Construção e reforma

Que tipo de revestimentos devo usar na garagem de casa?

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

  • Fran Parente / UOL

    Neste sobrado, o piso da garagem recebeu o mesmo material da calçada, criando um pátio de acesso, ao invés de um espaço para guardar o carro. Obra de Vital e Sant'Anna Arquitetos

    Neste sobrado, o piso da garagem recebeu o mesmo material da calçada, criando um pátio de acesso, ao invés de um espaço para guardar o carro. Obra de Vital e Sant'Anna Arquitetos

Em geral, a garagem é considerada um local de menor importância em uma casa ou um prédio. Com exceção dos colecionadores de carros ou dos mecânicos amadores de plantão, para o restante de nós, a garagem é um local de passagem, usado por breves momentos ao chegar ou sair de casa.

No entanto, embora faça sentido economizar nessa área para poder investir em melhores acabamentos para ambientes mais nobres da casa, deve se pensar um pouco antes de definir os revestimentos da garagem. A escolha consciente destes materiais vai facilitar sua manutenção e limpeza, evitando dores de cabeça e chateações mais tarde.

Para pensarmos sobre esses pisos e revestimentos, devemos primeiro separar as garagens em dois tipos básicos: as garagens de sobrados, usualmente dispostas na frente da residência, e a garagem subterrânea ou isolada, como a de uma casa um pouco maior ou um edifício de apartamentos.

Garagens em sobrados

As garagens do tipo sobrado são aquelas frontais à casa, usualmente colocadas junto à chegada do pedestre. Por ficarem mais expostas e por contíguas à entrada e à calçada, merecem um tratamento um pouco melhor do que um simples cimentado.

  • Eduardo Eckenfels / Divulgação

    Na casa LF, em Nova Lima (MG), do escritório Arquitetos Associados, foi usado no acesso à garagem o mesmo mosaico português da calçada e na área de lazer nos fundos da residência

Nesses casos, a questão estética influencia muito a escolha dos materiais, pois há uma comunicação visual imediata com a fachada da residência, a entrada, o portão de acesso, a calçada. Uma solução muito boa e de custo razoável é tratar essa garagem como uma extensão de sua calçada, o que faz o espaço "crescer", além de manter a coerência.

Materiais como pedra miracema, ladrilho hidráulico de calçada, paralelepípedo, mosaico português e revestimento cerâmico para alto tráfego são opções interessantes, entre muitas outras existentes. Embora não assépticas como outros materiais que mais fáceis de limpar, este tipo de material tem preço acessível e passa aquela sensação de que a preocupação do proprietário era a de criar um pátio de acesso, mais do que uma garagem.

Outros materiais que podem criar resultados ótimos são os pisos intertravados: peças de concreto que se encaixam, produzidas em diversas cores e formatos. Uma vantagem secundária desse material é o fato de serem parcialmente drenantes, ou seja permitem a infiltração de um pouco de água, que por fim chega no lençol freático.

Na linha de pisos semi-permeáveis, existem excelentes opções como o concregrama. Trata-se de uma espécie de pequena grelha de concreto que permite o cultivo de grama. Altamente drenante, resistente ao tráfego dos veículos. Se a garagem for coberta, pode ser interessante usar pedriscos em vez de grama.

Garagens isoladas ou de edifícios

Em uma casa grande, em que a garagem é independente da entrada principal, o ideal é partir para a praticidade. Em garagens de edifícios também, com cuidados ainda mais especiais, uma vez que muitos veículos circulam e às vezes ficam ligados dentro desse espaço. Manutenção e limpeza passam a ser palavra de ordem nesses projetos.

Uma garagem pode ser agredida por manchas de óleo, manchas de borracha, fuligem e outros tipos de sujeiras difíceis de limpar. Materiais que resistam a este tipo de agressão, assim como passem a sensação de um ambiente mais "asséptico" passam a ser necessários.

Os pisos cimentados são uma boa opção, em especial os novos pisos existentes no mercado para este fim ou para fins industriais. São muitos e com nomes variados, como tecnocimento, cimento polimérico e outros. Estes pisos são aplicados por mão de obra especializada e, embora seja aplicada apenas uma fina camada sobre o contrapiso, são muito resistentes. Depois da aplicação é aconselhável fazer uma impermeabilização, pois os derivados de cimento são porosos e podem manchar. Caso opte por um cimentado comum, dobre os cuidados com a impermeabilização.

Outras opções são o granilite (que deve ter os mesmos cuidados prescritos para o piso de concreto), pinturas epóxi e de poliuretano -existem diversas soluções na linha de pinturas industriais, muito interessantes. As cerâmicas que suportam alto tráfego e os porcelanatos de alta resistência também são ótimas ideias. Mas lembre-se que em dias de chuva o piso da garagem pode ficar molhado. Nesse caso, pisos muito lisos poderão fazer os carros deslizarem, causando batidinhas desnecessárias.

Lembre-se também que o carro é pesado e exerce pressões de atrito e abrasão sobre o piso. Por isso é importante buscar um aconselhamento técnico com fabricantes antes de escolher o revestimento e não apenas aplicar qualquer tipo de tinta de piso.

É muito bom instalar revestimento nas paredes, em especial para edifícios, onde o nível de fuligem tende a ser mais alto. Cerâmicas simples e baratas passam uma sensação de limpeza enorme e, de fato, são fáceis de manter com uma dessas lavadoras de alta pressão. Caso não queira azulejar, procure usar uma pintura epóxi ou similar, ou ainda uma pintura acrílica, acabamentos mais resistentes a lavagem. Jamais utilize um revestimento como látex PVA ou outros que não sejam resistentes à água.

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz são arquitetos formados pela FAU-USP e sócios do escritório Forte Gimenes Marcondes Ferraz (www.fgmf.com.br)

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