Rio autoriza prédio de 44 andares em área protegida

Rio de Janeiro - O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), mudou a legislação urbanística de uma área protegida para permitir a construção de um prédio de até 133 metros de altura, o que equivale a um edifício de 44 andares. O terreno fica na Rua dos Arcos, ao lado da Fundição Progresso e nos fundos da Catedral Metropolitana, na Lapa, centro. Até a publicação da nova Lei Complementar número 106 no Diário Oficial de sexta-feira, o gabarito máximo para construções no local, onde hoje funciona um estacionamento, era de seis pavimentos - até 24 metros. O terreno deverá abrigar a nova sede da Eletrobrás.

"A presença de um prédio avassalador na região não é nada conveniente", avaliou o arquiteto Augusto Ivan de Freitas Pinheiro, que coordenou durante 14 anos o projeto Corredor Cultural na região e foi subprefeito do centro e diretor de Urbanismo do Instituto Municipal Pereira Passos. "O aqueduto de 1750 (os Arcos da Lapa) é um marco do Brasil. Tem 18 metros de altura. Por isso foi estabelecido o gabarito máximo de 24 metros. O terreno é muito colado no aqueduto, que vai ficar amesquinhado."

O secretário municipal de Urbanismo, Sérgio Dias, não concedeu entrevista. Em nota, a pasta informou que ampliou o gabarito para a construção da nova sede da Eletrobrás, que "revitaliza e recupera a essência da atividade econômica do Rio". "No local hoje funciona um estacionamento e não há nenhum imóvel tombado, ou seja, não há valor cultural e urbanístico agregado." A mudança foi proposta pelo Executivo e aprovada na Câmara. O terreno pertence ao fundo de pensão Rio-Previdência.

Líder do governo, o vereador Adilson Pires (PT) defendeu a medida. "O projeto previa uma série de contrapartidas. Com o ganho de área potencial, seria possível arrecadar aproximadamente R$ 30 milhões. O dinheiro seria todo investido na infraestrutura da Lapa", afirmou. "A Eletrobrás já tinha se comprometido a investir em outras ações, como a reforma dos Arcos e iluminação da região." Para Pires, é possível "aliar preservação com a construção de prédios modernos". "Não podemos engessar a cidade. Tanto a Câmara como o prefeito estão empenhados para que a Eletrobrás mantenha sua sede no Rio e contribua para a revitalização da área."

A Eletrobrás informou que "agora vai começar a pensar objetivamente na questão da nova sede" no local. Segundo a empresa, as contrapartidas estão em negociação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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