A marca Dolce & Gabanna produziu diversas fragrâncias dignas de nota ao longo dos anos. Em 1999, por exemplo, Max Gavarry e Nathalie Lorson criaram o Dolce & Gabanna Masculine e Dolce & Gabanna Feminine, ambos excelentes. E mesmo naquelas ocasiões, quando a empresa licenciada, Procter & Gamble, patinava esteticamente, DG se mantinha firme sob os pés comerciais: Light Blue For Men, lançado em 2008, é um perfume metálico e sem alma, embora tenha se transformado em uma das fragrâncias que mais lucrou e fez sucesso na década passada.

Quando os astros se alinharam para Dolce & Gabanna, o resultado não foi nada menos que maravilhoso: eles encarregaram Olivier Cresp – criador de Angel, de Thierry Mugler – para montar Light Blue For Women, que, diferente do seu correspondente masculino, se provou um triunfo incondicional – não só comercial, mas também esteticamente. Cresp montou camadas de limão siciliano, maçã verde crocante e uma mistura de três tipos de cedro – o defumado chinês, o cremoso marroquino e o envolto em balsâmico da Virgínia – e transformou a mistura em algo notoriamente delicioso. É o tipo de perfume que faz com que você tenha vontade de esperar, observando e torcendo para que a marca peça para outro perfumista criar um perfume tão espetacular quanto aquele.

 

The One Gentleman, que Dolce & Gabanna lançou em setembro, é uma cartada comercial brilhante. Criado por Thierry Wasser, o perfumista por trás do Dior Addict, entre outras, o líquido poderia facilmente ir para a lista dos mais vendidos. É um dos masculinos mais imediatamente acessíveis do qual senti o cheiro em anos. Ele lê, na hora, que é um perfume masculino, crucial para a aceitação de massa.

 

Esteticamente, The One Gentleman é bastante conservador, não procura correr riscos. Dito isso, Wasser se equiparou ao clarão frio de Light Blue For Men. Mas ele produziu um perfume que é, ao mesmo tempo, eficiente e profissional o bastante para o escritório, e confortável e versátil o suficiente para uma tarde de compras ou um final de semana em um resort de ski.

 

Wasser criou a fragrância sob uma plataforma familiar: madeiras claras, como sândalo e bálsamo e um cheiro limpo e adstringente – não como cheiro de sabonete ou de sabão em pó, mas com notas de pinho e de ar fresco. The One Gentleman tem um toque aromático, de especiarias, que talvez seja um pouco previsível, mas Wasser conseguiu fazer o acorde funcionar.

 

The One Gentleman é um flanker, a sequência do The One, que carrega um notável âmbar. No mundo dos perfumes, “âmbar” significa baunilha e patchouli. Se bem feita, a combinação cria um calor morno e aveludado, e Wasser se assegurou de instilar um pouco daquela qualidade em The One Gentleman. O resultado é uma mistura aparenetemente contraditória do frescor contemporâneo e da calidez atraente – embora as duas coisas aqui se equilibrem.

 

Esta fragrância traz uma atitude particular. Seu filme publicitário mostra Matthew McConaughey passeando pelo que sobrou de uma festa que aparentemente foi até muito, muito tarde e que causou certos estragos. O personagem de McConaughey ficou acordado até tão tarde quanto todos ali, mas parece tão fresco e tranquilo quanto um surfista profissional pegando a onda perfeita. Conforme ele anda pelo local, com sua gravata borboleta pendurada, o espaço se enche de luz, clara, limpa.

 

É uma boa representação de The One Gentleman – um perfume que você pode usar na escuridão da noite ou na luz da manhã. É o símbolo de um perfume que quase todo homem poderia querer.

 

Tradução: Erika Brandão

Tradutor: Érika Brandão