Filha de Angelina Jolie e Brad Pitt se veste de menino. Isso é normal?
ROSANA FERREIRA
Da Redação
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Grosby Group
Num passeio a uma loja de brinquedos, Shiloh preferiu ser fantasiada de Peter Pan, com direito à espada na cintura
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Blusão esportivo, calça cargo, tênis, chapéu e até gravata fazem parte do guarda-roupa de Shiloh, filha de Angelina Jolie e Brad Pitt. Ela também prefere se fantasiar de Peter Pan em detrimento da Branca de Neve ou da Cinderela, ícones das meninas de sua idade. Não é à toa que com quase 4 anos, ela já é alvo dos paparazzi, que não se cansam de clicar a pequena em visuais masculinos, o que abre a discussão: até que ponto é natural menina gostar das coisas de menino e vice-versa?
Para nós, adultos, essa troca de papéis causa estranheza, mas, segundo especialistas em educação infantil, isso não passa de um comportamento natural que pode ocorrer na infância. “As crianças não têm noção de gênero, raça ou classe social. O preconceito está na sociedade, no ambiente onde vive”, diz a pedagoga Maria Angela Barbato Carneiro, professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
Representação
Segundo a pedagoga, crianças brincam representando papéis sociais e, se não houvesse a intervenção adulta, meninas e meninos brincariam independentemente de brincadeiras masculinas ou femininas. “Nas classes sociais menos favorecidas, por exemplo, as crianças mais velhas cuidam das mais novas, e alguns meninos acabam brincando de bonecas, que representariam seus irmãos mais novos. Por isso é importante observar o que os brinquedos significam para a criança”, diz a professora. Outra referência para os pequenos é o contexto social em que vivem e a imitação da moda.
Motivos
É bom observar por que o menino gosta de brincar com os brinquedos da irmã ou a menina prefere usar as roupas do irmão, por exemplo. “Essas crianças podem estar querendo chamar a atenção dentro de casa. Ou gostam mesmo porque o brinquedo e a roupa são mais coloridos ou têm uma representação para ela”, explica Maria Angela. Curiosidade, influência de alguém ou uma simples birra também podem estar entre os motivos.
Temporário
A necessidade de brincar também conta. “Se há uma menina e dois meninos, ela pode acabar se submetendo às brincadeiras deles para conseguir brincar. Mas eles sabem que a situação é temporária e simbólica”, explica a professora. Se esse comportamento não passar com o avanço da idade e se estender adolescência adentro, a pedagoga aconselha se aprofundar nos motivos e até procurar ajuda de especialistas para entender o que está acontecendo com o filho ou filha.
Sinal dos tempos
O visual de Shiloh chama tanto a atenção porque é filha de astros do cinema, o que repercute no mundo inteiro e toma grandes proporções. “Mas talvez isso não seja tão preocupante assim, já que as brincadeiras e comportamentos refletem as práticas sociais em determinada época”, diz Maria Angela. E, hoje, elas são mais verbalizadas, já que a globalização e tecnologia propiciam a informação em tempo real. Além disso, as crianças do nosso tempo têm mais chance de mostrar suas opiniões e fazer escolhas, o que não ocorria num passado não muito distante.