Namoro a distância requer mais que amor

RENATA RODE
Colaboração para o UOL

  • Getty Images

    Maturidade e confiança mútua são essenciais ao casal que vive longe

    Maturidade e confiança mútua são essenciais ao casal que vive longe

Saudade. Esse sentimento é apontado como um dos maiores vilões quando acontece o namoro a distância. A vontade de querer estar com o outro e o medo da traição assolam a mente de quem tenta viver um relacionamento mesmo que alguns quilômetros teimem em atrapalhar o casal. “Eu mesmo namorei minha esposa por quatro anos dessa forma. Tudo depende do amor, da maturidade e da confiança mútua. Se houver desconfiança, ciúme extremo, vigilância e cobrança, o relacionamento vai se deteriorar”, explica Silmar Coelho, psicólogo especializado em relacionamentos.

 

Para o especialista, confiança e respeito sustentam a base desse tipo de convivência. “O fato de passar pouco tempo juntos pode ser benéfico. Como eu viajo muito por conta da minha profissão, quando encontro minha esposa é festa, prazer, êxtase, e nos curtimos a valer. Porém, quando o casal distante é infiel e um não se importa com o sentimento do outro, vive um reencontro apático, sem desejos, frio e, quase sempre, repleto de culpa”, avalia Coelho.

 

Eu vivo assim
M.C., 24 anos, publicitária, mora na capital paulista e o namorado, no Rio. Há um ano e meio eles namoram e uma das primeiras atitudes do casal foi unificar o plano de telefonia celular para que pudesse falar à vontade um com o outro. Além disso, eles se veem duas vezes por mês e arquitetam planos de, em um futuro próximo, ficarem juntos. “Dar certo ou não é muito relativo. Às vezes, você namora um cara que mora perto da sua casa, mas se sente sozinha. Acredito que a distância reforça o cuidado e o zelo com o outro. Mas, para mim, o principal para se ter uma relação a distância são as perspectivas. Se a separação vai durar ‘x’ anos, mas, se em determinado momento é certeza de que viverão no mesmo lugar, acho que vale a pena.”

 

Dar certo ou não é muito relativo. Às vezes, você namora um cara que mora perto da sua casa, mas se sente sozinha

M.C., 24 anos, publicitária

J. S., 27 anos, jornalista, teve o noivado estremecido pela notícia de que o amado iria mudar-se para Porto Seguro, na Bahia. Ela vive em Bauru (SP). “Dei força para ele se desenvolver profissionalmente, mesmo com o coração partido. Matamos as saudades via mensagens de celular, MSN e Skype. Estamos batalhando para morar junto, casar, ter filhos. O namoro a distância dá certo sim, basta querer. Não pode entrar em crise de ciúme e tem de saber respeitar o espaço e a escolha do outro. O resultado pode ser um final muito feliz”, acredita.

 

T.C., 28 anos, psicóloga, já namorava seu pretendente havia cerca de dois anos quando ele teve de mudar de cidade. No caso dos dois, a distância é pequena, já que ela está em São Caetano do Sul (no ABC paulista) e ele, em Campinas. “Nos vemos nos finais de semana, pois não é tão longe assim, e nos falamos todos os dias por rádio. Acredito que quando se gosta dá certo, sim. Não é fácil, mas em alguns casos isso acontece por necessidade, e não é a distância física que impede o relacionamento de dar certo. Pelo menos, no nosso caso, tem dado certo.”

 

Recursos
A psicóloga Nelma Penteado, especialista em relacionamentos, diz que é necessário ter um planejamento para que a vida a dois - e longe - dê certo. “Deve existir cumplicidade, honestidade e, acima de tudo, tesão das pessoas envolvidas. Diante de tanta tecnologia hoje oferecida é possível tentar ao menos amenizar a questão da distância para que ambos fiquem mais tranquilos.

 

Estar sempre bem arrumada ao teclar diante da câmera com o amado, que está longe, aguça a imaginação masculina e mantém o desejo aceso

Nelma Penteado, psicóloga especialista em relacionamentos

“O importante é que os dois se sintam confiantes diante do compromisso assumido e se empenhem juntos, como um time, para que o brilho permaneça inalterado até a situação de proximidade física dos dois melhorar”, ensina. Ela ressalta o uso da webcam, por exemplo, para criar certa intimidade e até promover um encontro virtual e sexual dos dois. “A parceira pode aprender linguagem erótica para, a cada mês, sugerir brincadeiras sedutoras a dois. Fazer um striptease, enviar uma calcinha para ele com o próprio perfume e atitudes do gênero”, diz a psicóloga.

 

Traição

O problema  traição não está em quantos quilômetros separam você de seu par, e sim da falta de respeito de ambos. “A mulher pode até morar junto com o parceiro, ceder em muitas coisas e até servir a ele a toda hora. Se ela quiser, trai. A distância apenas propicia uma sensação de facilidade para a traição. Parece que o portão está aberto a qualquer hora. Mas se a relação estiver forte, não é a distância que vai propiciar que uma traição aconteça. O que propicia isto é a qualidade de relação que o casal vive”, detalha Nelma Penteado.


Na sociedade de hoje a traição é muito comum. Alguns acabam por ter duas famílias, criando marcas e feridas quase que incuráveis no cônjuge e nos filhos. “Qualquer coisa que interferir na família - que deve ser o mais importante - precisa ser colocada em segundo plano. Pensar o contrário é convidar o caos a se instalar nas relações”, alerta o psicólogo Silmar Coelho. Segundo a especialista em relacionamentos, para que o namoro dê certo é necessário mais que amor; é preciso também de carinho e, acima de tudo, respeito, confiança e paciência.

 

 

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