Quais as diferenças entre cerâmicas e porcelanatos?

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

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    Porcelanato Portinari polido; tem 5,5 mm de espessura e, segundo o fabricante, é indicado para o assentamento direto sobre o revestimento anterior

    Porcelanato Portinari polido; tem 5,5 mm de espessura e, segundo o fabricante, é indicado para o assentamento direto sobre o revestimento anterior

A diferença entre os pisos cerâmicos e porcelanatos é uma dúvida bastante comum, dadas as semelhanças entre os materiais. Ainda que não seja exatamente uma novidade e possa ser encontrado em qualquer loja de material de construção, muitas pessoas ainda desconhecem o revestimento. Há cerca de 20 anos, no início da década de 1990, surgiu no mercado brasileiro o porcelanato, importado da Itália. Rapidamente, tornou-se sensação no mercado por apresentar resistência mais alta do que a cerâmica comum e homogeneidade muito grande em suas peças, além de cortes com acabamento superior.

Talvez você se lembre que, junto com seu surgimento, muitas lojas nas grandes cidades brasileiras se dedicaram quase que exclusivamente ao comércio de porcelanatos importados (apenas em 1995 foi inaugurada a primeira fábrica brasileira do material). Já os revestimentos cerâmicos sempre foram muito comuns no Brasil. Desde a colonização portuguesa ele  é utilizado em nossas bandas. Antigamente, era realizado em produção artesanal e, com o passar do tempo, foi ficando cada vez mais industrializado e utilizado em larga escala.

Nos anos 1940 e 1950, por exemplo, Portinari e Athos Bulcão realizaram magníficas obras de arte com cerâmica artesanal em conjunto com a arquitetura modernista, propostas por nomes como Oscar Niemeyer e Rino Levi, demonstrando as infinitas possibilidades deste material, totalmente em sintonia com a arquitetura mais avançada da época.

Um e outro
A diferença fundamental entre o revestimento cerâmico e o porcelanato está na tecnologia que existe por trás da manufatura destes produtos. O porcelanato possui um processo tecnologicamente mais complicado e um resultado mais controlado do que a cerâmica comum. Ele é feito com uma mistura de porcelana e diversos minerais, passando por uma queima a mais de 1200 graus Celsius.

O resultado é mais homogêneo, muito denso, vitrificado e mais resistente do que as cerâmicas convencionais, além de ser menos poroso e, portando, ter um índice de absorção de água muito baixo. Sua durabilidade é realmente excelente por conta disto. Isso o torna adequado a locais com alto tráfego, como aeroportos, estações ou shopping centers. Mas isso quer dizer que o porcelanato é sempre melhor do que a cerâmica? Definitivamente, não.

O porcelanato é um material com tecnologia mais avançada e, em geral, possui maior resistência e durabilidade e permite rejuntes menos espessos. No entanto, as cerâmicas são muitas vezes mais charmosas e com um acabamento mais interessante do que o porcelanato. O resultado estético está além das qualidades técnicas do produto e depende do padrão da peça, do tamanho, dos rejuntes e de como o material se harmonizará no ambiente em que será aplicado.

Existem belíssimas cerâmicas artesanais, rústicas, e existem empresas especializadas em realizar estes produtos, que muitas vezes são bastante caros. Embora inferiores em relação as suas características de conservação, a própria cera, aplicada periodicamente, aumenta o charme deste revestimento.

A verdade é que um produto não chegou para substituir ao outro, mas, sim, para se somarem às muitas possibilidades existentes na construção civil: ambos podem ser utilizados em revestimentos de paredes, prédios, pisos e até calçadas, sempre observando suas características técnicas quanto à resistência, abrasão, impermeabilidade, rejunte etc.

Como dica para você que está em dúvida entre qual material utilizar em seu projeto fica a seguinte: evite revestimentos que fingem serem outros materiais, conceito muito comum no mercado. O problema de um porcelanato que imita madeira ou mármore é que a tendência é ele ficar rapidamente datado. Daqui a alguns anos, você não aguentará mais conviver com este piso e a preocupação com a durabilidade do material terá sido em vão. Procure um revestimento que tenha a ver com o resto do seu projeto, que não chame atenção demais. E se você prefere madeira ou mármore, compre madeira ou mármore!

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz são arquitetos formados pela FAU-USP e sócios do escritório Forte Gimenes Marcondes Ferraz (www.fgmf.com.br)

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