Seis técnicas "fora da caixa" para acalmar bebês em crise
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Paola Saliby/UOL
Quanto mais carregadas no colo nos primeiros meses de vida, mais serenas as crianças tendem a ser
Das técnicas para acalmar uma mãe em crise ninguém fala, né? Por que, ó céus, não existe literatura-compressa-morna para os nervos das mães de recém-nascido?
A resposta é simples. Se o bebê estiver calminho, a mãe está calminha (ainda que toda a literatura-a-culpa-é-da-mãe insista em que é exatamente o oposto, cabe à mãe dar o primeiro passo rumo à vida zen, humpf).
Como a gente sabe que pode ser um desafio hercúleo invocar o Dalai Lama que existe dentro de você no meio de uma crise de berros de uma ininteligível parte das suas estranhas entranhas –vamos ao que interessa: separei algumas formas ("fora da caixa", porque as ordinárias você encontra na literatura-conselhos-da-amiga-da-vizinha) de promover calma imediata para bebês em seus momentos de escândalo.
1 - Casulo
Um pano quadrado, tipo cueiro de flanela ou manta, serve para enrolar o bebê com uma amarração especial. Essa tática era tão infalível com meu segundo filho que eu decorei um mantra: ombro-braço-encaixa, perna-ombro-encaixa, braço-perna-vira. O bebê pensa que ainda está no útero. O meu acalmava instantaneamente e só não vai mais no casulo porque hoje seria necessário um lenço "king size" para amarrar meu pequeno brutamonte.
2 - Todo mundo nu
É possível que uma mãe contemporânea passe a primeira fase da vida do filho sem nunca tê-lo colocado peladinho em cima de seu corpo nu. Extra! Os bebês pequenos gostam (e muito) disso. Se estiver recém-parida no verão deixe a indumentária de lado e use e abuse do contato pele a pele.
3 - Rede
Na Suíça virou tendência, mas os donos dessa terra brasilis já sabiam disso faz tempo. Bebês índios, assim como seus pais, dormem em redes desde que o mundo é mundo. Os modelos europeus são programados para serem pendurados nos vãos das portas e seu balanço natural acalenta o rebento como milagre mesmo. Li uma usuária dizer que preferia que lhe cortassem um braço do que lhe tirassem a rede de casa em um momento de crise. Deve ser mesmo incrível.
4 - Banho de balde
Não resista. Ainda que todas as lojas de bebê do mundo civilizado tendam a te fazer crer que aquela banheira rígida com suporte e mil equipamentos de segurança são a forma mais avançada de dar banho em um bebê, estou para ver coisa mais linda do que um genuíno banho de balde, com o pequeno encaixado na água suavemente apoiado pelas mãos da mãe, que tudo o que tem a fazer é manter o nariz da criança para fora d'água. Há quem combine a técnica do casulo com o balde, enfiando criança com manta e tudo na água. Estamos falando de acalmar bebê e não de fazer faxina, portanto desapegue-se do banho esfrega-esfrega e deixe as dobrinhas melequentas sem culpa. Quando essa criatura souber comunicar seus desconfortos será o tempo perfeito para tirar todo o cascão.
5 - Barulho
Lá nos Estados Unidos vende até CD de barulho branco, aquele barulho de televisão fora do ar, secador de cabelo ou outros zunidos estranhos e intermitentes. Por incrível que pareça, bebês gostam dessas coisas (e você pensava que era preciso manter o silêncio para a criança sossegar, né? Te falei! Essas dicas são "fora da caixa"). A lógica é simples, dentro da barriga da mãe, a sinfonia intestinal-cardíaco-digestiva é triunfal. Ouvi relatos de gente que deixava para aspirar a casa entre meia-noite e seis da manhã. Para alegria da vizinhança.
6 - Colo, colo, muito colo
Sim, "dentro da caixa", o pessoal vai falar para você que crianças não podem se acostumar muito no colo, porque se não ficam mimadas, dependentes, chatas, autoritárias, psicopatas. Mas, veja bem, estamos aqui falando de crianças bem pequenas, né? Não faz muito sentido cobrar-lhes independência e que saibam gerir seus impulsos na tenra idade dos 40 dias. Então que fique claro: muito colo é muito bom. E vale de tudo para facilitar a função. Colocar num "sling", dividir com o pai, alugar o colo da avó. É comprovado que, quanto mais carregadas no colo nos primeiros meses de vida, mais serenas as crianças tendem a ser, uma vez que não se sentem desamparadas da vida que até então conheciam: o aconchegante, calorento e barulhento útero materno.
Anne Rammi
Anne Rammi, artista plástica e mãe do Joaquim (3 anos) e do Tomás (1 ano). Experimentou com a chegada dos meninos a oportunidade de quebrar muitos paradigmas da maternidade contemporânea e relata suas experiências com fidelidade e uma peculiar (e muitas vezes polêmica) ironia. Escreve muito, fala muito, produz incessantemente, em especial sobre os temas do universo da maternidade crítica e consciente, como o parto humanizado, amamentação prolongada, criação por apego e em defesa de uma infância livre de consumismo, sendo personagem importante nos grupos ativistas da internet materna. Recentemente virou vegetariana e vive o dia a dia tentando adequar as ideologias às práticas, rumo a uma vida com foco na família, na sustentabilidade e na educação fora da escola. www.mamatraca.com.br