Qual é o jeito correto de usar espelhos na decoração? Posso revestir a parede toda?
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Tuca Reinés / Divulgação
Na sala do apartamento do arquiteto David Bastos, em São Paulo, a parede espelhada recebeu uma cortina; o recurso "quebra" a presença do material, mas mantém suas propriedades
Espelhos são aliados na decoração desde que foram inventados. E podem ser usados em todos os estilos e de diversas formas. O importante é saber como e onde usar. Além das funções óbvias, como em dormitórios, closets e banheiros, os espelhos podem ser úteis em áreas de estar, aumentando a sensação de espaço e deixando a atmosfera mais sofisticada. Sim, os espelhos são nobres (e caros) e têm esse poder. Mas cuidado para não abusar e cair no exagero. Casas cheias de espelhos podem ser lindas, mas também muito bregas.
Bem útil
Banheiros e lavabos precisam de espelhos. No caso de banheiros, use sem medo de ser feliz. E quanto maiores, melhores. Uma bancada de pia não é nada sem um bom espelho. Aliado a uma iluminação eficiente, é o amigo número de mulheres que estão se preparando para sair. E vale qualquer tipo. Gosto dos mais simples, sem molduras, nem acabamentos.
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O lavabo do apartamento decorado por Francisco Cálio tem parede espelhada, cuba da Vallvé e os metais cromados da linha Spin, da Deca
Uma peça lapidada de 4 mm de espessura é suficiente. O melhor é que sua largura seja a mesma da bancada. E se você tiver uma arandela sobre a cuba da pia, sem problemas. Basta prever o furo para a passagem de fios e instalar a peça sobre o espelho.
Em lavabos muito pequenos, são ainda mais importantes. Mas não se empolgue muito, ainda mais se o espaço for muito recortado. Revestir pequenas superfícies de espelho pode criar um efeito estranho. Mais uma vez, ter uma peça com a largura da bancada é suficiente.
Se você gosta de enfeitar, invista em molduras. Podem ser de madeira, douradas, brancas, prateada, não importa. Não existe regra. O ideal é que a largura da moldura seja proporcional à parede. Ou seja, se a parede for mínima, não adianta colocar uma moldura de 20 cm. Em geral, molduras de 10 cm funcionam em qualquer tipo de ambiente.
Espelhos venezianos estão na moda. Eu gosto. Mas para fugir do óbvio, tenha peças bem contemporâneas ou modernas para contrastar. Uma parede rústica também faz um bom contraste com essa peça tão delicada.
Para se vestir
Dormitórios e closets também demandam espelhos. Se você não tem o closet separado do quarto, procure uma parede longe da cama. Odeio ver camas refletidas em espelhos de guarda-roupas. Dizem que nem é bom para dormir. Mas sobre esse assunto já ouvi tanta coisa que não vale a pena entrar no mérito. A verdade é que é meio brega mesmo.
Em closets, quanto mais espelho melhor! Visitei uma loja um dia desses que tinha um provador imenso, com portas, paredes e teto revestidos de espelho. O pé-direito era altíssimo e o efeito era bem legal. Ao experimentar uma roupa, é sempre bom poder se enxergar de todos os ângulos. Mas em um closet normal, sem portas nos armários, uma parede espelhada já é meio caminho andado.
Espaços maiores e mais elegantes
Salas de estar de tamanho modesto exigem espelhos. Essa é a principal estratégica de arquitetos e decoradores para aumentar a percepção de espaço. Pessoalmente, não gosto de ficar me olhando toda hora no espelho. É chato e a gente não fica à vontade. Por esse motivo, nunca uso em frente a sofás ou ao lado de mesas de jantar. Paredes laterais são as melhores para receber espelhos, desde que reflitam coisas bonitas e interessantes.
Espelhos fumê e de cor bronze voltaram a ser usados na decoração. Até pouco tempo atrás, eram tidos como de gosto duvidoso. E eu adoro! Um hall de entrada com espelhos escuros ou bronze são demais! E nem precisa de mais nada no espaço. Se o piso for bonito, a decoração está resolvida.
Se você não ainda não se aventurou muito pelo mundo do design de interiores, vá com calma na hora de usar espelhos. Errar é muito fácil. Espelhos sobre a cama, por exemplo, tem toda a chance de dar errado. Disso todo mundo já sabe. Mas pode dar um efeito bem interessante, também. Não existem regras, por isso o conselho que eu posso dar é ter cautela.
Marcel Steiner
Marcel Steiner é designer de interiores e mestre em história e crítica da arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP