Construção e reforma

É uma boa ideia ter um pátio na cobertura da casa? Para isso, basta construir uma laje?

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

Esses pátios na cobertura de edifícios surgiram com o movimento moderno na arquitetura por volta da década e 1920, quando receberam o nome de terraço-jardim. Juntamente com a planta livre, a fachada livre, os pilotis e as janelas em linha, o terraço-jardim é um dos cinco pontos fundamentais da arquitetura moderna desenvolvidos por Le Corbusier e, desde então, vem sendo utilizado por arquitetos do mundo todo.

A idéia original dos terraços-jardim era devolver às pessoas o espaço ocupado pelos edifícios, proporcionando na cobertura destes uma área de recreação, estar ou lazer. Desta forma, apesar do nome, os terraços não precisam necessariamente ser ocupados por verde. Podem ser áreas abertas pavimentadas ou podem conter decks ou outros elementos construídos, por exemplo, como num solário.

Quando olhamos para as nossas cidades, vemos que a maior parte das construções é formada por casas com telhados feitos com telhas de barro, metálicas ou de fibrocimento. A cobertura neste caso tem como única função cobrir os espaços internos, proteger do sol e da chuva.

Mais que um telhado

Entretanto, a cobertura pode ser muito mais do que isso. As técnicas de construção envolvendo o concreto armado, tão difundidas pela arquitetura moderna, permitiram que os edifícios pudessem ser cobertos por superfícies contínuas e planas, as conhecidas lajes. Não demorou para que o espaço por sobre estas lajes fosse utilizado como área de lazer ou de contemplação.

Atualmente esta é uma solução corriqueira. A maior parte dos prédios residenciais é coberta por lajes e os apartamentos do último andar, ou apartamentos de cobertura, desfrutam de uma área maior e aberta. Além de jardins, estes espaços contam com áreas de piso, churrasqueiras e, não raro, pequenas piscinas. O importante é, portanto, dar uso para um espaço já construído. No caso das residências, muitas pessoas ainda preferem os telhados, mas as lajes planas não só podem ser uma bela solução estética, como representam uma possibilidade de utilização de um espaço a mais do seu terreno - um espaço que, de outra forma, é perdido.

Qualquer um pode ter um terraço-jardim em casa?

O ideal é que esta decisão seja tomada ainda na fase de projeto, antes da construção da sua casa. Isso porque uma laje precisa ser calculada para suportar o peso dos jardins, da terra, dos pisos e dos outros elementos construídos, além do peso das pessoas que porventura usem este espaço.

Nem todas as lajes de cobertura estão preparadas para aguentar estas cargas. Logo, é importante sempre consultar um especialista para construção destes terraços. Principalmente se a sua construção já é existente.

Impermeabilização e isolamento

Além de suportar o peso necessário, as lajes de cobertura devem estar preparadas para proteger o interior das construções das chuvas. Por conta disso, deve-se executar um trabalho cuidadoso de impermeabilização desta superfície.

A maneira mais comum é a feita com mantas asfálticas, mas existem outros tipos. No caso de jardins construídos diretamente sobre a laje, deve-se tomar um cuidado extra com as raízes das plantas, que podem provocar buracos na impermeabilização. No mercado há inclusive mantas anti-raiz e, novamente, é importante a consulta a um especialista.

As lajes de concreto são, em princípio, menos isolantes do que um telhado de telhas de barro. Desta forma, o pavimento sob esta cobertura pode se tornar excessivamente quente no verão ou muito frio no inverno, dependendo das características ou da espessura da laje. Portanto, é sempre conveniente utilizar isolantes térmicos sobre e sob as mantas de impermeabilização a fim de melhorar o isolamento e o conforto.

Vista do alto

Se boa parte da cobertura for ocupada por espelhos d’água, gramados ou por jardins compostos de outras espécies de plantas, este próprio recobrimento pode funcionar como isolante. É por isso que atualmente esta solução tem sido usada como sinônimo de sustentabilidade, visto que não só recupera um pouco do verde perdido nas nossas cidades, como isola a cobertura dos edifícios, fazendo com que os espaços internos necessitem gastar menos energia com equipamentos de ar-condicionado ou aquecedores.

O uso da cobertura muitas vezes ainda permite visuais mais amplas do que as que se tem no nível do solo. Nos quintais ou no nível térreo das casas, normalmente temos a obstrução dos muros, das paredes das casas, dos portões, das grades. As coberturas em geral são menos obstruídas e de lá conseguimos ver lugares diferentes e mais distantes ou interessantes sem necessariamente perder a privacidade.

A cobertura pode também ser entendida como mais uma das fachadas do edifício. Tratá-la com carinho e dar a ela um pouco de verde e de qualidade espacial é bom não só para quem a usa, como para todo o resto da cidade que a contemple.

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz

Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz são arquitetos formados pela FAU-USP e sócios do escritório Forte Gimenes Marcondes Ferraz (www.fgmf.com.br)

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