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Com três museus dedicados à moda, Florença é opção de viagem para fashionistas

No museu da Gucci, em Florença, na Itália, as tradicionais flores da grife italiana estão impressas nas bolsas, nos vestidos e nos lenços - Richard Bryant/Divulgação
No museu da Gucci, em Florença, na Itália, as tradicionais flores da grife italiana estão impressas nas bolsas, nos vestidos e nos lenços Imagem: Richard Bryant/Divulgação

Claudia Silveira

Do UOL, em São Paulo

13/09/2012 08h02

A cidade italiana de Florença, na região da Toscana, é conhecida como o berço do Renascimento, mas poderia também ser chamada de capital da moda e da sua história. Três grandes museus com um acervo de roupas e acessórios de valor inestimável se instalaram neste importante destino turístico italiano.

O mais novo deles é o Gucci Museo, que se destaca pelos acessórios icônicos da marca e que completará um ano em atividade no final de setembro. O Museu Salvatore Ferragamo tem um acervo de mais de 10 mil modelos de sapatos criados pela casa desde os anos 1920, início da carreira do fundador que dá nome à instituição. A Galleria del Costume é o espaço mais histórico de todos. São cerca de 6 mil peças de roupa e acessórios que contam o rico passado do vestuário do século 16 até o século 20. Segundo o próprio museu, este é o único na Itália dedicado inteiramente à história da moda.

Quem está a passeio por Florença consegue visitar os três museus em um único dia. Por estarem a menos de 1 km de distância um do outro, é possível ir a pé, com uma pausa para compras, refeições e um indispensável gelato, o sorvete típico inventado na cidade.

De acordo com a pesquisadora Maria Claudia Bonadio, professora do curso de pós-graduação em moda no Senac-SP, um museu dedicado ao segmento é válido para quem é entusiasta do tema e para turistas em geral, não apenas para estudantes ou para quem trabalha na área. “A moda no museu é importante, porque é o registro de trabalhos primorosos, técnicas e feitios”, afirma.

No caso de Florença, os três museus concentram em seu acervo criações primorosas genuinamente italianas, o que dá ao visitante uma ideia da extrema habilidade, pioneirismo e criatividade dos costureiros e artesãos desse país. A valorização da moda nacional em Florença, no entanto, vem de várias décadas atrás. Foi na cidade que, em 12 de fevereiro de 1951, ocorreu a primeira série de desfiles que lançaria a semente do que se transformou na atual semana de moda italiana.

Décadas depois, Florença se mantém como cidade onde se respira moda e, sobretudo, a história da moda. Saiba, abaixo, o que cada museu reserva ao visitante.

Galleria del Costume

A Galleria del Costume fica em um dos prédios do complexo de museus que ocupam o gigante Palazzo Pitti. Atualmente, a galeria abriga a exposição “Moda: um mundo de semelhanças e diferenças”, cujo ponto de partida é o que há em comum entre o estilo das roupas do passado - sobretudo do século 18 - e a moda do século 20. O ponto forte da exposição são as vitrines que colocam lado a lado roupas de épocas bem diferentes, mas com semelhanças visíveis. 

Dá para olhar tudo de perto, visualizar em 360° e observar a extrema habilidade na confecção que fez do "Made in Italy" sinônimo de qualidade. Vale observar também a arquitetura do prédio e a decoração das salas, incluindo móveis e quadros, já que tudo ali é peça histórica.

O tema das exposições da Galleria del Costume é trocado a cada dois anos para que a rotatividade das peças ajude a conservá-las. Em uma das salas, no entanto, o acervo não muda. É onde ficam as roupas com que um casal da nobreza italiana e seu filho foram enterrados no século 16.  Apesar do aspecto fúnebre da exposição e de as peças terem sofrido decomposição devido ao tempo, o material é considerado uma importante relíquia e tem forte conteúdo histórico. Os paineis informativos descrevem o longo processo de recuperação de cada peça.

A Galeria del Costume tem ainda uma programação especial, com exposições temporárias e compactas, que podem abordar desde uma coleção particular com mais de mil gravatas até o vestuário dos índios que povoaram os Estados Unidos.

A dica para quem visitar o museu é comprar o catálogo da exposição (11 euros) na loja que fica logo na entrada da galeria e passear pelas salas já com ele em mãos. Além de contar um pouco da história do museu e dar detalhes da exibição, o catálogo tem um útil mapa na contracapa e descrições minuciosas das peças expostas. É mais informativo do que as plaquetas que identificam as peças de cada vitrine. 

