Como dar um toque de criatividade na decoração, mas sem cair no brega?

Marcel Steiner

Marcel Steiner

Criatividade na decoração é fundamental. Casas muito comportadinhas, com móveis combinando demais e cheias de harmonia podem ser bem chatas. É preciso ter um pouco de ousadia para deixar o espaço mais interessante. E um dos caminhos para chegar a um bom resultado é brincar com a utilidade dos móveis. Veja abaixo algumas dicas para inovar no uso de peças dentro de casa, sem ficar cafona. Sim, porque quando a criatividade é usada em demasia, tudo pode dar errado.

Confira o que tem grandes chances de dar certo na sua decoração.

•    Adoro bancos de madeira antigos, daqueles bem escuros e rústicos. Funcionam em praticamente qualquer casa. E quanto maiores, mais bonito fica. Claro que é preciso ter espaço na sala para um deles. Mas em vez de lugar para sentar, esse banco pode funcionar muito bem como mesa de centro, apesar de sua altura.
•    O caso mais clássico de mudança de utilidade em móveis são as geladeiras antigas. É muito simpático ter uma peça dessas na sala, servindo como bar, cristaleira ou biblioteca. Só tome cuidado com estampas e cores muitos exageradas. O melhor caminho é deixar a peça na cor original, sem adesivos ou personalizações. Sua casa não é uma lanchonete temática.
•    Outro exemplo é usar máquinas de costura antigas como aparador. Pode ficar simpático, desde que tenha a ver com a sua casa. Se você herdou uma máquina da família, vá com calma. Não são todas as salas que comportam uma máquina antiga dessas.
•    Outro dia encontrei um secador de cabelo daqueles antigos, de coluna, transformado em luminária. Ficou ótimo!
•    Caixas d’água pequenas de fibrocimento podem se tornar ótimos criados-mudos. Aqui em casa tenho duas que fazem o maior sucesso. Hit nos anos de 1970, as caixas d’água ainda podem servir como estante e armário de cozinha.
•    Por falar em criados-mudos, existem vários móveis que podem substituí-los. Uma cadeira interessante pode muito bem tomar o lugar de um criado sem graça. A ideia é que ela sirva de apoio à cama, para livros, óculos e revistas. Mesas laterais também podem facilmente substituir os móveis de marcenaria com gavetas.
•    Como já escrevemos há algumas semanas, baús são peças-curinga na decoração. Podem servir como mesa de centro, rack para TV, banco ou aparador. E dão um charme extra a qualquer ambiente.
•    Tenho certo fetiche por peças industriais e aeronáuticas. Aqui em casa tenho uma hélice de madeira de avião bem antiga, que é meramente decorativa. Mas uma cremalheira ou uma pequena turbina podem servir como base para mesa de centro, com tampo de vidro.
•    Quando o assunto é iluminação, a criatividade não tem fim. É possível desenvolver luminárias com vários tipos de materiais. E devido à baixa complexidade, todo mundo pode fazer a sua. Garrafas de vidro exuberantes, com uma boa cúpula, rendem um lindo abajur. Outro dia vi um forro feito com garrafas PET verdes, que tinha efeito bem bacana, sem cair na vulgaridade de móveis reciclados sem apelo estético.
•    Roupas antigas inusitadas podem ficar ótimas se forem expostas como obra de arte na sala. Mas a peça precisa ser realmente bacana. Senão fica ridículo. No apartamento da artista plástica e decoradora Marilu Beer existe um casaquinho de penas de galinha d´Angola da Rastro, lendária loja do estilista Aparício Basílio na rua Augusta, em São Paulo. Depois de anos de uso, a peça foi colocada numa caixa acrílica e fica sobre uma mesa em um canto da sala. Bem chique!
•    Inovar no uso de móveis dentro de casa não precisa ser nada mirabolante. Aqui no meu apartamento existe uma cômoda ao lado do sofá, na sala de estar, onde guardo roupa de cama e DVDs. Não foi nenhuma genialidade colocar uma cômoda, normalmente usada em dormitório, na sala de estar. Mas no fundo ela causa um estranhamento e deixa a sala mais interessante. Eu gosto.

Marcel Steiner

Marcel Steiner é designer de interiores e mestre em história e crítica da arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP

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