Gestação

Seu filho é normal como você

Mamatraca

Mamatraca

  • Paola Saliby/UOL

    Se você quer muito fazer algo e leva um sonoro não, você reage

    Se você quer muito fazer algo e leva um sonoro não, você reage

Se você está explorando algo muito interessante e alguém lhe toma sem justificativa, você se sente desrespeitado.

Se você está andando livremente e alguém te segura, você protesta.

Se você quer muito fazer algo e leva um sonoro não, você reage.

Se alguém muito querido chega, te cumprimenta brevemente e não te dá mais atenção, você confronta.

Se uma das suas pessoas favoritas tem hora certa para te atender, você fica chateado.

Se sua família se recusa a fazer qualquer alteração na rotina para atender a uma vontade sua, você não se sente importante.

Se você está com fome, mas te negam comida, você pede de novo.

Se alguém te força a comer sem fome, você vira o rosto.

Se alguém empurra alguma coisa que você não gosta para dentro da sua boca, você cospe.

Se você está no escuro, sozinho, sem a possibilidade de se mexer, você grita.

Se você está num ambiente desconfortável, com vontade de estar perto de alguém que gosta, você chama essa pessoa.

Se você pode ir até ela com suas próprias pernas, você levanta e vai.

Se você não está com sono, está com muitos pensamentos na cabeça, apaixonado demais, carente demais, com fome, com sede, com calor, com frio, com medo, você também não dorme.

Se durante o dia inteiro você não teve a possibilidade de fazer nada espontâneo, tudo foi feito sob ordens de alguém, você se aborrece.

Se as pessoas com quem você convive não aceitam nenhuma das suas ideias, você se sente incapaz.

Se você tenta expressar seus sentimentos de todas as formas que conhece e não se sente compreendido, você se enraivece.

Talvez você aceite a comer o que não gosta.

Talvez você aceite a comer sem fome.

Talvez você aprenda a dormir com medo.

Talvez você aprenda a dormir sem sono.

Talvez você encontre alguém que te compreenda.

Talvez você desista.

Anne Rammi

Anne Rammi, artista plástica e mãe do Joaquim (3 anos) e do Tomás (1 ano). Experimentou com a chegada dos meninos a oportunidade de quebrar muitos paradigmas da maternidade contemporânea e relata suas experiências com fidelidade e uma peculiar (e muitas vezes polêmica) ironia. Escreve muito, fala muito, produz incessantemente, em especial sobre os temas do universo da maternidade crítica e consciente, como o parto humanizado, amamentação prolongada, criação por apego e em defesa de uma infância livre de consumismo, sendo personagem importante nos grupos ativistas da internet materna. Recentemente virou vegetariana e vive o dia a dia tentando adequar as ideologias às práticas, rumo a uma vida com foco na família, na sustentabilidade e na educação fora da escola. www.mamatraca.com.br

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