É possível decorar a casa sem deixá-la com cara de showroom?

Marcel Steiner

Marcel Steiner

  • Fernanda Petelinkar/UOL

    Uma casa charmosa, aconchegante e com personalidade precisa de muitos itens

    Uma casa charmosa, aconchegante e com personalidade precisa de muitos itens

Sempre que coloco um item novo na decoração da minha casa, penso comigo mesmo: “Agora sim, está com cara de casa de verdade”. Não é de um dia para o outro que se faz um projeto de decoração. Se a casa está fria, com cara de showroom, é aí que entra a produção dos interiores. São os pequenos detalhes que fazem toda a diferença.

Uma casa charmosa, aconchegante e com personalidade precisa de muitos itens, que levam anos para serem colecionados. Se você ainda é jovem, mas quer dar um toque na decoração para deixá-la mais simpática, existem alguns truques simples que podem ser feitos agora mesmo.

Tapetes e cortinas

Outro dia recebi um e-mail de uma leitora que reclamava da própria casa. Ela explicava que mesmo tendo gasto muito dinheiro e adquirido peças de qualidade, a decoração ainda estava sem graça. Recomendei a ela colocar tapetes e cortinas pela casa, mesmo que eles não venham a desempenhar uma função específica.

Há um ditado que diz que as cortinas vestem uma casa. Nada mais verdadeiro. As cortinas têm a capacidade de tirar a frieza de um ambiente, de torná-lo acolhedor. É um item caro na decoração, mas que vale a pena. Tecidos naturais, com bom caimento, criam uma textura maravilhosa nas paredes. E quando estamos falando da área íntima, a presença de cortinas é ainda mais importante. Quarto sem cortina não dá, né?!

O mesmo vale para os tapetes. Uma sala de estar sem tapetes é terrível, ainda que você more no Nordeste ou no Rio de Janeiro, com um calorão de 40 graus. É uma delícia ficar descalço, sentindo a trama de um tapete. E quanto maior, melhor! Nada de tapetinhos espalhados pela casa. Invista em uma peça generosa, que cubra uma grande superfície.

Valor afetivo

Juro que não entendo as pessoas desapegadas, que não têm livros e objetos pessoais. Uma casa sem eles é tão triste – parece mais um quarto de hotel. É muito importante ter peças que brinquem com a memória, que sejam lembranças de uma época boa da vida ou presentes de pessoas especiais.

Fuja dos modismos. O pior lugar para comprar objetos são as lojas de decoração comuns. O que você precisa ter em casa são peças que comuniquem alguma emoção, algum sentimento. Elas precisam ter a sua cara, o seu estilo. Não tem nada a ver com o que está na moda. Aliás, se estiver na moda, melhor nem comprar. Já virou cafona!

Adoro tranqueiras que roubei da minha família. Em casa tenho um baú que era do meu pai (que ele reclama até hoje por tê-lo levado comigo), uma caixinha que uma tia distante fez há 30 anos e um cinzeiro de Murano maravilhoso que minha mãe me deu (generosidade de mãe é bom demais...). São peças de alto valor afetivo, que me deixam bem feliz só de olhá-las.

Mas, cuidado com os suvenires de gosto duvidoso que todo mundo tem mania de trazer do exterior. Boa parte desses itens tem péssimo design e são de má qualidade. Esse tipo de tranqueira não dá! A menos que a intenção do dono seja mesmo dar um look kitsch na casa.

Pequenos detalhes

Claro que nem tudo precisa ser herdado ou ter um apelo sentimental. Há peças que você pode comprar hoje simplesmente para dar um up na decoração. Almofadas são um bom exemplo de miudezas que fazem a diferença. Quanto mais estampadas e coloridas, melhor. Só não exagere na quantidade. Senão faltará espaço para sentar no sofá.

Outra boa dica (ainda que bem batida) é ter sempre flores em casa. Arranjos simples e naturais são incríveis. Não precisa gastar dinheiro com espécies caras e raras. O ideal é trocar as flores uma vez por semana, de preferência na sexta-feira. Assim você passa o fim de semana com outro astral.

Para concluir, vale um alerta: o grande segredo é equilibrar o uso desses objetos para evitar a poluição visual. Uma casa sem objetos é fria. Já aquelas com excesso de informação deixam qualquer um estressado. É preciso ter harmonia e não pesar a mão. Senão, de quarto de hotel sem sal, sua casa vira uma mistura de casinha de vovó com brechó de quinta. E isso ninguém quer, não é mesmo?
 

Marcel Steiner

Marcel Steiner é designer de interiores e mestre em história e crítica da arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP

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