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Novo formato de SPFW tem menos celebridades e estrutura enxuta; UOL faz balanço

Vista geral das tendas do SPFW montadas no Parque Villa-Lobos, zona oeste da capital paulista. Na foto, policiais se dirigem ao evento para boletim de ocorrência após furto de equipamento fotográfico - Mastrangelo Reino/Folhapress
Vista geral das tendas do SPFW montadas no Parque Villa-Lobos, zona oeste da capital paulista. Na foto, policiais se dirigem ao evento para boletim de ocorrência após furto de equipamento fotográfico Imagem: Mastrangelo Reino/Folhapress

Fernanda Schimidt

Do UOL, em São Paulo

01/11/2012 21h08

A moda brasileira oficialmente alterou seu calendário de desfiles com a realização do São Paulo Fashion Week, que apresentou entre a segunda e esta quinta-feira (1º) as novidades dos criadores nacionais para o Inverno 2013.

A temporada de transição aconteceu com menos dias de evento e, consequentemente, menos marcas se apresentando - foram 19 desfiles contra 29 no inverno passado. Outra alteração importante disse respeito à sede do SPFW, que deixou o prédio da Bienal no Ibirapuera por outro parque, o Villa-Lobos.

Com tantas mudanças, a equipe do UOL envolvida na cobertura desta, e de tantas outras edições no passado, se reuniu para fazer um balanço da nova fase do calendário da moda nacional. A avaliação levou em conta a estrutura e organização do evento, não as coleções desfiladas, já que elas independem do local onde serão apresentadas.

Veja abaixo, item a item, o que melhorou, piorou ou ficou na mesma.

Alimentação – Comer dentro do São Paulo Fashion Week costuma ser um perrengue. Além do corre-corre de um desfile para outro, são poucas as opções disponíveis no evento – normalmente há um restaurante mais caro e um quiosque com pratos rápidos ou lanches. A saída comum para quem visita ou trabalha durante a semana de moda é procurar alternativas na redondeza. Neste quesito, o parque Ibirapuera, onde está localizado o prédio da Bienal, saiu-se melhor com alguns restaurantes e vendedores com lanches. No parque Villa-Lobos, o jeito era caminhar cerca de 3km até o shopping de mesmo nome. Dentro do evento, havia apenas uma opção: filial “pop-up” do restaurante Paris 6.

Ambiente – A estrutura do evento foi inspirada em estufas de plantas, o que assustou quem via as tendas ao longe e pensava no calor que estaria lá dentro. O ambiente, no entanto, estava agradável e arejado (exceção para a sala de imprensa, abafada), com tecidos em estampadas de folhagens revestindo as paredes e dando clima tropical – ainda que as coleções apresentadas fossem de inverno. Os vasos com plantas que fizeram parte da decoração em estantes viraram lembrancinhas ao fim do evento, na noite de quarta. Pena que várias delas já estavam secas. A estrutura das tendas chacoalhou e fez bastante barulho com a ventania e chuva na quarta-feira. Também fazia barulho o piso montado ao longo do espaço e chegava a balançar com a aproximação de passos mais pesados.

Assentos – A disposição dos lugares na sala de desfile previu um espaço maior entre os convidados, dando mais conforto para quem assistia à apresentação, sem encostar nos vizinhos ou se espremer demais com a chegada de um convidado de última hora.

Banheiro – Apesar de haver apenas um banheiro em todo o espaço montado no parque, as filas não chegaram a ficar longas demais, como costuma acontecer nos intervalos entre desfiles no prédio da Bienal – lá, há três banheiros para os convidados. O lado negativo ficou por conta da falta de água que acometia o local de tempos em tempos ao longo do dia. Antes do último desfile começar, o acesso aos banheiros foi interrompido por conta de uma festa que aconteceria em frente ao local. Para os “apertados”, o jeito era se aventurar na chuva para chegar a um container nos fundos do evento.

Camarim – O espaço reduzido fez com que a concentração de jornalistas e fotógrafos ficasse ainda maior, dificultando o acesso aos maquiadores e, consequentemente, a cobertura de beleza. O acesso ao backstage era todo ao ar livre e os profissionais tinham de esperar sob sol (ou chuva) até terem sua entrada liberada para observar o trabalho da equipe de beleza ou as araras com roupas e acessórios.

Celebridades – Nas semanas de moda ao redor do mundo, o burburinho é provocado mais pela presença de famosos na primeira fila do que pelas propostas apresentadas pelos estilistas. Nesta edição, a quantidade de personalidades circulando pelos corredores e desfiles foi bem menor, o que deu uma tranquilidade ao corre-corre usual e acabou com a montanha de gente que se forma em frente à primeira fila e dificulta a passagem de convidados mais anônimos em busca de seu lugar antes do início das apresentações. O lado ruim? Faltou assunto para a cobertura extra-passarela.

Dança das cadeiras – com o espaço destinado aos profissionais da imprensa (entram aí jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas, editores e até blogueiros) visivelmente menor, a falta de cadeiras se mostrou ainda mais grave. Desde o prédio da Bienal, a organização disponibiliza três pontos de rede por bancada, mas apenas duas cadeiras. Segundo membros da equipe responsável pela manutenção do espaço, isso acontece porque “os fotógrafos tinham de sentar nas suas escadinhas [usadas por alguns deles para fotografar os desfiles]”. Vira e mexe, ouvia-se um estrondo. Era mais uma “escadinha” que fechava durante edição ou envio de fotos e deixava o profissional na mão, ou melhor, no chão. Vale lembrar que nem todo fotógrafo carrega uma escada e que a conta de um fotógrafo para cada três profissionais de imprensa é falha.

Estacionamento – Nesta edição, havia vagas suficientes para comportar quem ia de carro ao evento. Apesar de o estacionamento também ser gratuito ao lado da Bienal, a concorrência era grande com os visitantes do parque Ibirapuera, que lotavam o espaço em pouco tempo. O acesso de táxis não credenciados do SPFW era proibido até a entrada do evento, então quem chamava carro de alguma companhia tinha de se deslocar até o estacionamento num percurso ao ar livre.

Menos “carão” – Sem os lounges, o São Paulo Fashion Week perdeu também as centenas de convidados interessados em boca-livre, brindes ou fotos com famosos. O resultado foi uma edição com pessoas mais focadas na cobertura do evento. Os lounges funcionam assim: empresas montam um espaço para divulgação de seu nome e/ou produtos e distribuem convites que dão acesso à área comum do evento e seu espaço fechado, mas não aos desfiles.

Pontualidade – Com apenas duas salas para os desfiles, os estilistas tiveram de cortar cenários elaborados de sua apresentação para reduzir para 30 minutos o tempo de montagem e desmontagem. A alteração, no entanto, não surtiu efeito no atraso dos desfiles, que continuaram começando bem depois do horário previsto, como já acontecia no prédio da Bienal.

Pit – O espaço destinado para fotógrafos e cinegrafistas em frente à passarela (pit, no jargão da área) foi menor desta vez, mas não chegou a comprometer o trabalho dos profissionais. Um lado positivo foi que a entrada para o pit era liberada mais cedo, evitando filas e agilizando a cobertura.

Segurança – Mais simpáticos do que em edições anteriores, os seguranças deixaram a truculência de lado e até deram uma mão aos convidados com dificuldade em abrir seus convites. O esquema para receber a top Alessandra Ambrósio, que já chegou a provocar tumulto, também aconteceu tranquilamente. A sala de imprensa, no entanto, foi novamente alvo de furto de equipamento fotográfico. Nesta edição, as câmeras de segurança foram deixadas de lado.