Fórum Urbano termina com apelo para participação social nas cidades

Rio de Janeiro, 26 mar (EFE).- Terminou hoje no Rio de Janeiro a quinta edição do Fórum Urbano Mundial das Nações Unidas com uma lista de recomendações para tornar as cidades do planeta lugares mais justos, participativos e integrados.

Em seu documento final, a ONU-Habitat determinou que é preciso "mais diálogo" para conseguir uma urbanização sustentável e a extensão do direito à cidade a todas as camadas sociais, especialmente aos mais desfavorecidos.

O texto ressaltou que "não é possível continuar fazendo negócios como até agora", já que o atual modelo produziu "níveis inaceitáveis de exclusão social". Alguns exemplos são os despejos forçados de inquilinos, os sem-teto e a grande percentagem de pessoas que vivem na miséria nas cidades.

Segundo números da própria ONU, cerca de 827 milhões de pessoas vivem em favelas nas cidades de todo o mundo, um número crescente e nunca antes registrado na história.

O texto destaca que "deve-se trabalhar com os pobres, não para eles", por isso o fórum propôs a inclusão dos desfavorecidos e dos movimentos sociais no planejamento das políticas urbanas.

Este relatório com as recomendações será apresentado no próximo ano ao conselho diretor da ONU-Habitat, uma organização ministerial que pode influir na elaboração de propostas políticas na área urbana, segundo explicou a diretora da agência, Anna Tibaijuka, no ato de encerramento do fórum.

Anna assegurou que, após dois mandatos à frente da ONU-Habitat, sente "frustração e raiva" ao pensar no horizonte de um mundo eminentemente urbano, que manterá formas de "pobreza abjeta" e será mais poluído.

"Com líderes envolvidos, a solução não pode estar muito longe. Necessitamos de um esforço global para mudar as coisas", disse Anna para um auditório repleto de representantes de Governos e autoridades locais de países de todo o mundo.

A diretora da agência da ONU para os assentamentos humanos ressaltou a importância de trabalhar na questão da inclusão social, o diálogo entre o setor público e o privado, e, sobretudo, na "cessão do poder às pessoas" para que elas mesmas solucionem seus problemas no âmbito urbano.

"Devemos lutar contra as favelas e não contra seus moradores. Devemos combater a pobreza e não os pobres", sentenciou Anna.

A diretora também insistiu na necessidade de unir a agenda urbana e as questões ambientais e, além disso, de dar prioridade às questões de segurança, sobretudo as relacionadas às mulheres e às crianças.

Segundo a organização, o Fórum do Rio de Janeiro reuniu 13.700 participantes de cerca de 150 países, a maior participação "de longe" no encontro, nas palavras da diretora.

Sob o lema "O direito à cidade: superar a brecha urbana", a quinta edição do Fórum debateu a aplicação efetiva do direito à cidade, entendido como a melhoria da qualidade de vida dos moradores das cidades do planeta e o aumento da participação cidadã no planejamento urbano.

A primeira edição foi em 2002 em Nairóbi, passando depois pelas cidades de Barcelona (2004), Vancouver (2006) e a chinesa Nanjing (2008).

A próxima edição do Fórum deve ser realizada na capital de Barein, Manama, em 2012.

Um ano antes, em abril de 2011, deve haver uma reunião chamada "Cúpula das 100 Cidades", também coordenada pela ONU-Habitat, que terá como sede a cidade espanhola de Alicante.

Essa cúpula será o ato central da "Iniciativa 100 Cidades", um novo projeto da ONU-Habitat lançado hoje que pretende aglutinar as autoridades, membros da sociedade civil e representantes do setor privado para debater o estado das cidades de todo o planeta.

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