Construção e reforma

Queria informações sobre produtos aplicados no telhado para deixar a casa mais fresca

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

  • Leonardo Finotti / UOL

    Instalar um jardim sobre a laje de cobertura é uma forma eficiente de promover o isolamento térmico e acústico da casa. Na foto, Casa View, de Johnson Marklee e Diego Arraigada

    Instalar um jardim sobre a laje de cobertura é uma forma eficiente de promover o isolamento térmico e acústico da casa. Na foto, Casa View, de Johnson Marklee e Diego Arraigada

Se as fachadas de um prédio ou uma casa recebem sol apenas durante parte do dia, a cobertura é atingida pelos raios solares durante praticamente o período todo. Além de expostas por mais tempo, a probabilidade de a cobertura receber um sol mais direto é muito maior, visto que as fachadas normalmente são parcialmente protegidas pelos muros dos vizinhos, pelos prédios das redondezas, pelas árvores. Logo, é pela cobertura que a maior parte do calor entra nos edifícios e, assim, é nela devem estar concentrados esforços para isolar o espaço interno do meio externo.

Em geral, a cobertura das residências é feita com lajes impermeabilizadas ou com telhados. Para o primeiro caso, há uma série de opções de isolamento térmico. Além das mantas de isolamento, que são aplicadas sobre a impermeabilização, podemos utilizar elementos que não só sejam isolantes, mas que também servem como solução paisagística e melhoram o aspecto visual da cobertura.

Isolamento de lajes

Os tetos-jardim são uma bela maneira de incrementar o isolamento térmico da laje de cobertura. A terra e a vegetação são um ótimo isolante natural. O calor demora mais para percorrer a camada de terra e atingir o interior do edifício. Além disso, após as chuvas, tão comuns no nosso quente verão, essa terra fica molhada e demora mais para aquecer com o sol. Devemos lembrar ainda que, da mesma forma como a terra protege o edifício do ganho do calor no verão, ela impede a perda de calor no inverno, ou seja, é um bom expediente durante todo o ano.

Na mesma linha do teto-jardim, podemos utilizar os espelhos d’água na cobertura. Nesse caso, uma camada de água protege a laje da incidência direta do sol. Como a água demora muito mais para esquentar do que a laje exposta diretamente, o interior da sua construção tende a ficar mais fresco no verão. O mesmo raciocínio serve para o inverno e, portanto a sua casa ficará mais aquecida também no frio.

Além de controlar a temperatura interna, todos esses sistemas de isolamento térmico ajudam a prolongar a vida útil das mantas de impermeabilização. Como a deterioração dessas mantas se dá principalmente pela constante dilatação e contração, que ao longo dos anos propiciam o surgimento de fissuras, o fato de criarmos sistemas de isolamento, sejam eles jardins, espelhos d’água ou simples mantas de isolamento, certamente fará com que a impermeabilização dure mais tempo.

As opções para isolar telhados

Quando a cobertura é um telhado, o teto-jardim está descartado, mas há outras opções. Os telhados com telhas de barro têm um comportamento mais eficiente em relação ao isolamento do que os com telhas de alumínio, aço ou fibrocimento pela própria natureza dos materiais: o barro é um material que conduz menos o calor do que os demais.

Hoje podemos encontrar no mercado sistemas como o Ecotelhado, compostos especiais que permitem o nascimento de grama em sua superfície. Este sistema é aplicado sobre lajes e telhados e, com o tempo, a cobertura vira um teto verde. A vegetação atua como isolante térmico e acústico, mas a cobertura não pode ser frequentada, como o teto-jardim.

Para melhorar o desempenho térmico dos telhados, podemos utilizar as mantas de subcobertura, que são eficientes para o isolamento térmico e para a estanqueidade da estrutura, visto que protegem o interior das casas de eventuais infiltrações pelas frestas entre as telhas. Em outras palavras, evitam goteiras.

Colocadas sob as telhas, essas mantas podem ser aluminizadas (parecem um papel alumínio mais grosso, são brilhantes e refletem o calor), ou podem ser uma espécie de espuma isolante, normalmente branca e mais espessa que as aluminizadas.

Telhas metálicas

Por serem compostas apenas por uma fina lâmina de metal, as telhas de aço e as de alumínio têm um comportamento muito ruim do ponto de vista térmico e acústico. Por isso, algumas dessas telhas são do tipo sanduíche, isto é, apresentam uma camada de poliuretano ou de outro material isolante entre duas placas de telha metálica. Com isso o isolamento térmico se aproxima do das telhas de barro e o barulho fica bem reduzido, principalmente nos dias de chuva torrencial.

Caso as telhas não venham com o isolamento feito de fábrica, podemos “construir” na obra esse sistema, colocando recheio de lã de vidro entre duas chapas de telhas simples. Podemos ainda usar um forro de madeira ou gesso sob as telhas e colocar as mantas de lã de vidro, lã de rocha ou ainda placas de isopor por cima do forro ou logo abaixo do telhado. Esse sistema é menos eficiente do que o das telhas do tipo sanduíche, já que o calor já estará dentro da construção, mas ainda assim a temperatura abaixo do forro fica muito menor do que acima.

Barulho lá fora

Nas lajes o problema de isolamento acústico é muito menor, já que geralmente são espessas e feitas de concreto, um material com muita massa e com bom desempenho para afastar o barulho. Nos telhados o problema é maior, principalmente nos dias de chuva forte. Uma solução para minimizar o ruído é usar materiais com aparência de uma espuma seca, que são espargidos sobre ou sob o telhado, formando uma camada isolante que absorve o barulho das chuvas.

As soluções para resolver problemas de isolamento térmico normalmente são bastante eficientes para questões acústicas e vice-versa. Cuidar do correto isolamento das coberturas não só garante maior conforto para os usuários, como reduz a necessidade e o gasto de energia com ventiladores e aparelhos de ar condicionado. Ou seja, as pessoas se sentem melhor e o meio ambiente agradece.

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz são arquitetos formados pela FAU-USP e sócios do escritório Forte Gimenes Marcondes Ferraz (www.fgmf.com.br)

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