Sucesso de vendas, Curve Crush tem cheiro de suco de uva artificial com talco

por Chandler Burr, do "The New York Times" *
Notas Perfumadas

  • O perfume Curve Crush de Liz Claiborne
    Criadora: Liz Clairborne Gênero: Feminino

Em 1996, a licenciada de Liz Clairborne, Elizabeth Arden, solicitou que o perfumista James Bell criasse um feminino para a marca Clairborne. Chamado Curve, era uma fragrância barata que vinha dentro de um frasco igualmente popular, e sua embalagem fora concebida para atingir o coração do comprador de perfumes de drogaria. Estava perfeitamente ajustado para seu nicho demográfico e provou ter uma história de sucesso darwiniano.

Na verdade, o original inspirou uma série impressionante de desdobramentos: Curve Crush, criado por Carlos Vinals e Pierre Negrin, lançado em 2004; Curve Wave, uma edição limitada criada por Jean-Marc Chaillan, Laurent LeGuernec e Pascal Gaurin, surgiu em 2005 (e LeGuernec sozinho fez as honras do Curve Chill de 2006), Curve Kicks, de Andrea Lupo, nasceu em 2007 e o Curve Connect de James Krivda apareceu em 2008.


O lendário perfumista da Hermès Jean-Claude Ellena me disse em certa ocasião que ele podia relaxar “enquanto pudesse 'ça sent bon' – cheirar bem.” A franquia Curve surgiu, conectou, esmagou e surfou seu caminho em direção ao sucesso financeiro porque cheirava bem para aqueles que a compravam.
Não muito tempo atrás, eu falava com uma estudante latino-americana do ensino médio. Ela dizia ser “de um pedaço muito barra-pesada de Jersey”, mas ela tinha “algumas coisinhas boas”. Como o quê? “Conhece o Curve?”, perguntou, com devoção. “Eu amo aquele perfume! Sempre estou com o meu Curve!” Um mês antes, eu havia contado a um garoto de 14 anos do Queens como eu ganhava a vida. “Você pode me me dar uma força?” Ele perguntou. Claro, quem sabe. Do que ele gostava? “Curve for Men”, ele respondeu, na hora.


No entanto, nenhum desses perfumes é bom. Curve Crush tem cheiro de pó de Tang de uva que caiu em um frasco de aldeídos. Suco de uva e talco. Quando estavam criando a fragrância, Vinals e Negrin devem ter acrescentado um pouco de caproato de alila para dar um toque de abacaxi (o que se traduz em um cheiro metálico, infelizmente), e (isso é uma suposição completa) talvez um pouco de alil amil glicolato para trazer um aspecto de fruta. Qualquer que seja a combinação, o resultado – Tang de fruta com um toque de Chanel No. 5 – resulta em algo um tanto quanto ingênuo. Sua fixação na pele é um ponto positivo técnico, mas o odor é tão opressivamente barato e crasso que acaba virando ponto negativo. Pelo menos, pode-se argumentar, poderiam ter feito uma coisa que sumisse rapidamente.


Por outro lado, se você gosta, vai gostar que ele dure o tempo de um filme da Jennifer Lopez seguido de jantar com o namorado, e ainda durante o pós-jantar com o namorado. Borrife-o uma vez e ele fica. Pode-se encontrá-lo com facilidade: o Wal-Mart vende o frasco de 50ml por US$27. Mas você não vai achar o frasco de 50ml e US$70 do Infusion d’Iris da Prada.


A prova é a bajulação online. Uma crítica do Curve Crush no site do Wal-Mart por alguém que se auto intitula bananasrock diz: “Tem um cheiro tãããão bom. É um ótimo perfume para iniciantes. Ouvi dizer que o outro Curve não cheira tão bem, mas esse é uma delícia.” Sob a categoria de “Atributos”, ele recebe uma nota 4 dentre 5 pontos possíveis, seguido da expressão: “Boa compra”. Para bananasrock e suas amigas, aquilo já deve realmente dizer tudo.


As observações não estão calcadas no esnobismo. Curve Crush pode mesmo ser um bom perfume para quem está se iniciando. É que ele é para aqueles que estão bem no comecinho.

UOL Cursos Online

Todos os cursos