Quitinetes passam a formar nova base de moradores em Brasília, aponta pesquisa

SÃO PAULO – Pesquisa realizada pela UnB (Universidade de Brasília) apontou uma nova tendência imobiliária que está avançando pela região do planalto central: as quitinetes, que cada vez mais procuradas pelos moradores que buscam residências de fácil acesso ao trabalho ou faculdade, facilitam a inclusão da moradia pelo fato de saírem mais em conta do que os imóveis tradicionais.

De acordo com a autora da pesquisa, Giselle Cândido Costa, a demanda por mais espaços no Plano Piloto e as salas comerciais em desuso contribuíram para que as imobiliárias abrissem o local para moradia, sendo que antes tinham uso comercial.

Foram analisados pela aluna de Geografia da UNB (Universidade de Brasília) 57 moradores que vivem nas áreas comerciais das quadras 300, 100, 200 e 400 da Asa Norte.

Conceitos

O segmento de quitinetes ainda não é levado em conta nas pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na avaliação do instituto, as residência se enquadram na faixa de domicílios improvisados, a mesma de moradores de rua e de invasões.

“Não é possível incluir os moradores das quitinetes na mesma categoria de moradores de rua, já que os primeiros pagam aluguel e permanecem um tempo considerável no local, alguns até mais de dez anos”, afirma Giselle.

Dos entrevistados, 11 moravam nas kits há mais de três anos e 25, entre um e três anos.

Perfis

A estudante identificou três tipos de moradores nas quitinetes: os filhos da classe média, que ao sair da casa dos pais não conseguem manter o mesmo padrão de vida; os migrantes e os trabalhadores autônomos.

O primeiro grupo é formado, em sua maioria, por estudantes de nível superior. São autônomos, funcionários públicos, trabalhadores com e sem carteira assinada que ganham entre R$ 900,00 e R$ 1.800,00.

Do total de entrevistados do segundo grupo, 70% vieram de outros estados. Os chamados novos migrantes, explica a pesquisa, também abrem mão do espaço pela infraestrutura da cidade. Muitos são estudantes de nível superior e trabalham no serviço público e outros são migrantes estudantes, que vivem de mesada ou pensão. Eles têm entre 25 e 35 anos e ganham entre R$ 1.200,00 e R$ 2.100,00.

Por fim, o terceiro grupo tem o menor poder aquisitivo entre os que optam pelas kits, entre R$ 600,00 e R$ 1.200,00, além do menor grau de escolaridade. Segundo a pesquisa, estão nessa fatia profissionais que querem ficar bem perto do trabalho, de acordo com informações da Agência UnB. 

São Paulo

As quitinetes em São Paulo são raridade, uma vez que o preço da terra é muito alto para ser aproveitado dessa forma, informou o Secovi-SP (Sindicato da Habitação).

O mercado paulista prefere, por exemplo, atender a demanda com imóveis de dois ou mais dormitórios. A realidade é tão distinta da de Brasília que, em São Paulo, imóveis de um dormitório podem ser tão caros quanto os de mais ambientes.

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