora dos estádios sem errar

O filme "Heleno", com Rodrigo Santoro no papel de ídolo botafoguense da década de 1940, colocou o futebol também na agenda cultural do país - Divulgação
O filme "Heleno", com Rodrigo Santoro no papel de ídolo botafoguense da década de 1940, colocou o futebol também na agenda cultural do país Imagem: Divulgação

Ricardo Oliveros

Do UOL, em São Paulo

10/04/2012 07h01

A relação entre moda e futebol não costumava bater um bolão, mas isto tem mudado nos últimos anos. A Dolce & Gabbana desenhou os uniformes dentro e fora do campo do Milan; a Stella McCartney criou as polêmicas peças que os atletas britânicos vão usar nas Olimpíadas; Paul Smith desenhou os ternos para o Manchester United, assim como a Versace fez para a Inter de Milão. Por estas bandas, se não temos marcas de luxo nos gramados, os torcedores fizeram com que a paixão que eles têm pelos seus times tenha virado um grande negócio. Apesar disso tudo, continua no ar a pergunta: é possível usar camisetas de time fora dos estádios sem errar? 

Marcas de luxo investem na parceria com futebol 
 
A marca italiana Dolce & Gabbana é a prova do que a parceria entre moda e futebol é possível. Em 2004, a grife de luxo vestiu os jogadores do Milan nas suas apresentações sociais, foi responsável pelos uniformes de campo e se tornou patrocinadora do clube. No ano passado, lançou o livro “Milan Fashion Soccer Players Portraits” (em tradução livre, algo como “Retratos dos Jogadores Fashionistas do Milan”), no qual os jogadores posaram para as lentes de Marco Falcetta, usando roupas dos estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabbana. Desde 2006, eles fazem os ternos usados pela seleção italiana de futebol. Parece que o sucesso dos estilistas entre jogadores ultrapassou as fronteiras e, em 2010, eles assinaram um contrato para fornecer um guarda-roupa formal para o time inglês do Chelsea. Não satisfeita, a dupla italiana veste o maior jogador da atualidade, Lionel Messi, do Barcelona. 
 

Fã de futebol, mas sem errar o visual

  • 1

    Evite usar no ambiente de trabalho

  • 2

    Dê preferência para os looks em momentos casuais

  • 3

    Nada de se fantasiar de jogador!

  • 4

    Use com tênis casual, calça jeans ou bermuda

  • 5

    Invista nas peças das lojas dos times para não ficar com cara de uniforme

    Enquanto isso, o Manchester United preferiu a prata da casa e contratou o estilista inglês Paul Smith para suas roupas formais, assim como a Inter de Milão chamou a italiana Versace para criar seus ternos. Por estas bandas, a Cavalera desenhou o terceiro uniforme da Portuguesa em 2008. 
     
    Na guerra travada fora dos campos, as marcas perceberam que os jogadores de futebol são ótimos modelos para suas marcas. A Armani patrocinou o jogador brasileiro Kaká e o português Cristiano Ronaldo, sem contar David Beckham, que hoje têm produtos licenciados com seus nomes em perfumes e cuecas. No Brasil, Neymar é a bola da vez, tendo assinado no ano passado um contrato milionário com a Lupo até 2014. 
     
    Todavia, nem toda a parceira entre esporte e moda dá certo. A prestigiada estilista Stella McCartney, filha do eterno “Beatle” Paul, é a responsável pela criação, com a Adidas, dos uniformes olímpicos do Reino Unido e foi duramente criticada pelo público, que não aceitou a forma como ela desconstruiu a bandeira da Grã-Bretanha, conservando o azul como cor principal e deixando o vermelho característico apenas como detalhe. 
     
    Como se cria um uniforme de futebol
     
    Uma equipe de criação que desenha os artigos esportivos para o futebol deve levar em conta fatores muito diversos daqueles do universo da moda.
     
    “O desenvolvimento de um novo grupo de uniformes se inicia aproximadamente um ano antes de seu lançamento", explica Guilherme Provenzi, gerente de produtos performance da Umbro Brasil. Provenzi diz que primeira etapa é recolher as informações necessárias para a elaboração da estrutura da linha de produtos e da direção criativa, "é quando é definida a quantidade de modelos e tipos de produtos a serem desenvolvidos para o clube, assim como quais materiais serão utilizados, tendências de design, recortes, silhuetas, entre outras informações julgadas importantes para a criação da linha", explica. Segundo o gerente de produtos, para criar algo que fuja ao tradicional, normalmente são levadas em consideração as particularidades do clube e sua torcida, "títulos, aniversário e hino do clube, estádio, gritos da torcida, assim por diante. Isto cria um valor simbólico que agrega ao uniforme”, diz Provenzi.
     
    Futebol cresce como negócio no Brasil
     
    No Brasil, que sempre foi conhecido como “país do futebol”, o mercado vive um momento de euforia, muito por conta da próxima Copa do Mundo de 2014, que vai ser sediada no país. Segundo o levantamento da consultoria Crowe Horwath RCS, o futebol brasileiro movimentou R$ 2 bilhões em 2010 e pode ultrapassar a casa dos R$ 3 bilhões em 2014. Um setor que tem crescido é o licenciamento de produtos, como camisetas, bonés, chaveiros e outros itens ligados aos símbolos dos clubes. O Corinthians, por exemplo, faturou neste nicho aproximadamente R$ 20 milhões em 2010, enquanto o Flamengo ficou com mais de R$ 4 milhões, de acordo com os balanços patrimoniais de cada clube. 
     
    O que mais chama atenção em termos de moda nas lojas de clube é um investimento grande em camisetas casuais, uma alternativa às camisas oficiais, mais restritas aos estádios de futebol. Será que essa regra é verdadeira?  
     
    Como usar sua camisa de time sem errar
     
    Reza a lenda dos códigos do bem vestir que o homem deveria usar camisas oficiais de seu clube preferido somente em dias de jogo e longe dos ambientes de trabalho. Tudo bem evitar esse tipo de peça no serviço, mesmo porque seu chefe pode torcer para um time adversário e não aceitar muito bem as tradicionais brincadeiras após uma derrota. E, nos dias de hoje, quem quer receber um cartão vermelho no emprego?
     
    Contudo, os clubes têm usado celebridades ao lançar um novo modelo de uniforme, o que faz com que a vontade de usar uma camiseta do time aumente. O caso mais recente conta com o cantor Liam Gallagher, ex-vocalista do Oasis. Gallagher gravou com a sua nova banda, a Beady Eye, uma versão de “Blue Moon”, canção dos anos 1930 e que fez sucesso com Elvis Presley duas décadas depois, e hoje é entoada pela torcida do Manchester City (conhecido como “Blues”, ou seja, azuis), quando seus jogadores entram em campo. A canção introduz e finaliza o clipe do novo single do grupo “The Beat Goes On”. No vídeo, Liam veste a nova camisa do Manchester e também demonstra seu amor pelo clube beijando o escudo.
     
    • Divulgação

      Mal saiu do BBB, o modelo Jonas já foi escalado para divulgar a nova camisa do seu time de coração, o gaúcho Grêmio

    “Todos sabem que sou fanático pelo Manchester City desde criança, e ser envolvido no lançamento do uniforme do meu time é algo espetacular. Nossa torcida é conhecida por ter estilo, e esta camisa, muito bem feita, retrata bem isso”, declarou Gallagher.
     
    No Brasil, a Nike contratou o Exaltasamba e aproveitou a presença do grupo no Carnaval baiano para lançar a segunda camisa oficial da seleção brasileira. A Topper, que fornece os equipamentos esportivos para o Grêmio, pegou carona na fama do modelo e ex-BBB Jonas, torcedor do time gaúcho, para mostrar o uniforme de 2012. 
     
    Ou seja, se as celebridades podem usar camisas oficiais dos seus times, porque nós pobres mortais não poderíamos? É claro que existem ocasiões mais propícias, como uma saída com os amigos, um cinema ou uma festa informal, mas não dá para se fantasiar de jogador de futebol. O melhor é demonstrar a paixão pelo seu time, combinando as camisetas com calças jeans, tênis casuais e com bermudas, quando o calor aumentar. 
     
    É bom ficar de olho nas lojas do seu clube preferido, porque elas apresentam versões de camisas polo que tiram partido de cores e escudos esportivos, sem que pareça um uniforme de jogo. Vale também entrar de sola na onda retrô, que está em alta tanto na moda quanto no futebol, e investir em uniformes antigos, de épocas, muitas vezes, mais felizes e gloriosas dos times. Assim, você fica bem na fita e não precisa carregar a marca dos patrocinadores das camisas oficiais. 
     
    Agora que a coluna Hora H defendeu o uso da camisa do seu time como algo elegante e correto fora dos estádios, ao contrário do que a maioria dos entendidos de moda faz, não estrague tudo brigando por aí!