Mercado de imóveis em alta dobra atendimentos no Procon-SP sobre o tema
SÃO PAULO – A estabilidade econômica e os incentivos do Governo ampliaram a oferta de imóveis no País. E o “boom” do crédito imobiliário ampliou a demanda pela casa própria. Em São Paulo, o aumento das negociações também elevou o número de atendimentos sobre imóveis feitos pelo Procon. Somente no primeiro semestre deste ano, frente ao mesmo período do ano passado, a alta foi de 124%. Na comparação com 2007, a elevação foi de 139%.
Os dados do órgão de defesa do consumidor mostram que, nos primeiros seis meses do ano, foram realizados 1.569 atendimentos sobre construtoras e incorporadoras de imóveis. No mesmo período de 2009, o Procon paulista havia realizado 701 atendimentos. O número de atendimentos feitos de janeiro a junho deste ano já corresponde a 77,4% dos realizados ao longo de todo o ano passado, quando houve 2.027 atendimentos.
De 2007 para cá, problemas com descumprimento de contrato e devolução de valores e dúvidas sobre cobranças são os mais recorrentes, como mostra tabela abaixo:
Número de atendimentos do Procon sobre imóveis | ||||
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Principais Problemas | 2007 | 2008 | 2009 | 2010 (1º sem) |
Dúvidas sobre cobranças | 469 | 490 | 615 | 534 |
Descumprimento de contrato | 288 | 421 | 480 | 401 |
Devolução de sinal | 154 | 189 | 161 | - |
Total dos atend. sobre o tema* | 1.353 | 1.722 | 2.027 | 1.569 |
Fonte: Procon-SP/* Inclui outros problemas, além dos três principais |
Taxas
Dentre as principais reclamações feitas neste ano, a que se refere às dúvidas sobre cobranças lideram, com 534 atendimentos – um aumento de mais de 26% frente ao último semestre de 2009, quando esse tipo de dúvida representava 422 atendimentos, e de mais de 176% na comparação com o primeiro semestre do ano passado, quando 193 atendimentos desse tipo foram feitos
De acordo com a assistente de direção do Procon, Valéria Cunha, as taxas de corretagem e as de intermediação são as que mais geram dúvidas nos consumidores. “É bom que o consumidor fique atento, porque taxas de corretagem não devem ser cobradas quando a compra é um imóvel na planta”, alerta.
No caso das taxas de intermediação, que são aquelas que se referem aos custos jurídicos da comercialização, as construtoras e incorporadoras costumam inseri-las nos contratos. Contudo, Valéria reforça que o consumidor não é obrigado a aceitar essa cobrança. “Se ele tiver conhecimento dos processos jurídicos da comercialização ou conhece pessoas que podem fazer isso por ele, ele deve questionar e pedir a exclusão dessa cobrança”, afirma.
Contrato
Nos seis primeiros meses deste ano, o Procon-SP realizou 401 atendimentos sobre descumprimento do contrato de compra do imóvel. No mesmo período do ano passado, foram 168 atendimentos, um aumento de mais de 139%. Na comparação com os seis últimos meses de 2009 (312), o aumento neste ano foi de mais de 28,5%.
“Em geral, os atendimentos sobre os contratos estão atrelados ao prazo de entrega do bem”, explica Valéria. Nesse sentido, a assistente de direção do órgão de defesa do consumidor alerta para o prazo que está no contrato. “A empresa, para se resguardar, estende o prazo de entrega, alegando que podem haver motivos que atrasem a entrega na data estabelecida”, afirma.
De maneira geral, as construtoras ampliam o prazo de entrega para mais 180 dias. Valéria explica que esse procedimento não é ilegal, mas pode ser abusivo, quando prejudica o consumidor. “A lei diz que o consumidor tem direito a informações claras e precisas. Dizer que a entrega pode ser feita em 180 dias além do prazo de entrega estabelecido não é uma informação precisa”, alerta.
Embora não seja ilegal, esse prazo pode, e deve, ser negociado. Da mesma maneira que as empresas impõem esse prazo de tolerância para se resguardar, os consumidores podem fazer o mesmo. “Ele deve pedir também uma contrapartida”, diz Valéria. Ela explica que o consumidor pode negociar esse prazo com a condição de que, se for utilizado pela empresa, ela deve custear o aluguel desse consumidor. O importante, na avaliação da especialista, é que tudo esteja previsto no contrato.
Outra informação importante: “leia o contrato”, ressalta Valéria. “Observamos que os principais problemas advêm da falha na leitura do contrato”, afirma. “Como estamos com a economia aquecida, provavelmente teremos um número maior de atendimentos relacionados ao tema”, alerta.