Gestação

O parto da pátria

Mamatraca

Mamatraca

  • Paola Saliby/UOL

    O anseio por mudança foi fecundado no povo, assim como uma gravidez não planejada causa rebuliço

    O anseio por mudança foi fecundado no povo, assim como uma gravidez não planejada causa rebuliço

Para todos os lugares que eu olho só há um assunto. E esse momento monotemático, não, não é a maternidade. É a mudança que está tomando conta aqui e agora, diante dos nossos olhos, das nossas telas (nosso segundo par de olhos), das nossas vidas.  É fácil ver: é só desviar o foco do umbigo (ok, para as grávidas, sei que esse conselho dá um pouco mais de trabalho) e olhar para a frente, para os lados.

Dentro e fora de nossos quadrados, uma revolução está acontecendo. Gente indo para as ruas protestar, exigir um país mais decente. Gente dentro de suas casas replicando essa mensagem, ajudando do jeito que pode. Ou, para usar a palavra que define nossa geração, compartilhando. Compartilhando apoio, informação, indignação, esperança e vontade de melhorar a situação atual. E como já foi dito, não se tratam de 20 centavos. O buraco é mais embaixo.

Trata-se de fazer um país melhor para nossos filhos viverem com mais dignidade, valores, segurança, justiça, igualdade, ética. Cultivando uma semente hoje para que eles possam colher os frutos maduros e saborosos em um futuro nem tão distante assim. O anseio por mudança foi fecundado no povo brasileiro. Assim como uma gravidez desejada, porém não planejada, causa rebuliço quando o positivo se concretiza. Sem planos prévios, o bebê começa deliberadamente a crescer, sendo nutrido para formar braços, pernas, coração, sistema nervoso, tomando corpo e forma até que... dá sinais de que vai nascer!


Entre doloridas contrações rítmicas e respiração controlada, a revolução foi (está?) sendo parida no meio das ruas. Durante o contagiante trabalho de parto, lágrimas e arrepios, suor e sangue, amor e dor, medo e realização.

Sem anestesia e deixando para trás o círculo de fogo, o rebento chega a nossos braços. Vira o foco central de toda uma nação. Como em todo nascimento, é um recomeço, uma chance para ser melhor, para escrever uma história desde o começo.

Nós não poderíamos estar em lugar e hora mais privilegiados. Seja fazendo força junto ou sendo espectador ativo desse movimento, entendo que é nossa obrigação manter pulsando a vontade de dias melhores. Viva! Está vindo ao mundo um novo Brasil! O gigante que levantou do berço esplêndido e tem filhos que não fogem à luta. Salve! Salve!

Priscilla Perlatti

Priscilla Perlatti trabalhou durante anos com turismo e depois que se tornou mãe da Stella (7 anos) e da Lia (5 anos) se assumiu designer. Já superou as preocupações com chupetas e desfralde (apesar que as birras ainda são bem comuns) e agora enfrentauma nova etapa com questões como dentes moles, alfabetização e o desapego na criação – esse último uma demanda das filhas já crescidas. Costuma dizer que hoje exerce uma maternidade reativa, pois os anos de experiência levaram embora a ansiedade em se antecipar às possíveis necessidades das crianças e trouxeram calma e serenidade para lidar com os infinitos desafios de ser mãe. Também gosta muito de falar de turismo e lazer com crianças. www.mamatraca.com.br

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