:: Serviço ::
Onde: Piazza Pitti 1, Florença
Quando: diariamente, das 8h15 às 16h30 (de novembro a março); das 8h15 às 17h30 (março); das 8h15 às 18h30 (abril, maio, setembro e outubro); das 8h15 às 17h30 (outubro, a partir do fim do horário de verão); das 8h15 às 18h50 (de junho a agosto). Fechado na primeira e última segunda-feira de cada mês, no dia 1º de janeiro, 1º de maio e 25 de dezembro.
Quanto: 7 euros (o preço pode variar de acordo com a quantidade de museus a ser visitado dentro do Palazzo Pitti)
Informações: +39 055 294883 ou no site oficial


Gucci Museo

A criação do Gucci Museo fez parte das comemorações dos 90 anos da grife italiana, celebrados em setembro de 2011. O que o museu faz é contar essas nove décadas de rica história por meio de peças que ajudaram a definir a identidade da marca e ainda a colocaram no restrito grupo de grifes de luxo, sendo Florença a cidade onde tudo começou.

A exposição é permanente e começa a viagem no tempo com as malas e maletas, entre outros artigos de viagem que conquistaram o "jet-set" internacional e ajudaram a Gucci a alcançar a fama a partir dos anos 1950. Poucos sabem que as primeiras coleções de Guccio Gucci foram inspiradas nos hóspedes do Savoy Hotel de Londres, onde o estilista trabalhou como porteiro.

Nos andares superiores, o visitante passeia por outros temas e ícones da marca. O “Flora world” faz um resgate da série de itens que receberam a icônica estampa de flores. Bolsas, roupas, joias e até artigos esportivos também são usados para contar a história da Gucci. Destaque para o espaço “Logomania”, que conta a evolução do monograma GG.

Nos seus 1,7 mil m² de história, o Gucci Museo abriga ainda o Contemporary Art Space, sala dedicada a trabalhos de arte contemporânea, um café, uma livraria recheada de títulos sobre moda e arte e ainda a Icon Store, loja onde estão à venda peças exclusivas da Icon Collection, incluindo bolsas como a New Jackie e a New Bamboo, além do mocassim Horsebit e do lenço Flora. As peças são confeccionadas em cores e detalhes exclusivos para o Gucci Museo.

:: Serviço ::
Onde: Piazza della Signoria, 10, Florença
Quando: diariamente, das 10h às 20h (museu e Icon Store); das 10h às 23h (livraria); e das 8h à 0h (café). Fechado nos dias 25 de dezembro, 1º de janeiro e 15 de agosto.
Quanto: 6 euros (50% do valor de cada entrada é usado para ajudar na restauração dos tesouros artísticos de Florença).
Informações: +39 055 759233027 ou no site oficial

Museu Salvatore Ferragamo

O acervo do Museu Salvatore Ferragamo conta não apenas a história da marca, mas também faz uma retrospectiva dos sapatos que conquistaram as mulheres elegantes do século 20, incluindo estrelas de Hollywood, como Greta Garbo e Audrey Hepburn, e figuras políticas como Evita Perón e Margaret Thatcher.

O museu ocupa o subsolo de um prédio medieval construído no início do século 13 e se destaca pelo capricho com que exibe e contextualiza suas exposições. É um poço de inspiração para aspirantes a designer de sapatos e um parque de diversões para os apaixonados pela arte de se fazer um calçado.

O que o museu tenta destacar a cada exposição é a habilidade artística do designer Salvatore Ferragamo ao escolher cores, técnicas e materiais inéditos para a confecção de novos modelos. O centro das atenções, no entanto, muda quando o museu faz uma homenagem a alguma celebridade, como é o caso da exposição atual, “Marilyn”.

Até o dia 28 de janeiro do próximo ano, o visitante poderá conferir, além de sapatos da marca, vestidos e acessórios que pertenceram à diva do cinema Marilyn Monroe. A exposição é uma homenagem aos 50 anos de morte da atriz, completos em 2012.

De acordo com Stefania Ricci, diretora do museu, a escolha de cada novo tema depende de vários aspectos. “Pode ser ‘algo no ar’, um sentimento, uma ideia, uma intuição. Pode ser a sugestão de um especialista”, enumera. “Isso leva um tempo. Nós precisamos fazer várias reuniões de ‘brainstorming’. ‘Marilyn’ levou cerca de dois anos”, completa a diretora.

E para quem acha que museu de moda é coisa de fashionista, Stefania Ricci faz o convite: “O Salvatore Ferragamo é um museu real, é um importante ponto de referência cultural em Florença. É uma instituição que dá as boas-vindas a qualquer tipo de visitante.”

:: Serviço ::
Onde: Piazza Santa Trinita, 5, Florença
Quando: de quarta a segunda-feira, das 10h às 18h. Em agosto, o museu fecha aos domingos.
Quanto: 5 euros.
Informações: +39 055 3562455 ou no site oficial