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Marcas masculinas do SPFW apostam em inverno pesado e militar

A Ellus teve "Police" ("polícia", em inglês) como tema da sua coleção de Inverno 2013 e abriu seu desfile no São Paulo Fashion Week com um batalhão de homens vestidos com tradicionais calças e jaquetas, confirmando a tendência internacional do militarismo  - Alexandre Schneider/UOL
A Ellus teve "Police" ("polícia", em inglês) como tema da sua coleção de Inverno 2013 e abriu seu desfile no São Paulo Fashion Week com um batalhão de homens vestidos com tradicionais calças e jaquetas, confirmando a tendência internacional do militarismo Imagem: Alexandre Schneider/UOL

Ricardo Oliveros

Do UOL, em São Paulo

06/11/2012 07h23

Sob um calor que parecia chegar a 40 graus, aconteceu a tão anunciada mudança de calendário da moda brasileira: o São Paulo Fashion Week e Fashion Rio de Inverno passam a ser realizados em outubro, em vez de janeiro, e em março, em vez de junho. Como era a terceira edição do evento em 2012, muitas marcas deixaram de desfilar, apesar da boa receptividade destas mudanças.

A moda masculina, que já não tinha grande destaque anteriormente, ficou com somente quatro desfiles, sendo um único exclusivamente feito só para homens, o da marca João Pimenta - os demais, Osklen, Ellus e Colcci, apresentaram coleções mistas. O lado bom da história é que as roupas masculinas não fizeram feio nas passarelas e, em alguns casos, como no da coleção da Colcci, foram mais surpreendentes que as peças femininas.

Assim como aconteceu nos desfiles de Milão e Paris, a tendência das roupas inspiradas no universo militar também apareceu com força por aqui. A novidade está em não ser tão literal e aproveitar as qualidades dos uniformes como o bom corte, a silhueta mais rente ao corpo, bons casacos e jaquetas e um certo ar utilitário, algo que os homens gostam bastante. Isso tudo aliado ao conforto, durabilidade e simplicidade na hora de combinar.

Ao contrário de coleções passadas, em que as roupas de inverno pareciam mais leves, e bem apropriadas para nosso clima, para a estação mais fria do ano que vem, a aposta está em casacos mais pesados, calças de couro e cores mais fechadas, em especial o preto, cinza e verde oliva. Uma das prováveis explicações para isso é que as marcas estão de olho no filão da classe média que está viajando mais para o exterior. De acordo com o relatório do Banco Central do Brasil, os gastos de brasileiros no exterior somaram um total de US$ 7 bilhões em 2011. No primeiro bimestre de 2012, bateram recorde somando US$ 3,7 bilhões. 

No grande segmento da moda brasileira, o jeans apareceu mais escuro, como mostrou a Ellus e a Colcci. A barra da calça continua mais curta, seja para usar com coturnos ou com sapatos pesados e meias em contraste. A silhueta é rente ao corpo, mas não tão justa como os modelos “skinny”. Todavia, a grande aposta em termos de tecidos parece ser o couro, que esteve presente não só nas jaquetas, mas em camisas, camisetas e calças.

Enquanto as grandes marcas mostraram suas coleções que seguiam as tendências internacionais, João Pimenta foi na contramão e se inspirou nos malandros da década de 1930. Seus exercícios de alfaiataria, com paletós bem acinturados e pregas que procuram redesenhar o clássico guarda-roupa masculino, tiveram na sua terceira apresentação no SPFW, seu melhor momento. O desfile também marcou a opção do estilista de trocar sua loja, pelo ateliê para roupas sob medida, em especial, destinado a noivos bem modernos, que querem fugir do padrão tradicional.

A Osklen, que teve 30% das suas ações vendidas para a Alpargatas, apresentou um desfile bem enxuto, com dezoito modelos, numa galeria de arte paulistana, para apenas 60 convidados. A marca carioca retoma suas origens no esqui, com coleção inspirada em Aspen (EUA), local famoso pelas suas pistas de esqui, e na região da Patagônia, no extremo sul da Argentina. O resultado é uma moda esportiva de luxo, que fez a fama da marca.