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Para Tory Burch, da grife que chega ao Brasil, o desafio é criar luxo com preços acessíveis

A norte-americana Tory Burch veio ao Brasil lançar a coleção Verão 2013 da grife que leva seu nome - Francesco Corrazzini/Divulgação
A norte-americana Tory Burch veio ao Brasil lançar a coleção Verão 2013 da grife que leva seu nome Imagem: Francesco Corrazzini/Divulgação

Fernanda Schimidt

Do UOL, em São Paulo

04/10/2012 18h35

“Gosto de variar os preços e poder oferecer coisas bonitas que não custam uma fortuna”, explicou a estilista norte-americana Tory Burch sobre o espírito da marca que trouxe ao Brasil este ano, com duas lojas inauguradas em São Paulo, a mais recente no shopping JK. “É o nosso maior desafio. Como construir uma grife que tenha espírito de luxo e preços acessíveis”, disse.

Com um objetivo bastante claro em termos de mercado, Tory inaugurou a primeira loja em Nova York, em 2004, e em apenas seis anos viu seu nome na lista de 100 mulheres mais poderosas do mundo da revista “Forbes”. Atualmente, a empresa conta com mais de 50 lojas pelo mundo e deve abrir um espaço no Rio de Janeiro ainda este ano e outro em São Paulo no futuro.

Por aqui, uma sapatilha (seu item mais famoso) custa em torno de R$ 700, enquanto que pulseiras podem sair por R$ 200. Nos Estados Unidos, é possível encontrar diversas peças na faixa dos US$ 200. Os acessórios como a sapatilha estilo bailarina e blusas no modelo túnica tornaram-se sua marca registrada e cativaram consumidoras famosas. A apresentadora Oprah apontou Tory como “o próximo grande nome na moda” em 2005 e suas criações entraram no figurino da série “Gossip Girl”, o que culminou em uma participação da estilista em um episódio da terceira temporada.

Apesar de reconhecer a importância da TV e da cultura pop na divulgação da grife, Tory Burch procura evitar a superexposição. “É um receio pessoal, porque sou uma pessoa bastante discreta. É algo que procuramos limitar também em termos de distribuição e de como construímos a marca. É bastante estratégico”, disse ela, em entrevista ao UOL nesta quinta-feira (4).

Seu início como mulher de negócios foi relativamente tardio. Aos 38 anos e sem um curso de moda, aproveitou a formação como estudante de artes plásticas e a experiência como relações públicas para as marcas Ralph Lauren, Vera Wang e Narciso Rodriguez, para quem trabalhava antes de lançar a própria marca. A ideia para a empreitada surgiu durante um período sabático de quatro anos. “Percebi que não conseguiria ser mãe e manter o ritmo que estava levando. Foi assustador começar algo do zero, sem nunca ter desenhado uma peça”, contou.

A maturidade, no entanto, favoreceu outro aspecto na nova profissão. “Tive mais confiança para não ligar para o que os outros pensavam, algo que aprendi com a idade”, afirmou. Este mesmo conselho, Tory procura passar para as enteadas, filhas do ex-marido e sócio, Christopher Burch - com quem passa por disputas legais desde a última semana. Aos vinte e poucos anos, Alexandra e Louisa irão lançar sua própria loja em setembro, chamada Trademark.

  • AFP/AP/AFP

    Looks de Tory Burch para o Verão 2013 desfilados na semana de moda de Nova York. A saia azul (esq.) foi confeccionada por artesãs de Gana especialmente para a coleção

Mulheres em primeiro plano

As lições de Tory vão além das três enteadas – Elizabeth, a do meio, está terminando o curso de moda na conceituada Parsons - ou dos três filhos. “Falo muito para as meninas mais jovens como é importante elas se conhecerem. Entender que é ótimo entrar na fantasia da passarela, mas não viver isso”, afirmou. Para ela, ter uma boa autoestima é essencial para saber separar o que o mundo da moda apresenta como ideal e sua aplicação na vida real. “É um pouco como as tendências. Elas não são para todo mundo, mas você pode adaptá-las de maneira que funcionem para o seu estilo pessoal e a sua idade. Tem de fazer você se sentir bem”, explicou ela, que lançou há três anos a Tory Burch Foundation para incentivar a independência econômica das mulheres ao redor do mundo.

“As mulheres enfrentam mais desafios do que os homens, e acredito muito que elas não devam ser julgadas por seu gênero, mas pela qualidade de seu trabalho. Algo que nem sempre acontece”, disse. Em sua última coleção para o Verão 2013, apresentada durante a semana de moda de Nova York e trazida para uma festa de lançamento em São Paulo, algumas peças como as saias com tingimento “tie-dye” foram criadas por artesãs de Gana.

“Existe um mito de que as mulheres ‘furam os olhos’ umas das outras, mas não vejo isso. Temo satisfação com seu sucesso. É importante que as mulheres apoiem outras mulheres”, afirmou.

Sua crítica às colegas diz respeito ao excesso de preocupação com o envelhecimento. “Acho que existe um jeito de se envelhecer graciosamente, não há outra alternativa. Então, é melhor aceitarmos isso. Não me sinto velha, mas até bem jovem. É um estado de espírito”, disse.

Aos 46 anos, Tory procura manter o lado atlético em dia. Acorda entre 5h30 e 6h para se exercitar, com aulas de spinning e ioga. “É um desafio levantar, mas se deixar para depois, acabo não fazendo nada. Gosto de ioga. Minha avó tinha uma ótima postura por conta da ioga”, completou, enquanto esticava as costas, lembrando de deixar a coluna em posição ereta.