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Moda sobre rodas: venda itinerante de roupas conquista público sem tempo

Por Carol Maggi

Do UOL, em São Paulo

16/07/2015 07h05

Sair de casa para comprar roupas pode muitas vezes ser um problema, seja pela falta de tempo ou mesmo pela vontade de deixar o conforto do sofá nos poucos momentos de folga. Mas e se a loja de roupas vai até você? A ideia de moda itinerante está cada vez mais popular, por isso empresários têm investido no modelo de negócio visando atingir um público que tem um estilo de vida mais corrido.

O funcionamento é simples: o automóvel é transformado em uma loja, com provador e prateleiras, e encaminhado para frente de empresas ou eventos onde haja circulação de muitas pessoas. "Esse tipo de comércio leva conveniência ao cliente, marcando presença no ambiente de trabalho ou de lazer. Pode não ser do interesse naquele momento específico, mas se tem algo que desperte o desejo de compra, o cliente acaba levando", explica Richard Vinic, coordenador dos cursos de marketing da pós-graduação da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em São Paulo.

Comodidade
"É difícil sair de casa para comprar roupa, mas quando a gente leva alguma coisa até a pessoa, essa comodidade faz com que ela acabe consumindo", acredita Katia Moreira, da “Boutique Donna K”, em São Paulo. A empresária decidiu adotar o modelo itinerante há dois anos e meio, depois de fazer sucesso vendendo roupas e acessórios na empresa em que trabalhava.

Além de ser cômodo para o cliente, também é vantajoso para quem vende, já que se pode escolher o local onde as peças serão comercializadas, buscando sempre um ponto que renda melhor financeiramente. "Com esse tipo de negócio você nunca está na espera, está sempre na posição de ataque", afirma Fabiane Ploposki, ex-sacoleira e dona da franquia Boutique de Rua desde 2008, em Curitiba (PR).

Outra vantagem desse tipo de loja é a chance que a cliente tem de experimentar a peça na hora, diferentemente do que acontece em uma compra online, por exemplo. O consumidor tem a possibilidade de interagir com o produto. "A falta de padrão do tamanho das peças compromete muito a compra virtual. Já um negócio como este une a conveniência com a possibilidade de experimentar a roupa", analisa Vinic.

Compra por impulso
Fabiane decidiu montar a sua “boutique de rua” pois sentia que a compra por impulso faria muita diferença no lucro das vendas. "A venda de impulso eu já perdia porque a pessoa levava a roupa para provar em casa e tinha tempo para pensar se realmente queria comprar. Eu sabia que podia ganhar muito mais se tivesse um provador", explica.

Além de o consumidor não ter muito tempo para pensar na compra com a loja indo até ele, também é surpreendido com o tipo de comércio fora do comum e, assim, se sente mais à vontade para consumir. "A novidade é um fator importante que impulsiona a compra", completa Vinic.

Para despertar o desejo de consumo e agradar a estilos distintos é importante ter peças diversificadas. "Eu procuro estar bastante informada sobre o que está na moda, mas as próprias clientes me dão a dica do que elas querem", conta Katia. "É essencial estar sempre atualizada com o que está acontecendo para escolher as peças. Às vezes a cliente está vestida de um jeito mais formal por causa do trabalho, mas quer comprar uma roupa para o final de semana, para a balada", completa Fabiane.

"Fashion Truck"
Para as irmãs Camila e Jéssica Machado, a ideia de moda itinerante surgiu em uma viagem que fizeram para a Europa. "A gente viu o movimento dos ‘food trucks’ e projetos bacanas com trailers em uma viagem para a Europa e aí nos perguntamos: por que não ter um fashion truck?", conta Camila, que tem dez anos de experiência na área da moda. Foi assim que surgiu o “Achado Trailer”, que hoje é administrado por apenas uma delas, com a ajuda de alguns colaboradores.

Para adaptar o veículo, a empresária não teve muita dificuldade. "A transformação que a gente fez foi muito simples, com mais coisas de decoração. Onde tinha uma mesa a gente colocou arara, tiramos a cama do quarto e transformamos no provador", explica. Assim, há nove meses, Camila dirige o trailer de duas toneladas por São Paulo, estacionando em feiras, bares e espaços que tenham eventos.

Atualmente, a dona do trailer é responsável pela criação das peças e se inspira no público jovem, entre 18 e 30 anos, que o negócio conquistou. "No começo criava muito o que eu gostaria de usar e, hoje, com o público desenhado, penso muito no que essas pessoas procuram e do que elas gostam". O diferencial, segundo ela, são os cortes modernos das peças e a pouca quantidade de cada uma, no máximo seis itens.

Venda online
Mesmo indo até o cliente, a moda itinerante ainda tem um alcance limitado. Por isso, a venda online está entre os desejos de expansão do negócio. "Além de ter outro carro, também quero uma loja virtual, já que muitas pessoas de longe gostam das nossas peças e não têm como comprar", explica Katia.

Os planos de Camila Machado são parecidos e, além da loja online, ela quer viajar com o trailer pelo Brasil, divulgando seu trabalho. "A gente está começando a construção de um trailer novo, vai ser menor e mais fácil de se locomover para outros estados", finaliza.