O que são LEDs e como podem ser usados?
Os LEDs, palavra que você certamente ouviu bastante nos últimos tempos não são algo totalmente novo. Largamente utilizados na indústria da eletrônica há muitos anos, são eles que sempre iluminaram o seu relógio digital e mostravam que seu computador estava ligado. A escala de uso desse material é que aumentou drasticamente. De luminárias a telas superfinas de TV, do celular à iluminação de casas noturnas, o espectro de atuação do LED se multiplicou nos últimos anos. E isso é só o começo!
A edição deste ano da feira Light & Building (10 a 16 de abril, em Frankfurt, Alemanha) foi praticamente inteira tomada pelos LEDs e, segundo especialistas, dessa vez a tecnologias, que sempre foi promissora, mas não totalmente eficiente, mostrou a que veio.
Aqui no Brasil está havendo uma espécie de “choque cultural” com a maciça entrada de múltiplos usos para esse tipo de fonte de luz. Basta entrar em um grande magazine de luminárias para já sentir a grande presença dos LEDs em diversas aplicações diferentes. A grande questão é quando e como utilizar esse produto tão interessante.
Mas o que é o LED, afinal?
A sigla LED, numa tradução livre, quer dizer Diodo Emissor de Luz. No entanto, os diodos podem emitir, por exemplo, luz infravermelha não visível ao olho humano. Esse tipo de LED também tem muitas utilizações, uma delas o controle remoto da sua televisão. Por isso que o nome correto para o LED utilizado em iluminação seria VLED, que significa Diodo Emissor de Luz Visível.
Os diodos são materiais semicondutores, largamente utilizados na eletrônica. Não nos aprofundaremos em como funciona o surgimento de luz dentro do LED, pois são questões técnicas que fogem do escopo do uso mais doméstico do produto, mas vale a pena deixar claro que um LED é composto por dois materiais, um carregado positivamente chamado de material tipo P, e outro negativamente, material tipo N. Quando a corrente elétrica passa através desses materiais, ocorrem reações e a luz é emitida.
Para uma lâmpada de LED funcional, existe um conjunto de, basicamente, três seções diferentes. O LED propriamente dito, o circuito que o alimenta com energia e, finalmente, a fonte, ou seja, a peça que regula a tensão existente com a usada pelo LED, que é muito mais baixa do que a da tomada ou de uma lâmpada.
É importante entender que em um LED é o próprio material que “acende” e não um filamento, como acontece em uma lâmpada incandescente comum. Isso o torna muito mais durável e mais resistente a movimentos e até a pancadas.
Aplicações dos LEDs em iluminação
Como mencionamos acima, a tecnologia LED em iluminação ainda tem muito a avançar. Muitas e muitas formas de utilização têm sido exploradas nos últimos anos e as feiras de iluminação mostram uma enxurrada de novos usos e materiais.
Uma das formas com que essa tecnologia tem sido mais facilmente absorvida é a utilização dos LEDs na substituição das lâmpadas que usamos atualmente, como dicróica, PAR20, PAR30, incandescente comum, lâmpada balão e até tubos similares a fluorescentes.
Esse tipo de utilização, em que a tecnologia nova é adaptada para substituir as anteriores e, assim, ser consumida imediatamente é chamada de “mimetização” ou “retrofit” pelos luminotécnicos.
O uso dos LEDs no formato de lâmpadas pré-existentes já é muito interessante, pois embora tenha um custo inicial elevado, o LED tem vida útil muito mais longa do que as incandescentes e fluorescentes, além de ter um consumo de energia muito baixo, o que compensa o custo inicial.
Outra vantagem da durabilidade é a diminuição da dor de cabeça existente com a manutenção: em uma piscina, em que a troca de lâmpadas é sempre trabalhosa, o LED aparece como uma ótima solução.
A utilização das “lâmpadas” compostas por LEDs é especialmente boa no uso externo, porque sua reprodução de cor ainda não é excelente (em torno de IRC80, enquanto as fluorescentes chegam a IRC85-95 e incandescentes IRC100). Embora já seja satisfatória, tende a melhorar ainda mais. Mas o fato de ter vida útil muito longa e consumo baixo torna seu uso excelente para um jardim, por exemplo, em que a reprodução de cor não é tão importante quanto em uma escrivaninha.
Outro exemplo de utilização caseira de LEDs que vale muito a pena é o uso dessas lâmpadas em balizadores. Seja para uma escada, um corredor ou mesmo indicar o caminho externo, os LEDs permitem que a luminária seja realmente mínima, podendo ser embutida em um contra piso convencional. E a luz não precisa ser forte, basta apenas ser um pontinho que indica o degrau ou o caminho de forma elegante e discreta.
As fitas LEDs já são um exemplo inicial de como a tecnologia poderá gerar novos e interessantíssimos produtos. A fita LED é uma fonte de luz vendida por metro linear e é muito útil para iluminar detalhes, sancas, rodapés e diversas outras formas de utilização de forma prática e com resultados excepcionais.
Os LEDs poderão dar vida a produtos que não poderiam ser inventados com fontes de luz convencionais. E é no desenvolvimento desses produtos que algumas grandes empresas apostam ao desenharem suas novas luminárias. A italiana Artemide, por exemplo, apresentou na Euroluce, em Milão, e na Light & Building conceitos totalmente novos de luminárias derivadas dos LEDs.
O “chuveirinho” - aquele conjunto de LEDs que formam uma lâmpada mimetizada e que não agrada muito - também está com os dias contados. A novidade das fontes de luz de LEDs é o uso de um difusor de tamanho variável e que torna os LEDs invisíveis. O que se vê no uso desse difusor é algo como uma “folha” que se acende e, em breve, essa nova forma de se utilizar LEDs, de aspecto formal incrível, é o que veremos no mercado.
Se você está pensando em comprar luminárias de LEDs ou mesmo apenas as “lâmpadas” de aspecto convencional que utilizam essa tecnologia, tome cuidado: embora seja uma ótima ideia, nosso mercado está infestado por todo o tipo de material, com variação de qualidade absurda entre eles. Como ainda não há uma normatização clara para o uso de LEDs e muitos países, em especial a China, estão produzindo, há muitos produtos de baixa qualidade e que podem queimar rapidamente, jogando seu investimento ralo abaixo.
Busque os produtos de fabricantes conhecidos e confiáveis, ainda que sejam um pouco mais caros do que o concorrente importado. Como o LED se paga com o tempo, é imperativo que ele dure bastante. Além disso, as variações de luz entre as luminárias, assim como a qualidade da cor do LED, serão muito melhores. (Colaborou: Marcos Castilha, luminotécnico)
Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz
Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz são arquitetos formados pela FAU-USP e sócios do escritório Forte Gimenes Marcondes Ferraz (www.fgmf.com.br)