Construção e reforma

Aplicadas recentemente, as pastilhas do banheiro estão soltando. O que deu errado?

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

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    Para que as pastilhas não soltem, elas precisam ser aplicadas por profissionais experientes

    Para que as pastilhas não soltem, elas precisam ser aplicadas por profissionais experientes

Atualmente, o mercado oferece uma série de tipos de pastilhas para aplicação em paredes e pisos. As mais comumente encontradas são as de vidro ou cerâmica, mas há outras, como as de fibra natural.

Entretanto, a colocação das pastilhas exige mão-de-obra especializada. Basta notar edifícios revestidos com elas há muitos anos, muitos em cidades litorâneas, que continuam em excelente estado. Mas é comum, também, encontrar  pequenas superfícies em que as pastilhas se soltaram pouco tempo depois de colocadas. Qual é, então, o  segredo para a correta instalação das pastilhas?

- Para começar, a superfície onde as pastilhas serão aplicadas precisa de tratamento especial. Se for no piso, ele deve ter recebido emboço e argamassa de contrapiso sarrafeados ou desempenados, para ficar nivelado, e curado por 14 dias (ou seja, deve ficar secando por duas semanas). Se for sobre alvenaria, a mesma coisa, porém, com um detalhe a mais: a base deve estar absolutamente limpa, sem pó, óleo, tinta ou outros resíduos que impeçam a aderência da argamassa colante.

- A próxima preocupação deve ser com a argamassa, que deve ser própria para pastilhas. Existem diversos fabricantes que produzem este tipo de produto. A utilização do material correto é um dos detalhes mais importantes para que as pastilhas tenham vida longa.

- Caso a argamassa não seja do tipo flexível, a tendência é que apareçam pequenas rachaduras nela. Com isso, as pastilhas vão gradativamente se destacando. Isso acontece porque as construções se movimentam. As paredes, por exemplo, passam por dilatações e contrações frequentes.

- As pastilhas são muito pequenas, comparadas a uma peça de cerâmica. Por isso, a aplicação da argamassa deve ser uniforme. Uma falha de dois ou três centímetros não significa nada para um azulejo comum, mas é suficiente para soltar peças inteiras no caso das pastilhas. Preste atenção, também, na espessura da camada de argamassa depois do assentamento, que deve ser de, no mínimo, 3 mm e, no máximo, 5 mm.

- Outra preocupação deve ser com o alinhamento das placas. As pastilhas, geralmente, vêm coladas em lâminas de papel. Elas são agrupadas em painéis de 30 cm por 30 cm ou 40 cm por 40 cm. Caso as placas não sejam corretamente alinhadas, na horizontal e na vertical, provavelmente, após o término da instalação, a superfície não estará uniforme -por isso é importante contratar um especialista neste tipo de revestimento.

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    Uniformizar as superfícies e usar argamassa específica são essenciais para um bom resultado

- O cuidado com o papel que une as pastilhas antes da instalação deve ser redobrado. A remoção dele deve ser feita quando a argamassa estiver firme (entre 45 minutos e duas horas após o assentamento). O acabamento deve ser feito com uma esponja levemente umedecida, até, no máximo, 40 minutos depois da retirada do papel. Do contrário, a parede pode ficar desalinhada. Se der para perceber divisões entre as placas, é sinal de que não deu certo.

- O último cuidado é com o tempo de secagem da argamassa, que deve ser de 72 horas para o pessoal da obra continuar a trabalhar (e com cuidado) e de sete dias para o uso comum. Se as pastilhas estiverem sendo aplicadas numa piscina, também é preciso esperar uma semana para enchê-la de água. Utilizar a área antes do tempo necessário também é um dos principais motivos do desprendimento das pastilhas.

Os principais fabricantes têm uma lista de aplicadores cadastrados. Muitas delas têm programas de formação para estes profissionais, com cursos, filmes e palestras. Procure alguém qualificado e leia atentamente as recomendações dos fabricantes. Fazendo tudo corretamente, suas pastilhas certamente durarão tanto quanto as dos prédios modernistas do nosso litoral.

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz são arquitetos formados pela FAU-USP e sócios do escritório Forte Gimenes Marcondes Ferraz (www.fgmf.com.br)

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