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Figurinistas de "Revenge" e "Mad Men" veem crescimento da moda na TV

Janie Bryant no lançamento de sua coleção inspirada em "Mad Men", parceria com a marca Banana Republic (26/02/2013)  - Getty Images
Janie Bryant no lançamento de sua coleção inspirada em "Mad Men", parceria com a marca Banana Republic (26/02/2013) Imagem: Getty Images

Adriana Terra

Do UOL, em São Paulo

17/10/2013 08h14

Foi em uma festa no começo da década de 1990 que Janie Bryant se deu conta do que queria fazer nos próximos anos. Após uma conversa com uma figurinista de cinema, a então assistente de moda, fã de filmes antigos e recém-chegada a Nova York saiu decidida a trabalhar nesta indústria. Fez a transição, ganhou experiência nos bastidores de uma dezena de longas até, em 2001, chegar à televisão -- área que em poucos anos vem lhe rendendo todas as indicações e prêmios de sua carreira.

Janie é a responsável pelos figurinos de “Mad Men”, e antes disso cuidou do vestuário de “Deadwood”. A norte-americana é hoje um dos nomes mais quentes de uma área que estourou com “Sex and the City”, há 15 anos, e cada vez mais torna-se tão reconhecida quanto capitalizada, com empresas transformando o interesse nos visuais de personagens de seriados em coleções para lojas de departamento, sites de dicas de compras e palestras sobre moda.

“O público hoje entende que o figurino pode ser um dos principais elementos de uma série”, acredita Janie. “O figurinista agora tem a oportunidade de se destacar e ser reconhecido por criar personagens por meio das roupas”, diz ela, que no momento trabalha nas filmagens da sétima e última temporada de “Mad Men”, seriado aclamado pelo vestuário que retrata o ambiente de uma agência de publicidade nos EUA nas décadas de 1960 e 1970, acompanhando as mudanças políticas, comportamentais e de estilo da época.

“É uma área que vem sendo construída há anos, com programas mais criativos e atrações discutindo a importância das roupas e dos looks das séries”, opina Lou Eyrich, responsável pelo visual de dois seriados bem distintos entre si: “American Horror Story” e “Glee”, ambos criados por Ryan Murphy.

Jill Ohanneson, figurinista de “Revenge”, credita esta mudança essencialmente a uma pessoa. “Antes havia muitos shows bem realistas, nada muito fantasioso. Depois veio ‘Sex and the City’ e com Patricia Field [figurinista da série] a moda de fato renasceu”, opina. “É sério, por uns dez anos os personagens estavam usando apenas jeans, camiseta e um blazer preto murcho”, diz Jill, em tom de humor.

A responsável pelos visuais das socialites dos Hamptons na trama que vai ao ar aos domingos na Globo trabalhava com longa-metragens até há pouco mais de uma década -- ela fez figurinos de filmes como “Férias do Barulho” (1985), com Johnny Depp, e “Nosso Louco Amor” (1998), com Drew Barrymore. Ao engravidar, decidiu mudar para o universo das séries “para ter mais tempo”, já que este costumava ser um mercado mais tranquilo. “Naquela época era totalmente diferente do que é agora”, compara.

Jill é uma das muitas pessoas que acredita que os seriados hoje em dia chamam mais atenção que o cinema, produzindo inclusive coisas mais interessantes. Patricia Field engrossa o coro em relação ao alcance das séries, arriscando outro motivo: “a questão é que uma série de TV ‘te visita’ toda semana. E um filme, por maior que seja, é uma experiência única”, diz a estilista.

Coleções, reality shows e filmes

  • Patricia Field, e seu trabalho na "Sex and the CIty", foi a grande responsável pela revolução de moda nos seriados e sua crescente importância

Como muitas figurinistas que despontaram nos anos seguintes a “Sex and the City”, Pat Field está ampliando sua área de atuação. “Meu principal interesse no futuro é aumentar a minha participação em filmes e na TV. Estou começando a criar e produzir o meu próprio filme. Ainda não tem diretor, estamos finalizando o roteiro”, conta ela, que atualmente faz consultoria de estilo para longas e administra sua loja na região nova-iorquina do Bowery -- nos dias em que conversou com o UOL, Patricia estava ocupada com a produção de roupas e acessórios para o Halloween.

Já Janie Bryant, de “Mad Men”, prepara um reality show. Após desenvolver coleções temáticas da série em parceria com lojas como a Banana Republic, a figurinista está empenhada em vender seu programa para um canal de TV. “Meu show se chama ‘Janie Bryant’s Hollywood’ e é uma competição de estilistas na qual a cada semana os concorrentes têm o desafio de criar um figurino inspirado em um dos meus filmes favoritos”, detalha a designer que é apontada pelo criador da série, Matthew Weiner, como ótima “contadora de histórias”.

Jill Ohanneson também prepara uma coleção inspirada em “Revenge”. Assim como Mandi Line, figurinista do hit adolescente “Pretty Little Liars”, e Lyn Elizabeth Paolo, de “Scandal”, ela ainda dá dicas de estilo em um e-commerce que vende peças inspiradas nas usadas pelos personagens dos seriados. “Nós estreamos a nova temporada há duas semanas e já tem um monte de gente que me pergunta: ‘Onde eu posso encontrar as roupas?’, ‘Onde eu compro o estilo fabuloso do Nolan?’”, conta Jill, revelando que gostaria de desenhar, no futuro, uma linha de roupas baseada no hacker da série.

Estilistas-celebridades

Além do sucesso dos programas e do talento de profissionais de moda que atuam nele, há nos bastidores gente que captou a capacidade comercial desta combinação. Fazendo a conexão com marcas e projetando palestras, a agência Matchbook vem representando diversas figurinistas, como as citadas Janie Bryant, Jill Ohanneson, Mandi Line e Lyn Paolo, além de outros nomes importantes como Jenn Rogien (da série “Girls”) e Dan Lawson (de “The Good Wife”).

“Trabalhei pela primeira vez com Janie Bryant há três anos, e o interesse e sucesso que ela obteve lidando com marcas nos fez perceber o potencial não aproveitado destes talentos”, conta Linda Kearns, diretora de marketing da Matchbook.

Para Linda, os figurinistas são os novos “estilistas-celebridades”, capazes de ditar tendências e gente, de fato, especialista em moda e caimento. “Com o crescente interesse nos looks da TV, mídias sociais e com o fato de que seu trabalho é visto a cada semana, eles podem agregar muito valor para as marcas com quem trabalham”, resume ela o novo cenário.

Onde assistir às séries no Brasil:

"American Horror Story" - Fox e Netflix
"Girls" - HBO Plus
"Glee" - Fox e Netflix
"Mad Men" - Cultura, HBO e Netflix
"Pretty Little Liars" - Boomerang, Glitz e Netflix
"Revenge" - Globo, Sony e Netflix
Scandal - Sony