O que devo saber antes de instalar um sistema elétrico na minha casa?
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As normas de instalações elétricas variam de acordo com a empresa que fornece energia. Portanto, antes da instalação, é preciso consultar as exigências das concessionárias
Quadros de força, conduítes, fios, cabos, interruptores, dímeres, luminárias e lâmpadas, entre outros elementos, formam o sistema elétrico de uma construção. Esse sistema está relacionado a diversas atividades de uma casa, seja o simples acionamento de uma lâmpada até o dimensionamento de grandes cargas elétricas para equipamentos mais complexos. Além disso, um projeto de elétrica responsável está diretamente ligado a um consumo consciente de energia e à segurança das construções, afastando o risco de incêndios.
Para entendermos mais facilmente como funciona a parte elétrica de uma casa, podemos pensar de fora para dentro. A energia elétrica é fornecida pelas concessionárias de cada cidade. Normalmente, a ligação ao interior das casas é feita pelos postes de entrada de luz (que, quase sempre, estão no canto dos terrenos) e, na sequência, pela caixa de entrada de energia, onde fica o medidor de consumo.
Poste e caixa de entrada de energia seguem os padrões das concessionárias de cada cidade, portanto, se você estiver construindo a sua casa, verifique como isso deve ser feito e que equipamentos devem ser adquiridos. Consulte a concessionária de energia responsável pelo abastecimento da sua cidade.
Do lado de fora
Há, ainda, a opção de não haver o poste para a entrada da energia, que, nesse caso, deve ser feita por baixo do solo. Entretanto, infelizmente, essa não é a forma mais comum para a entrada de energia no nosso país. Com relação ao medidor, popularmente chamado de relógio de luz, há opções em que a leitura deve ser feita por dentro do lote e outros modelos em que a leitura pode ser feita diretamente da rua. Verifique o modelo mais adequado para a sua construção.
Depois disso, deve haver uma ligação entre o medidor e um quadro geral de energia, que, normalmente, fica dentro da casa. É este quadro que recebe a energia e a distribui para todos os ambientes. No caso de construções grandes, pode haver mais de um quadro. Há diversos fabricantes que produzem esses quadros e de inúmeros tamanhos. A dimensão está relacionada à potência instalada na construção.
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A escolha dos materiais utilizados em um sistema elétrico está relacionada à potência instalada
Quadros grandes e pequenos
As casas maiores costumam ter uma quantidade maior de lâmpadas e equipamentos instalados e, consequentemente, usam mais energia e precisam de quadros maiores, com mais circuitos. O correto dimensionamento dos quadros deve ser feito por um engenheiro eletricista. No caso de reformas de casas muito antigas, é comum vermos quadros pequenos, com poucos circuitos.
Atualmente, diversos equipamentos que fazem parte do nosso dia a dia exigem mais energia -e as construções mais velhas não estão preparadas para isso. Logo, ao reformar uma construção dessas, provavelmente será necessário substituir o quadro por um novo, maior, com a possibilidade de abrigar mais circuitos e mais adaptado às normas atuais de elétrica e de segurança.
Chegando em casa
O quadro de luz tem a função de receber uma quantidade grande de energia elétrica e direcioná-la para uma série de circuitos independentes. Essa separação é necessária para que cada tomada ou lâmpada da casa possa ser atendida. Cada circuito corresponde a um disjuntor, um dispositivo que podemos acessar no quadro, e que podemos ativar ou desativar, conforme nossa vontade. Os disjuntores substituem os antigos fusíveis e servem para proteger a fiação e os equipamentos de grandes descargas elétricas ou de consumo inapropriado.
Sempre que a descarga elétrica for maior do que a capacidade suportada pelo disjuntor, ele desarma e é cessada a transmissão da energia, impedindo que os fios e cabos elétricos esquentem demais ou que os equipamentos sejam danificados, como no caso de um curto circuito acidental.
É importante dizer que um sistema elétrico bem dimensionado é a garantia contra os acidentes domésticos e incêndios. Cerca de cem pessoas morrem por ano eletrocutadas no Brasil e a má condição das instalações elétricas é um dos maiores motivos dos incêndios. Fazer um bom projeto é importante e revisar o sistema a cada cinco anos evita problemas futuros.
O caminho da luz
A ligação entre os disjuntores e as lâmpadas ou tomadas é feita através dos fios ou cabos elétricos, que normalmente ficam protegidos pelos conduítes. Os conduítes podem ser metálicos ou plásticos, podem ser embutidos ou ficar aparentes (e são fabricados em diversos tamanhos).
As dimensões estão relacionadas à quantidade e à espessura dos fios que correrão por dentro dessas peças. Somente fios especiais, como o plastichumbo, podem ser instalado sem conduíte. Os cabos elétricos normais necessitam de conduítes ou a instalação não estará segura. Além disso, conduítes bem dimensionados permitem a troca dos fios sempre que necessário, sem a necessidade de quebrar paredes.
Fios e cabos
Por fim, é importante falar dos fios e cabos elétricos. Eles também são fabricados em diversas espessuras e a dimensão muda de acordo com a quantidade da potência instalada do circuito. Como exemplo, podemos citar um circuito que abastece um chuveiro elétrico. Por consumir uma quantidade muito grande de energia, os fios devem ser mais espessos do que os fios que ligam circuitos mais simples, como os de tomadas comuns para a ligação de um abajur, por exemplo. Quando os fios não estão corretamente dimensionados, eles aquecem demasiadamente. Isso causa o rápido ressecamento dos fios e, com o tempo, pode causar um incêndio.
Procure sempre um especialista na hora de projetar o sistema elétrico de sua casa ou fazer uma reforma. Somente dessa forma você garante uma instalação segura e evita o desperdício de energia. Uma instalação bem feita pode representar de 5% a 10% de economia no consumo de energia. Portanto, é um investimento com retorno rápido, além da de oferecer tranquilidade de que seus equipamentos estarão protegidos e sua casa não correrá riscos.
Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz
Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz são arquitetos formados pela FAU-USP e sócios do escritório Forte Gimenes Marcondes Ferraz (www.fgmf.com.br)