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Sutiãs para mastectomizadas oferecem segurança e melhoram autoestima; veja

Apenas 10% das mulheres mastectomizadas opta por cirurgia de colocação de prótese de silicone - iStock Images
Apenas 10% das mulheres mastectomizadas opta por cirurgia de colocação de prótese de silicone Imagem: iStock Images

Carol Salles

Do UOL, em São Paulo

18/08/2015 14h32

Qual o impacto que um sutiã pode ter na autoestima de uma mulher? Para quem passou por uma mastectomia-- cirurgia de retirada total ou parcial da mama, em casos de câncer -- pode ser grande. O evento costuma ser traumático, porque, junto com a remoção, surgem ainda dúvidas sobre a continuidade da doença e o medo da morte.

De acordo com o mastologista Gustavo Ventura, membro da Sociedade Brasileira de Mastologia, de São Paulo (SP), é parte do protocolo oferecer a colocação de prótese interna após a mastectomia, mas apenas 10% das mulheres faz o procedimento. Uma das causas é o fato da operação não ser acessível, embora exista uma lei que obriga o SUS (Sistema Único de Saúde) a oferece-la.  “Falta mão de obra especializada, ou seja, cirurgiões plásticos”, afirma ao UOL Moda.

As próteses externas se tornam, assim, uma opção para as mulheres que não querem—ou não podem—arcar com os custos emocionais ou financeiros de uma nova cirurgia. Feitos de silicone ou outros materiais, os acessórios são acomodados no sutiã e simulam as mamas com perfeição.

Porém, apesar da grande demanda por próteses externas, há poucas empresas que criam soluções voltadas especialmente para elas.

Uma das exceções é a confecção de lingeries Darling. Ela lançou, em 2013, a linha Mastec, composta por dois sutiãs, em várias cores, com bolsos especiais para acomodar a prótese sem que ela apareça pelo decote da roupa, se mova ou caia.

A coleção foi criada após a empresa receber milhares de e-mails pedindo a criação de sutiãs especiais. A mobilização partiu da associação De Peito Aberto em parceria com a multinacional Change.org.

Segurança
A cabeleireira Janaína Rodrigues, 49 anos, do Rio de Janeiro (RJ), é adepta da peça. “Ele me dá segurança, pois a prótese não fica se movendo. Quem me olha não sabe que uso”, conta.

Janaína lembra que, logo depois da cirurgia, em 2007, teve dificuldade em encontrar esse tipo de produto por falta de informação. Hoje, porém, o empecilho é outro: achar modelos mais joviais ou que possam ser usados com decote-- os sutiãs para mastectomizadas são, em geral, mais fechados.

O valor da lingerie especial também desencoraja possíveis adeptas. A peça pode chegar a R$ 100, custo que nem todas as mulheres podem arcar. Por isso a Associação Brasileira de Apoio aos Pacientes de Câncer (Abrapac), no Rio de Janeiro (RJ), dá oficinas de como costurar uma espécie de bolso na parte interna de um sutiã comum para a prótese ser inserida.

Foi em uma dessas aulas que a técnica em enfermagem Lilian Mattos de Carvalho, 52 anos, do Rio de Janeiro (RJ), aprendeu a personalizar seu sutiã. “Eu compro um modelo comum e costuro um forro de malha, na parte de dentro, para colocar a prótese”, conta Lilian, que também fez mastectomia em 2007. “Para mim foi a melhor solução, pois eu jamais sairia sem prótese. No entanto, pelo peso dela, o sutiã desgasta mais rápido”, constata.

Apesar da pouca oferta, outras confecções, como a Mama Amiga e Esbelt, também estão trabalhando para oferecer sutiãs e, até mesmo, roupas de banho com aberturas para prótese externa. Veja algumas opções em nosso guia de compras.