Torre de TV de arquitetura polêmica será inaugurada na China
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Jason Lee/Reuters
Torre da China Central Television (CCTV) em Beijing, projetada pelo holandês Rem Koolhaas
Pequim - A torre de aço, concreto e vidro da televisão estatal chinesa deve finalmente ser inaugurada no ano novo, disse o arquiteto holandês Rem Koolhaas, cuja empresa é responsável pelo projeto.
Descrito pelo arquiteto chefe do projeto, Ole Scheeren, como "um laço dobrado no espaço", o arranha-céu é formado por duas torres que se inclinam uma em direção à outra e são unidas por uma estrutura que se assemelha a uma ponte e desafia a gravidade a 80 andares de altura.
Dominando o horizonte do distrito empresarial no centro de Pequim, o edifício foi um dos vários projetos que a cidade empreendeu para se reinventar para as Olimpíadas de 2008, ao lado do novo terminal de aeroporto, construído por Norman Foster ao custo de 3,6 bilhões de dólares, e do Grande Teatro Nacional, do arquiteto francês Paul Andreu. Mas as Olimpíadas passaram, e o prédio da televisão estatal não foi inaugurado.
Koolhaas disse à Reuters, em entrevista nos bastidores de um fórum cultural China-Europa, que o atraso foi provocado por um incêndio ocorrido em 2009 num hotel que estava sendo construído ao lado da torre de televisão.
"O incêndio atrasou muitas coisas, mas partes do edifício já estão abertas. Ele ainda não está oficialmente aberto, mas será inaugurado no início do ano", disse Koolhaas.
"Um dos complicadores era que o lugar estava sendo tratado como cena de um crime, então o prédio precisou ser mantido intacto por muito tempo", disse ele, aludindo ao incêndio no hotel, provocado por fogos de artifício e que levou à morte de um bombeiro. Vinte pessoas foram presas por terem provocado o incêndio.
A torre de televisão divide a opinião pública. Alguns moradores de Pequim a descrevem como "aquelas ceroulas gigantes". Koolhaas, no entanto, acredita que o prédio vai acabar ganhando a adesão popular.
"Precisamos esperar até ela ficar pronta. Agora estão tirando o muro de proteção, e é possível ver que há território público no edifício e que, portanto, ele é muito mais acessível e 'amigável' do que as pessoas pensam", disse o arquiteto.
Um caminho que deve ficar aberto a visitantes acompanhará o contorno do edifício até a abóbada -- onde a projeção com piso de vidro vai proporcionar uma vista da cidade de uma altura espantosa de 160 metros --, descendo em seguida por meio da segunda torre.
A firma de Koolhaas trabalhando sobre outros projetos na China, incluindo o novo prédio da Bolsa de Valores de Shenzhen, mas o arquiteto disse que, idealmente, gostaria de participar da preservação de obras da arquitetura clássica dos primórdios da era comunista chinesa.
Pequim e a maioria das outras cidades chinesas ainda possuem vários exemplos dessas construções angulares, de estilo soviético, embora muitas tenham sido demolidas na corrida para a modernização. Outras estão abandonadas às moscas, sendo dilapidadas aos poucos, sem deixar saudades.
*Por Ben Blanchard