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Nova versão de corset aparece nas academias para afinar a cintura; entenda

Julia Guglielmetti

Do UOL, em São Paulo

07/12/2015 08h09

De símbolo de nobreza a instrumento de tortura. De alvo de protestos feministas a ícone sensual. Usado desde a primeira metade do século 16, o corset resistiu ao tempo e às variações da própria moda. O polêmico item que afina a cintura e dá mais curvas ao corpo feminino agora ressurge nas academias, de maneira mais branda, ganhando mais e mais adeptas.

Não é de hoje que as irmãs Kardashian e as brasileiras Gracyanne Barbosa e Mulher Melão têm como marcas registradas seus corpos esculturais. Quem as acompanha nas redes sociais nos últimos anos, no entanto, deve ter percebido que as musas estão com as cinturas cada vez menores.  As novas curvas são consequência de uma fórmula em comum entre todas: dieta mais treino mais  cinta modeladora – artigo derivado do corset.

Corset fitness
Apesar do efeito visual muito semelhante, não é o corset tradicional, cheio de amarrações e sustentações metálicas, que é usado nas academias. Os novos modelos são feitos em materiais mais maleáveis, como látex, que permitem melhor movimentação nos exercícios aeróbicos, além de ajustar a coluna nos exercícios de agachamento.

Gracyanne Barbosa, conta em entrevista ao UOL que começou a usar a cinta há cerca de um ano e meio. Desde então,  garante, conseguiu diminuir 12 centímetros de cintura sem que o uso extremo a prejudicasse em seu dia a dia. "Uso dois tipos de cinta: uma durante os treinos e outra para ficar em casa, diariamente. Nunca senti nenhum tipo de desconforto ou mal estar, tomo muito cuidado, respeito o meu corpo e saúde", afirma a modelo.

Renata Frisson, a Mulher Melão, diz que sua cintura fina, cultivada com ajuda da cinta desde 2008, tem despertado cada vez mais o interesse dos fãs. "Não tem um dia que eu não responda mensagem sobre o uso de cinta. Conforme a cintura vai afinando tenho que mandar fazer outra e outra. Vira e mexe tenho que comprar mais uma".

"Tight Lacing"
Em paralelo, existe o "tight lacing", que é a prática de utilizar um corset ou um espartilho tradicional devidamente amarrado por longos períodos de tempo, com o objetivo de obter uma mudança definitiva no corpo, geralmente o afinamento da cintura.

Diferentemente das cintas modeladoras usadas nas academias, o corset necessariamente tem cordas na região das costas, para regular a compressão. O tecido deve ser resistente e sem qualquer elasticidade. A sua estrutura deve ser feita com barbatanas espiraladas ortopédicas de aço.

Tudo pode parecer muito desconfortável, mas ainda há adeptas da prática que buscam conquistar a silhueta ampulheta. Enquanto as cintas modificam o tecido adiposo, evitando o acúmulo de gordura na barriga e cintura, os corsets propõem a modificação da estrutura óssea da região, afinando a cintura --e as costelas-- definitivamente.

Embora não se orgulhe disso, a estudante de moda Luna Moraes é praticante do "tight lacing" desde os 13 anos. É verdade que ela teve de interromper o método aos 15, depois de sentir as primeiras dores na coluna e ser diagnosticada com escoliose e lordose.

Após fazer fisioterapia e RPG, Luna voltou aos corsets anos depois, aos 19, com uma outra consciência a respeito da controversa peça. "Tight lacing exige muita responsabilidade e é imprescindível  ter acompanhamento médico e fazer os exercícios específicos de fortalecimento", afirma Luna, que também faz corset para vender.

Alerta médico
Os corsets, porém, são vistos com preocupação pelos médicos. "A utilização frequente deles pode acarretar em uma série de alterações no
corpo da mulher, como a deformação e compressão do tórax. Outro risco surge porque a musculatura paravertebral e abdominal ficam fracas e perdem o poder de sustentação do corpo", explica o ortopedista Artur da Fonseca.

Do ponto de vista circulatório, os cirurgiões vasculares Juliana Puggina e Josualdo Euzébio da Silva alertam: corsets muito apertados prejudicam o fluxo sanguíneo e o retorno do sangue das pernas até o coração, que pode ser prejudicial à saúde sobrecarregar o sistema venoso das pernas. Além disso, a peça ainda pode dificultar a expansão dos pulmões e atrapalhar a respiração.

Por serem menos rígidas, as cintas modeladoras oferecerem menos risco à saúde do que os tradicionais corsets mas, mesmo assim, é extremamente importante visitar um médico antes de começar o uso e nunca usá-las apertada demais.