Em sua nona edição, Bienal de Arquitetura busca público leigo
SÃO PAULO - Com o tema "Arquitetura para Todos", a 9ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (BIA) começa amanhã em novo espaço: o prédio da Oca, no parque Ibirapuera. Para o curador, Valter Caldana, é um desfecho satisfatório para uma questão que deixou o evento, ironicamente, sem casa durante um tempo.
Há quase um ano, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SP), que organiza a exposição, foi informado pelos conselheiros da Fundação Bienal de que, pela primeira vez, não poderia usar o tradicional pavilhão Ciccillo Matarazzo. Até 4 de dezembro o espaço abriga a exposição "Em Nome dos Artistas", que comemora os 60 anos da Bienal de Artes.
Caldana diz que a mudança não foi traumática. "Estamos fazendo gestões junto à municipalidade para que a Bienal seja efetivada na Oca", afirma o curador, que deixa de lado possíveis desavenças. "Somos instituições amigas e parceiras", diz, referindo-se à Fundação Bienal.
Também até o dia 4 de dezembro, a BIA vai reunir 140 projetos vindos de 25 países. Em representações nacionais estarão 14 países (Alemanha, Argentina, Chile, Colômbia, Dinamarca, EUA, França, Holanda, Israel, Itália, México, Moçambique, Noruega e Portugal).
"Arquitetura para Todos" enfatiza um caráter didático que busca o grande público _mas sem deixar de lado o visitante profissional e especializado. Debates, palestras, workshops e oficinas, além das próprias exposições, tentarão mostrar ao visitante leigo que a arquitetura de uma cidade é uma das responsáveis direta pela qualidade de vida do cidadão.
"Da hora que acorda à hora em que vai dormir, a arquitetura é presença constante no cotidiano das pessoas. A ideia é falar: ?Olha, você está vendo essas coisas que estão te preocupando? O fato de você ter que acordar mais cedo para trabalhar, de você já chegar ao trabalho cansado, o fato de que você demora muito para voltar para casa à noite, o fato de que você não é convidado a andar pelas ruas de sua cidade?
Então, isso tudo é arquitetura e urbanismo", afirma Caldana, que também é diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie.
Essa questão está presente no trabalho do francês Dominique Perrault, que faz a primeira palestra da Bienal, na quinta-feira (dia 3).
Conhecido mundialmente pelo design da Biblioteca Nacional da França, Perrault é também o curador da exposição "Metrópolis?", que esteve na Bienal de Veneza no ano passado e está em São Paulo. Em projeções, em vez de maquetes ou desenhos, Paris, Lyon, Marselha, Nantes e Bordeaux são pensados a partir da perspectiva de seus espaços vazios e estimulam o visitante a entender a composição das cidades.
Entre os vencedores do Prêmio Pritzker, o mais importante da arquitetura, estão confirmadas palestras do brasileiro Paulo Mendes da Rocha (2006) e do francês Christian de Portzamparc (1994), que projetou a Cidade da Música, no Rio.
(Bruno Yutaka Saito/Valor Econômico)
9ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo
Onde: Oca - parque Iburapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº, tel. 11 - 3259 - 6866)
Quando: de 2/11 a 4/12 (ter. a dom., das 10h às 22h)
Quanto: R$ 10 e R$ 5; gratuito para crianças até 10 anos
Site oficial: nonabia.com.br