Adoção envolve riscos que devem ser mensurados antes

Colaboração para o UOL

Para obter plenitude em uma adoção, além dos cuidados naturais e outras atenções demandadas pela criança, é preciso saber exatamente os motivos que levaram a pessoa ou o casal a adotar uma criança ou adolescente. Quando se pensa em adotar, deve-se fazer uma auto-reflexão. Muitos apelam para este recurso pela impossibilidade de gerar descendentes, por medo de uma solidão iminente, por necessidade de se sentir importante, para tentar salvar um casamento, para diminuir a dor de uma ausência, ou mesmo impedir sofrimentos ocasionados por outras perdas.

 

Perfil dos filhos adotivos no Brasil

  • 64%

    são brancos

     

  • 63%

    são meninas

     

  • 69%

    eram recém-nascidos na época da adoção

     

  • 62%

    nunca tiveram notícias de seus pais biológicos

     

  • 69%

    sempre souberam que eram adotivos

     

Para Marco Antônio, estas razões são exclusivamente egoístas e podem, inclusive, piorar a situação. “Mais do que resolver um problema pessoal - biológico ou psicológico - o ato da adoção deve partir do desejo de ajudar e proporcionar uma oportunidade de vida a alguém”, diz.

 

Outra situação delicada neste processo é a questão de contar ou não ao adotado a sua verdadeira condição. É muito importante não apenas que tudo seja revelado, como também a abordagem e o instante correto. “Toda adoção, como um processo de envolvimento entre pessoas diferentes, tem uma chance de dar errado. A porcentagem aumenta quando a pessoa não conta para a criança que ela é adotiva. Assim o relacionamento passa a ser baseado em uma mentira, que, mais cedo ou mais tarde, é desvendada de forma dramática, o que gera uma quebra de confiança, muitas vezes, irreversível”, pontua o médico, que sugere: “A partir dos quatro anos, a criança já pode ser iniciada por meio de filmes, como “Tarzan”, “Pinóquio” ou “Super-Homem”, todos adotados, que mostram aos pequenos que não é pelo fato de serem adotivos que são menos amados ou capazes”.

 

Alguns retardam o momento por não saber como agir, por imaginarem que o adotado não tenha condições de compreender com exatidão, por receio da reação ou medo de serem rejeitados pela criança. “É preciso respeitar o direito que cada pessoa tem de saber sua história. Um acompanhamento psicológico é recomendável, pois ajuda a construir parâmetros, minimizar os danos e estruturar a relação”, diz Marco. (Wilson Dell'Isola)


 

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