Bebês

O cocô

Mamatraca

Mamatraca

  • Paola Saliby/UOL

    Cocô é uma palavra que passa a fazer parte da vida e do vocabulário materno de forma natural

    Cocô é uma palavra que passa a fazer parte da vida e do vocabulário materno de forma natural

Já aviso que esse texto contém palavras de ordem escatológica. Se você estiver a fim de ler sobre algo mais suave ou estiver próximo da hora do almoço, sugiro mudar de assunto. Agora, se você é mãe ou pai, caro leitor, nem vai perceber a escatologia nessas histórias. Simplesmente porque cocô é uma palavra que passa a fazer parte da vida e do vocabulário materno de uma forma tão natural que sua pronúncia sai suavemente tanto quanto leite, papinha ou doce de abóbora.

Minha relação íntima com essa coisa escatológica infantil é um tanto tragicômica. Porque algumas das histórias mais marcantes de "desastres" e vergonhas que passei com as crianças envolvem nosso amigo cocô (não, esse termo não pode ser substituído por fezes no dicionário "bebezístico-infantil").

O primeiro grande vexame aconteceu quando Luísa tinha cinco meses.  Fui visitar uma amiga que conheci na hidroginástica para gestantes. Conclui-se, portanto, que não era uma amiga de tanto tempo e tanta intimidade assim, apesar de muito querida. Pois bem. Luísa já sentava e eu, exibida, coloquei a menina acomodada no sofá, sentadinha.

Cuidadosa, ainda pus debaixo dela um pano para proteger de eventuais acidentes. Conversa vai, conversa vem e, quando pego Luísa no colo, observo uma mancha amarela no encosto do sofá de chenille bege da minha amiga. Sim, colegas, o cocô vazou por cima da fralda e causou um estrago no sofá. Até hoje aquela amiga não fala mais comigo. Mentira. Ela foi extremamente gentil e educada, limpou com pano úmido na hora e depois me garantiu que a mancha saiu do sofá. Mas eu nunca mais tive coragem de voltar lá pra conferir.

Outro episódio foi na piscina de um hotel, vejam que beleza. Eu estava tomando um solzinho e meu marido brincando com a pequena na piscina. Ela tinha uns dois anos e meio na época, eu acho, porque já havia sido desfraldada há uns seis meses pelo menos. De repente, ela fala para o pai:

– Papai, cocô

– Você quer fazer cocô, filha?

– Não

E ele, como todo pai atento que se preze, continuou brincando com ela. Até que, com um olhar desesperado, ele me chama e diz baixinho:

– Rô, pega ela rápido, coisa errada aqui com a mocinha.

Ela tinha feito número 2 dentro da piscina. Só isso. Dentro do biquíni, está certo, mas fez. Fiquei roxa, amarela, esverdeada e vermelha ao mesmo tempo, peguei a menina no colo, enrolei na toalha e saí correndo para o quarto.  E o que você faz numa hora dessas? Grita pra todo mundo sair da piscina? Não, né, se esconde e pede desculpas pra quem notou o desastre e reza para que a pessoa tenha filhos e te compreenda.

Acho que entramos para a lista negra daquele lindo hotel-fazenda, porque nunca mais consegui encontrar vaga por lá, está sempre lotado.

E você, já passou por algo parecido?

Roberta Lippi

Roberta Lippi, jornalista, é mãe da Luísa (6 anos) e da Rafaela (3 anos). É uma das blogueiras mais antigas na área de maternidade e está sempre antenada nas discussões sobre educação e comportamento. Vive uma mistura de fases em casa, e rebola para conseguir não deixar cair nenhum pratinho. Sente que se tornou uma mãe muito melhor por causa da internet, lugar onde encontrou a informação de qualidade e a verdade que não achou nos livros e nos consultórios de pediatra. Prefere a linha do "equilíbrio", ou do "meio termo" na maioria das vezes, mas também sabe rodar a baiana quando acha que deve. www.mamatraca.com.br

UOL Cursos Online

Todos os cursos