O que são vidros especiais? Para que eles servem numa obra?

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

Na semana passada falamos sobre o processo de fabricação dos vidros e dos principais tipos planos encontrados na construção – o vidro cristal, o vidro temperado e o vidro laminado. Mas os vidros são materiais interessantíssimos, pois podem adquirir diversas formas e se unir a outros diversos materiais para formar o que chamamos de vidros especiais. Como o próprio nome diz, eles têm aspecto e comportamento diferentes dos vidros comuns e podem mudar a aparência de uma obra ou melhorar o conforto térmico. Vamos conhecer alguns dos principais vidros especiais:

Vidros refletivos ou de controle solar

São vidros comuns ou temperados que recebem uma camada metalizada, com o objetivo de proporcionar a reflexão. Permitem total visão de dentro para fora, mas no sentido contrário, são espelhados. Muito comuns nos prédios de escritórios, em que o usuário vê a paisagem em volta, mas para quem está do lado de fora, a ampla fachada de vidro se parece com um grande espelho. Uma grande vantagem desse tipo de vidro é refletir também os raios UV, ou seja, diminuem o consumo de ar-condicionado. Outra utilização possível, que todos já viram nos filmes, é nas salas de interrogatório da polícia, em que os policiais veem os bandidos de fora, mas para estes, o vidro é apenas um espelho. O funcionamento se dá em função da quantidade de luz – para quem está do lado mais escuro, a aparência é de vidro e para quem está do lado mais claro, a aparência é de espelho.

Vidros curvos

São vidros planos comuns aplicados sobre moldes curvos em aço inox em altíssima temperatura para que ele tome a forma do molde. Em seguida, a temperatura é baixada lentamente para que o vidro não se quebre. Pode ser fabricado em inúmeras dimensões, espessuras e raios de curvatura. Se a sua obra apresenta uma planta curvilínea, eventualmente eles serão uma boa solução para o fechamento. O custo, entretanto, é consideravelmente mais alto do que os vidros planos comuns.

Vidros termoacústicos ou insulados

São vidros fabricados com o objetivo de isolar o ambiente interno térmica e acusticamente do exterior. Eles são formados por dois vidros comuns, ou dois vidros laminados com um espaço de ar entre eles. Com isso, ele se torna muito mais eficiente no isolamento. No entanto, deve-se tomar cuidado com a qualidade do caixilho, pois não adianta contar com um belo vidro e um caixilho de qualidade duvidosa que deixe o calor e o som escaparem. Muitos restaurantes têm grandes adegas envidraçadas para que os clientes possam visualizar o seu interior. O fechamento nesse caso é feito com vidros insulados, já que a temperatura interna é bem mais baixa do que a externa. Nesse caso específico, no lugar do ar, utiliza-se o gás argônio entre as chapas de vidro para que este não fique com um aspecto embaçado.

Vidros autolimpantes

São vidros fabricados com a deposição de uma camada transparente de material fotocatalítico e hidrofílico sobre a chapa de vidro. Com esse material, o vidro aproveita a água da chuva e os raios UV para combater a sujeira, que não “gruda” no vidro com a mesma intensidade. Esse tipo de vidro é ideal para locais de difícil limpeza, que assim permanecerão com a aparência de limpo por muito mais tempo.

Vidros corta-fogo

É um tipo de vidro laminado transparente fabricado com aspas de gel intumescente entre as lâminas. Quando atacado pelo fogo, o gel expande, o vidro adquire um aspecto embaçado, e resiste por muito mais tempo à ação do fogo. Esse tipo de vidro é um ótimo isolante acústico, devido às propriedades do gel.

Vidros impressos

O vidro impresso é um vidro plano translúcido, incolor ou colorido, que recebe a impressão de um padrão (desenho) quando está saindo do forno. Tem várias aplicações possíveis, desde a construção civil até eletrodomésticos. É fabricado em inúmeros padrões. O vidro antirreflexo, muito usado para quadros e painéis, ou ainda para vitrines de lojas, é um tipo de vidro impresso.

Vidros aramados

É um tipo de vidro impresso, ou seja, recebe uma malha metálica em seu interior. Essa malha aumenta a resistência do vidro (funcionando quase como a armadura de uma laje de concreto) além de segurar os cacos de vidro quando esse se quebra. Devido a essas características, pode ser usado em coberturas de vidro. Seu aspecto levemente fosco permite diversas utilizações numa obra.

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz são arquitetos formados pela FAU-USP e sócios do escritório Forte Gimenes Marcondes Ferraz (www.fgmf.com.br)

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