Tendências de Moda

Como aproveitar as tendências de decoração sem ser vítima delas?

Marcel Steiner

Marcel Steiner

Decoração é como a moda. Existem as tendências do momento, que mudam a cada estação. A diferença é que, no design de interiores, elas costumam durar um pouco mais. Alguns revestimentos, cores e estampas são eternos. Já outros, são bacanas durante dois ou três anos. Como um sofá ou o piso de sua sala não custam o valor de uma calça jeans, é importante tomar certos cuidados para sua casa não ficar datada em pouco tempo. Mas como ter uma casa atemporal e usar os modismos a seu favor, sem comprometer seu orçamento e a estética de sua decoração?

Costumo dizer que uma casa não se faz de um dia para o outro. As decorações mais interessantes são justamente aqueles feitas ao longo de um grande período, com garimpos, peças clássicas e uma boa coleção de arte. Os detalhes fazem toda a diferença. Uma decoração precisa ter a cara dos donos. Nada mais chato do que uma sala de estar com aspecto de showroom. E não adianta ficar mudando tudo a cada cinco anos.

Design
Móveis com desenho moderno, que já fazem parte da história do mobiliário dentro e fora do Brasil, são um caminho seguro. Algumas peças consagradas, como uma cadeira tulipa de Eero Saarinen (foto acima) ou um sofá Le Corbusier (foto abaixo), são curingas na decoração. Ultimamente, muitas pessoas têm torcido o nariz ao encontrar tais exemplares. Apesar de serem clássicos do design internacional, viraram “carne de vaca” e estão na sala de muita gente. Mesmo assim, são peças que não envelhecem. Se você tem uma casa com personalidade, uma boa Saarinen vai fazer sempre bonito.

Móveis desenhados por brasileiros são a última moda na decoração. Existem lojas especializadas em peças “made in Brazil”, o que mostra que nossa mercado está cada vez mais maduro e desenvolvido.

Tenho certeza que muitos desses móveis vão continuar na moda por décadas em função da limpeza visual e da qualidade estética. Aposte em peças brasileiras de madeira, acabamentos em cores neutras e conforto. Os móveis com essas características serão disputados por seus netos.

No que diz respeito ao design internacional contemporâneo, cuidado com peças muito chamativas, com cores fortes e fluorescentes. São fáceis de cansar e ficarão datadas em pouco tempo.

  • Divulgação

    Sofá LC2 Masculino, de Le Corbusier. Essa peça, na Clássica Design, custa R$ 9.618,35

Cores
Hoje em dia, existem duas tendências fortes na decoração. Uma vai pelo minimalismo, com muito preto, branco e madeira. Já a outra, explora muitas cores, estampas e papéis de parede. Em meus últimos projetos, tenho ido pela vertente minimalista. Não significa que eu não goste de casas ricas em cores e informação. Mas elas costumam enjoar rapidamente.

Se você é partidário do colorido, prefira usar estampas e tintas fortes em pequenas superfícies. Use cores em almofadas, poltronas e paredes. Uma sala precisa ser pintada a cada dois ou três anos.

Vermelho, amarelo, azul turquesa e laranja são cores da moda. Eu adoro todas. Mas nunca faria um aparador vermelho ou uma mesa azul. Por que não pintar a porta de entrada de laranja? Caso você enjoe em apenas um ano, é muito fácil trocar a cor. Um bom pintor consegue resolver o assunto em uma tarde de trabalho.

Revestimentos

Composições de azulejos e ladrilhos são tendência há alguns anos. Basta abrir um revista atual de decoração e lá estão banheiros, halls e cozinhas com simpáticos revestimentos de várias cores e formatos. Não vai demorar muito tempo até que eles comecem a cansar! Nesse caso, menos é mais. Para os amantes de ladrilhos, escolha apenas um tipo e use sem medo. Melhor do que fazer uma colcha de retalhos.

Madeira nunca sai de moda. Claro que existem algumas que ninguém mais pode ver na frente como cerejeira, mogno e pau-marfim. Mas algumas nunca param de ser comercializadas. Freijó, ipê ou peroba, madeiras em tons neutros... São para toda a vida.

Outra coisa que não sai de moda são os derivados do cimento. Um piso de cimento queimado ou de placas cimentícias são bons exemplos. Lajes e colunas em concreto aparente fazem parte do repertório arquitetônico brasileiro há pelo menos 60 anos. E ainda ninguém cansou.

Quando o assunto é banheiro, não é bom arriscar. Quanto mais neutro ele for, mais ele dura. Na hora de escolher pastilhas, louças e metais, melhor não seguir a moda. Reformar um banheiro dá uma trabalheira danada. Prefira revestimentos e louças brancos e metais de linhas suaves. O mesmo vale para a cozinha. Esses dois ambientes são os que ficam datados com a maior velocidade. E os mais caros e mais trabalhosos para mudar.

Marcel Steiner

Marcel Steiner é designer de interiores e mestre em história e crítica da arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP

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